Acústica e arquitetura sustentável
Entenda o que é esse conceito, como pode ser aplicado e qual é sua relação com a acústica
O principal desafio do projeto da EDP Renováveis era criar um ambiente acusticamente sustentável (Foto: Renato Navarro)
Você sabia que a construção civil é uma das principais responsáveis pelos impactos ambientais no mundo? Além do grande consumo de recursos naturais, essa atividade ainda gera uma quantidade enorme de resíduos. Pensar, desenvolver e implantar projetos sustentáveis, com uma gestão eficiente de recursos e resíduos, pode minimizar esse impacto ambiental, além de influenciar positivamente na qualidade de vida do usuário do edifício.
“A arquitetura sustentável deve levar em conta os pilares econômico, ambiental e social. Qualquer construção com essa pretensão deve ser viável economicamente, minimizar os impactos ambientais e, ainda, promover o desenvolvimento sociocultural em sua esfera de influência”, explica Guilherme Morganti, arquiteto associado e coordenador de projetos da Leonetti Piemonte Arquitetura.
O que caracteriza um projeto de arquitetura sustentável?
Embora algumas práticas se confundam com os fundamentos básicos de uma boa arquitetura, algumas diretrizes de concepção de projeto podem resultar na obtenção dos chamados selos e certificações de edifícios sustentáveis (veja abaixo quais são).
De acordo com Morganti, entre as várias estratégicas que podem ser adotadas, está a busca do conforto ambiental por meio da iluminação e da ventilação naturais. “Quando isso não for possível, podemos recorrer a artifícios tecnológicos, como a iluminação LED e os sistemas de automação, além da utilização de energia solar (ou de outra fonte renovável) e do reúso de recursos hídricos locais, por exemplo”, lembra o arquiteto.
Já na etapa de especificação, há uma diversidade de produtos e fornecedores que apresentam materiais e práticas de operação sustentáveis, priorizando a preservação dos recursos, a contratação de fornecedores locais e a movimentação da economia de forma a beneficiar comunidades próximas.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado nas etapas de obra e pós-obra, levando em conta os fatores sociais dos funcionários envolvidos, como as condições de trabalho e de saúde, o período de atividade e o emprego de mão de obra local. A infraestrutura para operação de obra também pode ser direcionada para os conceitos de energias renováveis, reúso hídrico, além de respeito ao entorno e à comunidade.
Para solucionar esse problema, o principal produto utilizado foi o illtec, modelo Baffle 3D Rondo (Foto: Renato Navarro)
Certificações e critérios de avaliação
As principais certificações e selos para construção sustentável são:
• AQUA (Alta Qualidade Ambiental do Empreendimento);
• BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method);
• Selo Casa Azul;
• DGNB (Deutsche Gesellschaft für Nachhaltiges Bauen);
• LEED (Leadership in Energy and Environmental Design);
• Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações (Procel Edifica)
• Qualiverde
Os principais critérios avaliados nessas cerificações são:
• Gestão ambiental das obras e especificidades técnicas e arquitetônicas;
• Relação do edifício com seu entorno e qualidade urbana;
• Canteiro de obras, que deve ter baixo impacto ambiental;
• Gestão da energia, da água e dos resíduos de uso e operação do edifício; manutenção e permanência do desempenho ambiental e de conforto.
Como a acústica pode impactar na sustentabilidade?
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o ruído sonoro é considerado a terceira causa de poluição do planeta, atrás apenas da poluição do ar e da água. Por isso, o conforto acústico está totalmente ligado ao conceito de ambiente sustentável.
Um ambiente sustentável é um ambiente saudável e de alto rendimentoAdriana Licciardi
Além dos problemas relacionados à saúde dos usuários e da vizinhança, a experiência acústica é determinante para gerar ambientes confortáveis e produtivos. Um escritório que não atinja o conforto sonoro mínimo para que o funcionário consiga exercer sua atividade com foco e atenção, ou uma sala de reunião onde existam interferências dos ruídos externos, são locais de baixo desempenho e pouca funcionalidade.
“Um ambiente sustentável é um ambiente saudável e de alto rendimento. Deve proporcionar boa inteligibilidade da fala e ausência de ruídos, criando uma sensação de bem-estar para os usuários”, observa Adriana Licciardi, arquiteta especificadora da Sonex, empresa do Grupo Saint-Gobain.
Soluções acústicas
A sanca no gesso da recepção é o ponto central da entrada
do escritório (Foto: Renato Navarro)
Do ponto de vista acústico, o isolamento do edifício e do ambiente por meio dos revestimentos de parede com boas propriedades acústicas – como lãs de vidro – e do emprego de produtos de absorção sonora – como forros minerais, forros de lã de vidro e espumas de melamina –, também são estratégias importantes em projetos dessa natureza.
Uma das opções de produtos existentes no mercado é o illtec, da Sonex. Com excelente absorção acústica (NCR 0,90), seu uso pode contribuir para a obtenção de créditos nos critérios de iluminação natural e paisagem, performance acústica, consumo de energia e conforto térmico das certificações.
Disponível em diversos formatos geométricos, o produto une absorção acústica e design inovador, permitindo que os profissionais ousem nas cores, nas modulações e no tipo de instalação. Os diversos modelos do illtec, podem ser colados diretamente em lajes e forros de gesso – e até mesmo ser suspenso por perfis de estruturas auxiliares. “Por isso, pode ser usado em diferentes tipos de projeto, inclusive compondo um design diferenciado junto com a iluminação, como o caso do EDP (ver abaixo)”, conta Licciardi.
Acústico e estético
Criar um ambiente acusticamente sustentável, onde as múltiplas necessidades de níveis de concentração e de privacidade dos vários ambientes do escritório pudessem ser atendidas, era o principal desafio do projeto da EDP Renováveis, em São Paulo.
Criamos uma sanca no gesso da recepção como ponto central da entrada do escritório. Os baffles foram posicionados de modo a proporcionar uma sensação de ‘cachoeira’ de cilindros, criando uma forma escultórica que virou referência no acesso principalGuilherme Morganti
Para solucionar esse problema, o principal produto utilizado pelo Leonetti Piemonte Arquitetura, escritório responsável pelo projeto, foi o illtec, modelo Baffle 3D Rondo. “Criamos uma sanca no gesso da recepção como ponto central da entrada do escritório. Os baffles foram posicionados de modo a proporcionar uma sensação de ‘cachoeira’ de cilindros, criando uma forma escultórica que virou referência no acesso principal”, explica Morganti.
Junto aos baffles em cilindro, também foram utilizadas luminárias, que se assemelham na forma e na cor em relação aos volumes, proporcionando um efeito visual interessante. “A utilização desse ponto do escritório, tanto pelo fato da ótima absorção acústica resultante dos baffles da Sonex, quanto pela iluminação pontual, criou um ambiente confortável e tranquilo na recepção”, completa o arquiteto.
Colaboração técnica
- Adriana Licciardi – arquiteta especificadora da Sonex, empresa do Grupo Saint-Gobain.
- Guilherme Morganti – arquiteto associado e coordenador de projetos da Leonetti Piemonte Arquitetura.