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Aço patinável alia beleza e alta resistência à corrosão

Solução tem ótimo desempenho quando especificada para estruturas que ficam expostas às intempéries. Por seu visual rústico, também é bastante aproveitada em projetos de design

Publicado em: 11/09/2019

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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O aço patinável é bastante empregado pela arquitetura como diferencial estético devido a seu aspecto metalizado que garante  visual rústico para o ambiente (foto: Albert Noib/ Shutterstock)

Amplamente empregado em estruturas expostas às intempéries, o aço patinável tem propriedades anticorrosivas graças à incorporação de alguns materiais em sua composição. “São pequenas adições de elementos de liga, como cobre, cromo, níquel, fósforo, silício e manganês”, enumera a química Anna Ramus Moreira, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT).

A propriedade anticorrosiva é a principal característica que diferencia a solução de outros tipos de aço, como o carbono
Anna Ramus Moreira

Esses componentes modificam as propriedades do aço, tanto as mecânicas quanto as de resistência à corrosão atmosférica. “A propriedade anticorrosiva é a principal característica que diferencia a solução de outros tipos de aço, como o carbono”, afirma. Além das denominações patinável e aclimável, a solução é principalmente conhecida como corten na construção civil — nomenclatura que se refere a uma marca comercial, mas bastante usada para indicar esse tipo de produto.

Quando usar

Quando exposto às condições adequadas, o material cria uma película de óxido (pátina) aderente e protetora, responsável por reduzir a velocidade de ação dos agentes corrosivos. Apesar dessa particularidade, o processo de fabricação do corten é bastante semelhante ao do aço-carbono.

Em situações de molhamento contínuo ou imersão total, o efeito benéfico da adição dos elementos de liga não é suficiente para justificar sua utilização
Anna Ramus Moreira

Para atingir a melhor resistência à corrosão, é necessário que o material seja exposto a condições de molhamento e secagem intermitentes. “Em situações de molhamento contínuo ou imersão total, o efeito benéfico da adição dos elementos de liga não é suficiente para justificar sua utilização”, explica Moreira. Ou seja, seu uso somente deve ser considerado quando a estrutura permanecerá exposta à atmosfera e sujeita ao ciclo de molhamento e secagem, como em locais desabrigados.

Com isso, o material pode ser aproveitado, por exemplo, em obras de pontes, viadutos ou torres de transmissão. Ele também é especificado para construções realizadas próximas do litoral e em grandes cidades que têm alta concentração de dióxido de enxofre na atmosfera — um dos gases emitidos pelos automóveis. Outro benefício é a alta durabilidade, que reduz as necessidades de manutenção.

Elemento estético

Além de elemento estrutural, o aço patinável é bastante empregado pela arquitetura como diferencial estético. Devido ao tom avermelhado — resultante da película protetora —, o material tem seu espaço em projetos de decoração. Quando usado como revestimento, o aspecto metalizado proporciona visual rústico para o ambiente. Interessante para áreas internas, o corten também costuma ser especificado para fachadas.

Se empregado em ambientes internos, a pátina não se desenvolve. Com isso, o desempenho será semelhante ao do aço comum e, assim, a escolha se justifica somente pela questão estética. Outra possibilidade é na produção de peças de mobiliário, executadas a partir do patinável. É comum, por exemplo, ser usado na elaboração de esculturas e outros objetos decorativos.

Os itens de mobiliário em patinável demandam apenas limpeza frequente, com a utilização de produtos neutros. Em situações em que o objeto está posicionado na passagem de transeuntes, é interessante a aplicação de alguma proteção que evite contato direto. Essa precaução previne que roupas ou mesmo a pele sejam manchadas pelo óxido do metal.

Demais vantagens

Apesar da incorporação de elementos de liga, a resistência mecânica do patinável não costuma ser amplificada. “A diferença não é significativa e, dependendo dos componentes, pode ser ainda inferior”, informa a pesquisadora. O peso específico é outra característica que se assemelha ao aço-carbono, com ambos tendo 7850 kg/m3. Com isso, a especificação da solução com propriedade anticorrosiva não demanda alterações significantes no projeto.

Vantagem também importante do corten é que, assim como os demais tipos de aço, ele pode ser encaminhado para reutilização no momento do descarte. Totalmente reciclável, o material é derretido e aproveitado na confecção de novas peças. Além de reduzir o uso desnecessário de matéria-prima, essa prática consome menos energia do que a fabricação convencional e também diminui a quantidade de resíduos encaminhados aos aterros.

Em situações em que a pátina é devidamente criada, esse tipo de aço dispensa completamente a necessidade de pintura para proteção contra corrosão, o que pode resultar em certa economia financeira e menor tempo para execução da obra. “Destacando que isso acontece somente se o material for exposto à atmosfera e sujeito a condições de molhamento e secagem”, finaliza Moreira.

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Colaboração técnica

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Anna Ramus Moreira — Possui bacharelado em Química e graduação em Química Industrial, ambos pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), e mestrado em Engenharia de Materiais pela USP. É pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) desde 1991. Tem experiência na área de Química e Engenharia de Materiais, com ênfase em corrosão e revestimentos metálicos e orgânicos. Atua principalmente nos seguintes temas: corrosão, tratamentos de superfície, lixiviação de produtos de corrosão em dutos de transporte de etanol, corrosão atmosférica, ligas zinco/alumínio, biocombustíveis, inibidores voláteis de corrosão e restauro. Coordena projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, presta assessoria em corrosão e proteção e presta serviços tecnológicos para o setor produtivo.