Aditivos melhoram propriedades e aplicações do concreto
Substâncias modificam estado fresco e endurecido do material, influenciando as proporções de mistura e garantindo redução de custos e baixa permeabilidade
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Os aditivos para concreto são incorporados na mistura entre cimento, água, areia e brita para proporcionar características especiais ao concreto. Essas substâncias alteram as propriedades do material no estado fresco e endurecido, sendo exploradas para ampliar as qualidades e minimizar desvantagens da mistura.
O concreto aditivado pode ter sua trabalhabilidade, resistência, compacidade, entre outras propriedades, melhoradas, bem como permeabilidade, retração e absorção de água reduzidas”, diz Mario Sérgio Guilge, mestre em Engenharia Civil com formação em química e responsável pelas áreas comercial e de produto da Hagen do Brasil.

Os aditivos para concreto são misturados com o cimento, a água e os agregados (tiverylucky/ Shutterstock.com)
Algumas das substâncias utilizadas na composição do concreto aditivado são os superplastificantes, retardadores de pega, aceleradores de pega e incorporadores de ar, entre outros. O preparo pode ser feito tanto em centrais, no modelo de concreto usinado, quanto nos canteiros de obras.
APLICAÇÕES ESPECIAIS
O uso de aditivos permite aplicações que seriam inviáveis por meio da mistura convencional. Uma delas é o concreto projetado, muito utilizado em construções subterrâneas, cujos aditivos proporcionam secagem rápida ao concreto, facilitando sua adesão e dispensando o uso de fôrmas para conter o selamento da superfície.
O concreto aditivado pode ter sua trabalhabilidade, resistência, compacidade, entre outras propriedades, melhoradas, bem como permeabilidade, retração e absorção de água reduzidasMario Sérgio Guilge
Os aditivos utilizados nessa aplicação podem ser cloretos de cálcio, formiatos, trietanolaminas, silicatos e carbonatos, que aceleram o tempo de desenvolvimento de resistência e de pega do concreto. Eles estão disponíveis em estado líquido ou em pó, o que exige escolha de acordo com o processo de aplicação. “O concreto projetado em via úmida utiliza, na maioria dos casos, aceleradores de pega líquido”, exemplifica Guilge.
Outra aplicação diferenciada que os aditivos permitem é a do concreto submerso, em ambientes subaquáticos de água doce ou salgada. “São utilizados em paredes de diafragma e tubulões”, exemplifica o engenheiro da Hagen, citando, ainda, o seu uso em estruturas de contenção, barragens e portos, entre outros.
Os aditivos utilizados para esse tipo de concreto são os polímeros de celulose, antisegregantes, superplastificantes e redutores de água. As substâncias proporcionam maior coesão ao concreto, impedindo a dispersão dos grãos em contato com a água.
MENOR CONSUMO
Aditivos redutores de água otimizam a trabalhabilidade do concreto e reduzem o consumo dos componentes do material. “A resistência mecânica do concreto é elevada significativamente, proporcionando um ajuste nas proporções de mistura e reduzindo o teor de cimento empregado”, explica Guilge.
“Com a aplicação de aditivos químicos especiais, é possível reduzir o volume de água de 200 L/m³ para 160 L/m³, sem perda de durabilidade e qualidade do material”, conta Marcelo Henriques, engenheiro civil e gerente de vendas sênior de químicos para construção da BASF. “São concretos mais duráveis que atendem as classes de agressividade ambiental pela NBR 6118, garantindo vida útil máxima para a estrutura”, acrescenta Holger Schmidt, doutor em engenharia e gerente de produto da MC-Bauchemie no Brasil.
Com a aplicação de aditivos químicos especiais, é possível reduzir o volume de água de 200 L/m³ para 160 L/m³, sem perda de durabilidade e qualidade do materialMarcelo Henriques
Os aditivos superplastificantes reduzem em até 40% o conteúdo de água, otimizando a trabalhabilidade do concreto e facilitando a aplicação, enquanto os hiperplastificantes podem reduzir mais de 50% de água e requerem baixo conteúdo de cimento. Já os plastificantes convencionais reduzem em 8% a quantidade de água, mantendo a trabalhabilidade e resistência da mistura, com limitação de dosagem para não interferir no início de pega do concreto.
“Há, ainda, os aditivos retardadores de pega, que possuem a mesma capacidade de corte de água de um plastificante convencional, porém com extensão do início ao fim de pega do concreto”, completa Henriques. Esse tipo de aditivo é mais recomendado para ambientes de alta temperatura e situações de grande distância entre o local de dosagem e de aplicação.
“A relação entre custo e benefício do emprego dos aditivos na fabricação do concreto pode ser percebida no corte de água. Dessa forma, o preço do metro cúbico de concreto tende a ser menor e suas características de desempenho, ampliadas”, observa Guilge.
REDUÇÃO DE CUSTOS
Além de reduzir o consumo de materiais na etapa de construção, os aditivos também estendem a durabilidade do projeto, proporcionando economia em longo prazo. “O emprego de muitos tipos de aditivos pode aumentar significativamente a vida útil das estruturas de concreto, reduzindo o número de intervenções de reparo que seriam feitas”, esclarece o engenheiro da Hagen.
Feito com diversos tipos de aditivo, o concreto leve possui agregados de baixa massa específica (menor que 2.000 kg/m³) e permite reduzir a carga e aliviar esforços exercidos sobre as estruturas onde é aplicado. “Tal fator também reduz custos de transporte e de montagem, entre outros”, aponta Guilge.
BAIXA PERMEABILIDADE
Com o uso de aditivos que reduzem a relação água-cimento, como superplastificantes, hiperplastificantes e redutores de água, é possível fabricar o concreto impermeabilizante. De baixa permeabilidade, esse tipo de concreto também pode ser feito com cristalizantes à base de silicatos e polímeros acrílicos.
O concreto celular é outro exemplo de concreto aditivado que apresenta característica impermeável. Feito com aditivo surfactante incorporador de ar, ele pertence à família de concreto leve e proporciona isolamento térmico e acústico.
Colaboração técnica
- Holger Schmidt – doutor em engenharia pela Universidade Técnica de Hamburgo, na Alemanha. É gerente de produto da MC-Bauchemie no Brasil.
- Marcelo Henriques – Engenheiro civil e gerente de vendas sênior de químicos para construção da BASF.
- Mario Sergio Guilge – Químico de formação com mestrado na área de Engenharia Civil (Materiais). Foi, por muitos anos, pesquisador do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e da indústria de cimento. Hoje, é responsável pelas áreas de produto e comercial da Hagen do Brasil.