Conheça as funções da alvenaria de embasamento
Entenda o papel da alvenaria de embasamento e veja por que é fundamental dedicar atenção especial à impermeabilização do elemento e, também, das vigas baldrame
(Foto: Oleksandr/Adobe Stock)
Normalmente executada em tijolo maciço ou bloco estrutural, a alvenaria de embasamento parte do nível da fundação, como viga baldrame e radier, até o do primeiro pavimento a ser executado. O elemento constitui uma base nivelada, a partir da qual serão executadas as alvenarias de fechamento. “Nesse ponto, é possível optar por contrapiso ou caixão perdido. O recurso do caixão perdido, uma laje sobre o embasamento devidamente estruturado, evita recorrer ao aterro do terreno”, explica o consultor de engenharia Denilson Rodrigues.
Obras que adotam o sistema de cargas lineares, como as de alvenaria estrutural ou painéis monolíticos, podem ter fundações estaqueadas, sapatas ou radier, dependendo da topografia do terreno (aclive/declive). São complementadas por alvenaria de embasamento estruturadas para poderem ter, também, a função de contenção para suportar o empuxo lateral, proveniente de um corte ou aterro. “A partir daí vem a execução da laje sobre canaletas ou vigas no nível/cota do pavimento mais baixo”, diz.
Outra finalidade da alvenaria de embasamento é elevar o contrapiso, para a passagem das redes de utilidades, principalmente das tubulações da rede de esgoto e águas pluviais. Com algumas fiadas a mais de tijolos, se obtém altura suficiente sob o contrapiso. “É uma solução interessante para não ter que passar a tubulação sob as vigas baldrame, o que vai levá-la para um ponto muito baixo. Ao passar os dutos entre a viga e o contrapiso, a hidráulica terá um caimento ideal até a rede pública na rua”, acrescenta Rodrigues.
Hoje, é mais comum utilizar blocos de concreto estrutural, principalmente quando a obra opta por caixão perdido ou quando a alvenaria de embasamento cumpre a função de contenção. “São vários sistemas utilizados em conjunto para solucionar determinadas exigências”, observa. No passado, essa alvenaria era feita somente com tijolo maciço, para evitar a umidade comum nessas áreas.
Impermeabilização
O engenheiro lembra que é essencial a impermeabilização da alvenaria de embasamento e da viga baldrame, com manta ou betume. “O recurso deve ser aplicado até o nível acima da terra, de modo a evitar a transferência de umidade ascendente para a alvenaria da casa”, enfatiza.
A falta ou a incorreta execução da impermeabilização pode acarretar infiltração por capilaridade, criando patologias nas paredes e rodapés. “É como se a alvenaria de fechamento ‘chupasse’ a umidade do solo”, compara Rodrigues.
Como calcular
A alvenaria de embasamento empregada como elemento de transição entre a viga baldrame e a alvenaria de fechamento não tem a função de transferência de carga para a fundação. Esse papel cabe aos pilares. Ela sustenta apenas o peso das paredes da alvenaria de fechamento, o que é uma pequena carga secundária.
“Mesmo que as paredes sejam erguidas com tijolo cerâmico, o ideal é executar a alvenaria de embasamento com material um pouco melhor, resistente, como bloco de concreto estrutural ou semi-estrutural seguido da impermeabilização”, orienta, alertando que o conhecido “tijolinho baiano” não é indicado.
No entanto, quando o projeto utiliza alvenaria estrutural ou painéis monolíticos e diante da necessidade da utilização da alvenaria de embasamento, ela deverá ser calculada como parte integrante da estrutura, pois conduzirá as cargas até a fundação. “É preciso, nesse caso, adotar material equivalente ao da alvenaria estrutural (bloco de concreto ou cerâmico) ou painel monolítico”, destaca.
Quando é dispensável
Há situações de obra, determinadas pelo projeto estrutural, que considera o nível de dificuldade, as cotas do terreno e as exigências da arquitetura, que dispensam o emprego da alvenaria de embasamento. Rodrigues dá como exemplo as construções em áreas sujeitas a alagamentos devido às chuvas.
“Nesses casos, é comum construir acima da rua, algo entre 0,50 m a 1,00 m, dependendo do caso), elevando toda a fundação. A área periférica da fundação deve ser confinada, com uma alvenaria de contenção, e aterrada. Ou, então, com a criação de um caixão perdido, utilizando uma laje”, explica Rodrigues.
Em obras executadas em terrenos em desnível, geralmente surgem várias demandas, como contenção, muro de arrimo e embasamento, que podem ser resolvidas com uma mesma alvenaria.
“Destaco que a alvenaria de embasamento deve sempre considerar a questão das solicitações de cargas envolvidas e, também, a necessidade de impermeabilização”, conclui o especialista, lembrando que não há norma técnica específica para alvenaria de embasamento, recurso que se pauta por outras normativas, como a de concreto e a de alvenaria estrutural.
Colaboração técnica
- Denilson Rodrigues – É engenheiro civil formado pela Universidade de Mogi das Cruzes – UMC (1996). Atua no mercado da construção civil há 42 anos, como consultor em engenharia estrutural para obras em concreto, alvenaria estrutural e painéis monolíticos em EPS.