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ABNT NBR 15210 | Norma de telha de fibrocimento sem amianto será revisada

Dividido em Partes 1 e 2, o texto da ABNT NBR 15210 foi revisado em 2019, mas ganhará novas emendas em 2024. Entenda!

Publicado em: 14/02/2024

Texto: Hosana Pedroso

(Foto: NATALLIA/Adobe Stock)

(Foto: NATALLIA/Adobe Stock)

O setor fabricante de telhas de fibrocimento sem amianto inicia 2024 com importantes novidades: a publicação de emendas no texto da norma “mãe” do produto, a ABNT NBR 15210 revisada em 2019, e o anúncio de revisão desta que é a 4ª versão do documento para este ano.

E mais, a Associação Nacional do Fibrocimento (ANF) e o Sindicato Nacional da Indústria dos Produtos de Cimento (Sinaprocim) atuam para que o Programa de Avaliação da Qualidade do Produto (PAQ), sob sua coordenação, evolua, em breve, para um Programa Setorial da Qualidade (PSQ) vinculado ao PBQP-H do Ministério das Cidades.

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De acordo com o coordenador técnico Sérgio Ikai, da ANF, a necessidade das correções foi identificada pelo PAQ ao longo de dois anos de ensaios em produtos participantes. “O programa se iniciou com a Telha Ondulada de Fibrocimento sem amianto - Grandes Ondas de 5 mm de espessura, escolhida pelo setor por ter maior participação no mercado”, explica.

Ele continua: "Observou-se que os valores historicamente constantes nas normas – construídas com base em normas internacionais –, alguns inclusive aplicados aos produtos contendo amianto à época, não eram aderentes com aqueles encontrados nos produtos fabricados no Brasil”.

O PAQ e a norma técnica

Entre os nove fabricantes de produtos de fibrocimento sem amianto, oito são produtores de telhas no país. Desses, seis participam com o produto alvo do PAQ. Em períodos de quatro meses, amostras de fabricantes são avaliadas nos laboratórios do Centro Cerâmico Brasileiro. O produto que comprovar conformidade com as normas técnicas recebe o certificado de qualidade concedido pelas entidades coordenadoras do PAQ.

“O salto do programa ainda interno do setor para um Programa Setorial da Qualidade depende de sua consolidação e da revisão da NBR 15210, que deve ser iniciada e concluída até o final de 2024”, diz Ikai. Ele não descarta a possibilidade de que sejam introduzidos novos ensaios para avaliar desempenhos específicos em face das mudanças das características dos cimentos atuais.

Telhas de fibrocimento empilhadas no canteiro de obras(Foto: Denys Rudyi/Adobe Stock)

É interessante lembrar que no início da década de 2000, o amianto começou a ser substituído na produção de telhas de fibrocimento e de outros produtos da construção civil. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal impôs um ponto final na polêmica, proibindo o uso do amianto em todo o país. Portanto, há quase 20 anos, os fabricantes iniciaram a migração da tecnologia de produção das telhas, substituindo o amianto por fibras sintéticas (PVA e prolipropileno).

“Esse processo levou alguns anos, pois implicou grandes investimentos na troca de boa parte dos equipamentos e máquinas”, conta. Paralelamente à introdução da nova tecnologia no Brasil, surgiu a primeira versão da norma técnica, de 2005, que se espelhou nas normas EN 494 e ISO 9933.

O que mudou na ABNT NBR 15210

O texto atual se divide em Parte 1: Classificação e requisitos e Parte 2: Ensaios, sendo que as emendas foram aplicadas em ambas. Na Parte 1, as correções foram:

a. Inclusão do termo descritivo "gerçura", utilizado para descrever pequenas fissuras superficiais inerentes ao processo de fabricação. Em seu processo de fabricação, as placas verdes são posteriormente onduladas, momento em que podem abrir gerçuras (palavra de origem francesa). “São pequenas fissuras superficiais que podem ocorrer nas telhas onduladas de fibrocimento no sentido longitudinal das cristas e dos flancos da face superior ou da face inferior. Elas são geradas por esgarçamento das películas superficiais da manta úmida durante a etapa de ondulação do processo de fabricação. E não comprometem a qualidade e o desempenho do produto por se restringir à camada superficial. Como há muito cimento, a tendência é, com o passar do tempo, as microfissuras se fecharem, por carbonatação”, expõe.

b. Correção de digitação na menção dos ensaios de tipos, onde estavam citados os ensaios de aceitação erroneamente. Esses ensaios são aplicados no controle de qualidade dos fabricantes. Os ensaios tipo, segundo Ikai, são pouco comuns nos materiais da construção civil, porém importantes quando o fabricante de fibrocimento pensa em introduzir alguma matéria-prima ou insumo novo na composição das telhas cujos efeitos não podem ser previstos. São ensaios complementares, que buscam simular o “envelhecimento acelerado” do produto. “Com isso, é possível avaliar se a modificação não irá afetar negativamente o desempenho de uma nova formulação de produto”, diz.

c. Correções de digitação de símbolos relacionados à altura de bordas ascendentes e descendentes, correções dos valores teóricos dimensionais e respectivas tolerâncias de projeto nos desenhos dos produtos do Anexo A.

Telhas de fibrocimento empilhadas no canteiro de obras(Foto: Maxim/Adobe Stock)

Já na Parte 2, foram feitos esclarecimentos quanto à forma de expressar os resultados de alguns ensaios pela média das medições, e correção da simbologia sobre "alturas de bordas" que se encontrava invertida.

“Faltava deixar claro no texto normativo os critérios para expressar o conjunto de medidas realizadas nas amostras. No caso específico da emenda, por exemplo, para altura de bordas, por ser tratar de um processo de produção seriada, há pequenas variações inerentes ao processo. Assim, o correto é aplicar a média dos valores medidos nas amostras e não considerar os valores individuais, que não representam a real variabilidade da característica no lote”, afirma Ikai, acrescentando que essas variações se devem a condições de ondulação e posicionamento da telha ainda não curada sobre o molde, entre outros fatores.

Colaboração técnica

Sérgio Ikai – É Geólogo pelo Instituto de Geociências da Universidade São Paulo com Mestrado em Tecnologia Cerâmica pela Universidade de Sheffield, Reino Unido. Foi pesquisador e gerente de P&D e Inovação na Saint-Gobain do Brasil Produtos Industriais e para Construção Ltda. – Divisão Brasilit. Trabalhou na área técnica da Alcoa/EMAS, na área de P&D de refratários na IBAR – Indústria. Brasileira de Artigos Refratários S.A e, no Departamento de Ensaios Físico-químicos da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). É coordenador Técnico e de Sustentabilidade da Associação Nacional do Fibrocimento, consultor técnico junto à empresas do setor, participante de Comissões de Estudos de Normas Técnicas da ABNT do CB-018, CEE-246 e CB-002, membro da Coordenação do PAQ - Programa de Avaliação da Qualidade de Telhas de Fibrocimento Sem Amianto.