4 fatores a considerar na hora de especificar vidros para fachadas
Definição de tipologia e espessura do vidro deve atender as exigências térmicas, acústicas e estéticas do projeto
A utilização dos vidros permite a conciliação de transparência, aproveitamento da luz natural e desempenho energético (foto: Anton Havelaar/shutterstock)
Nos últimos anos, o aperfeiçoamento tecnológico da indústria vidreira ampliou, e muito, as possibilidades para os projetos de fachadas envidraçadas. Um ganho importante foi a oportunidade de conciliar transparência e o aproveitamento da luz natural com desempenho energético. Surgiram os vidros de espectro seletivo de alta performance e os low-e (low emissivity glass) com refletividade externa entre 8% e 10% e transmissão luminosa entre 70% e 80%. Também apareceram os produtos que permitem o controle da privacidade e do nível de luz que entra nas construções. “É o caso dos vidros insulados, que podem ganhar persianas automáticas, e dos polarizados, que mudam a aparência de transparente para totalmente opaca com o toque de um botão”, cita Vera Andrade, coordenadora técnica da Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidros Planos (Abravidro).
“A evolução tecnológica aumentou consideravelmente a gama de produtos. Se antes tínhamos uma linha muito restrita, hoje temos vidros com diferentes apelos estéticos e técnicos, possibilitando a personalização do projeto”, diz Nilson Viana, coordenador de consultoria técnica da Cebrace.
Diante de tantas opções, especificar vidros para fachadas tornou-se uma tarefa mais complexa. Confira a seguir quatro pontos cruciais para uma escolha bem sucedida:
1- Controle de insolação
A localização geográfica do projeto, a orientação da fachada, o percentual de abertura e a variação climática são fatores a serem levados em conta em um projeto de fachada envidraçada. “O Brasil tem vasta área territorial que contempla várias zonas bioclimáticas com maior ou menor oferta de luz. Por isso, é preciso tratar o projeto de forma individual”, alerta Betânia Danelon, gerente técnica e comercial da Guardian Glass. Ela lembra que uma estratégia excelente para um empreendimento na região Sudeste, pode não ser a mais acertada para um projeto similar na região Nordeste.
A depender da necessidade de cada edifício, o projetista pode trabalhar diferentes composições de vidro (monolítica, laminado ou insulado). É possível, também, tirar proveito da adição de processos de serigrafia, vidros opacificados e de elementos externos e internos de sombreamento. Simulações energéticas e projetos de esquadrias bem definidos são aliados importantes dos arquitetos na hora de conceber uma fachada de vidro eficiente.
2- Segurança
Resistência, durabilidade e segurança são altamente influenciados pela espessura do vidro empregado na fachada. Essa medida é definida com base em cálculos de pressão de vento, em atendimento à ABNT NBR 6123: Forças devidas ao vento em edificações.
A ABNT NBR 7199 – Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações, revisada em 2016, determina o tipo de vidro adequado para cada aplicação, assim como a metodologia para o cálculo da sua espessura. A norma determina a obrigatoriedade da utilização de vidro de segurança nas aplicações verticais, tanto em ambientes externos quanto internos, instalado abaixo de 1,1 m em relação ao piso, em qualquer pavimento.
3- Conforto acústico
Além da segurança, a espessura do vidro também impacta o desempenho acústico da fachada. De modo geral, quando o foco é o controle de ruídos externos, o vidro insulado duplo oferece excelente grau de atenuação sonora. “O vidro laminado também pode apresentar bons resultados acústicos, quando combinados a esquadrias de alto desempenho instaladas por profissionais qualificados”, comenta Andrade. Nos casos em que o desempenho precisa ser elevado, uma combinação usual são caixilhos com vidros laminados com PVB acústico ou com vidros insulados, que já saem da fábrica com câmara de ar selada.
4- Sistema de fixação
No projeto de fachadas de vidro, uma etapa importante é a definição do sistema de fixação (perfis, ferragens, selantes etc.). Essa é uma tomada de decisão que deve considerar o tamanho, a espessura e o tipo de vidro escolhido, bem como os esforços que o sistema deverá suportar.
“Mas é essencial que a instalação obedeça aos parâmetros técnicos fornecidos pelos fabricantes. As fábricas de vidro possuem departamentos específicos de consultoria técnica que oferecem suporte para a especificação do vidro”, orienta Vera Andrade, da Abravidro.
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Colaboração técnica
- Vera Andrade – Engenheira de produção com MBA em marketing e vendas. É coordenadora técnica da Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidros Planos (Abravidro).
- Betânia Danelon – Arquiteta e urbanista, é gerente técnica e comercial da Guardian Glass.
- Nilson Viana – Engenheiro civil, pós-graduado em engenharia estrutural com MBA em gerenciamento de projetos. É coordenador de consultoria técnica da Cebrace.