Andaimes: estruturas versáteis, da construção civil ao mercado de eventos
Recuperação de fachadas e construção civil são exemplos clássicos do uso dos andaimes, mas esses equipamentos também estão presentes nas indústrias naval e aeroportuária e no setor de eventos
A utilização de andaimes no Brasil evoluiu muito. Além da melhora do material que compõe os tubos para essas estruturas, hoje elas têm múltiplos empregos, e podem ser usadas tanto na manutenção e na fabricação de plataformas de petróleo como na construção de navios em estaleiros, na fabricação e na manutenção de aeronaves, e até mesmo na montagem de arquibancadas, palcos e estruturas para som e camarotes em grandes eventos.
No Brasil, uma norma regulamentadora, a NR-18 do Ministério do Trabalho, alerta para os procedimentos que devem ser cumpridos para assegurar condições para os trabalhadores que fazem uso desse equipamento. “Como sua fabricação segue normas europeias e conta com o auxílio de uma consultoria alemã, o sistema de andaimes da Tuper possui alta resistência e durabilidade”, explica Luiz Claudio Gayer Schuves, gerente comercial da linha de andaimes e escoras metálicas da marca.
Instalada em Santa Catarina, a Tuper é uma das 500 maiores empresas do Brasil, segundo o Anuário Exame 2013. Faturou 1,565 bilhão de reais em 2013 e vem crescendo em média 22% ao ano nos últimos doze anos. Atualmente, emprega 2.500 profissionais e dispõe de uma rede logística e comercial distribuída por 26 filiais no país. A Tuper tem quatro unidades industriais e capacidade produtiva de 480.000 toneladas de aço/ano.
Entre o público para o fornecimento de andaimes, destacam-se as locadoras e grandes construtoras. A Tuper trabalha com o sistema de andaimes fachadeiro e o multidirecional. “No multidirecional, o sistema é por encaixe. Ele é utilizado em plataformas de petróleo, em estaleiros e no setor aéreo. Já o fachadeiro é empregado na construção predial e em linhas de escoras, atendendo as construtoras”, explica o gerente.
Segundo Schuves, o Ministério do Trabalho proibiu o uso de alguns tipos de andaime por razões de segurança. Para o gerente, o andaime pode ter o dobro da produtividade quando o trabalho é realizado em fachadas. “Atualmente, nossos andaimes estão trabalhando em catorze edifícios com o que chamamos de envelopamento, que é quando o andaime toma conta de toda a fachada”, explica.
Segurança e inovações
“Nossa intenção no Brasil era justamente fazer o mercado evoluir e modernizá-lo”
Na opinião do gerente da Tuper, duas principais questões devem ser observadas por quem for contratar o serviço: se o equipamento adquirido está de acordo com a NR-18 e se o tipo de aço, o diâmetro e a espessura dos tubos são galvanizados a fogo ou pintados. “Nosso material, por exemplo, tem boa durabilidade por atender a esses requisitos.
Quando andaimes trabalham com concreto e argamassas, precisam ser limpos e pintados, mas, quando são galvanizados, a lavagem já resolve”, completa Schuves. Entre as vantagens de utilizar tais estruturas no lugar das plataformas aéreas estão a segurança e a produtividade. “Com os andaimes é possível trabalhar em vários níveis”, diz.
Esses equipamentos ganharam amplo uso na Alemanha, no pós-guerra, na reconstrução de prédios e monumentos destruídos. De lá para cá, muita coisa mudou. A ideia que muitos têm a respeito deles, de que os tubos são mal colocados e tábuas servem como piso, por exemplo, é um pouco em função do atraso com que as atualizações chegaram ao Brasil.
Presente no país desde 2002, a Entrepose é uma empresa francesa cuja história foi iniciada em 1935. “Nossa intenção no Brasil era justamente fazer o mercado evoluir e modernizá-lo”, explica Rui Esteves, diretor da companhia, que tem matriz em Belo Horizonte e filiais em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Rui explica que no país se utilizavam, principalmente, três tipos de andaime: o tubo/braçadeira, o encaixe e o fachadeiro. “O tubo/braçadeira era um equipamento usado na Europa trinta anos atrás”, conta o diretor. “Na Europa, consideramos uma grande evolução no uso de andaimes a chegada dos pisos metálicos”, completa.
O diretor explica que os pisos metálicos, de encaixe, chegaram para substituir as madeiras, que durante muito tempo foram as maiores causadoras de acidentes no uso de andaimes, já que, molhadas, apodreciam, oferecendo grande risco aos trabalhadores. Atualmente, existe muita tecnologia por trás dos pisos. “Enquanto uma prancha apoiada a cada metro e meio pode suportar um peso de até 150 quilos, um piso metálico com dois apoios distantes de 3 metros, por exemplo, pode suportar até 450 quilos”, relata. Os pisos metálicos passaram a ser rotina na Europa a partir dos anos 80.
“A nova geração de inovações são as escadas inclinadas, que funcionam como uma escada normal de acesso, no lugar das escadas verticais, que também oferecem risco ao trabalhador devido à inércia da pessoa, que puxa o corpo para fora do apoio”, revela o diretor. Segundo Esteves, o chamado “guarda-corpo de segurança e montagem” é outra inovação, cujo foco é garantir a segurança do montador da estrutura. “A montagem acontece no piso metálico, do inferior para o superior, e não há a necessidade de subir e ficar pisando nos tubos. A montagem acontece de baixo para cima, sem possibilidade de queda”, explica.
“O foco da nossa empresa é a segurança. Para garantir isso, são muito importantes o desenvolvimento de projetos e as certificações externas do andaime utilizado. Também queremos avançar no que tange às normas e à formação. Temos, inclusive, um canal no YouTube com dicas sobre montagem e segurança”, informa.
Apontando as diferenças entre o Brasil e o Velho Continente, o diretor também conta que na Europa existem escolas para o treinamento de montagem, o uso, a verificação e a concepção de andaimes.
Nos Estados Unidos, existem instituições similares, a exemplo do Scaffold Training Institute, no Texas, que desde 1991 já treinou 250.000 trabalhadores.
Plataforma ou andaime?
Embora empregar uma plataforma aérea possa ser mais caro, para o diretor da Entrepose, ter de decidir entre um equipamento ou outro é um falso dilema. “A plataforma é um equipamento relativamente novo no mercado brasileiro, e deve ser vista como um complemento”, afirma Rui.
Numa explicação objetiva, o contratante deve compreender sua demanda.
“Uma plataforma é adequada, por exemplo, para um trabalho em altura que exija rapidez, como a troca de uma telha”, diz o diretor. “Se for um trabalho demorado, que necessite de um maior número de pessoas, sem dúvida o andaime é o mais indicado”, aconselha. “Eu diria que a plataforma é recomendada para resolver problemas pontuais.”
Colaboraram para esta matéria
- Luiz Claudio Gayer Schuves – gerente técnico comercial da linha de andaimes e escoras da Unidade Sistemas Construtivos da Tuper S.A., onde, além de gerenciar a equipe comercial em nível nacional, presta suporte técnico. Possui graduação em engenharia civil pela Universidade Federal do Paraná (1993) e pós-graduação em planejamento e gestão ambiental na Universidade do Estado de Santa Catarina (2011).
- Rui Esteves – Engenheiro mecânico. De 1991 a 1992, foi projetista da Entrepose Echafaudages e, até 1997, integrou o setor comercial na filial de Paris. De 1997 a 2002, foi responsável pelas atividades técnicas e comerciais da mesma empresa na Península Ibérica, Caribe e América do Sul. A partir de 2002, passou a ser o responsável pelas atividades técnicas e comerciais da Entrepose no continente, com o desenvolvimento de uma atividade fabril, técnica e comercial específica para o mercado brasileiro. De 2006 até hoje, além de ser o responsável pelas atividades técnicas e comerciais da Entrepose Echafaudages para América do Sul, é diretor-geral da Entrepose Andaimes no Brasil.