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Argamassas estruturais e grautes permitem preencher vazios de concretagem

Conhecidas também como bicheiras, manifestações patológicas consistem em espaços não preenchidos no concreto. Saiba como corrigi-los

Publicado em: 22/10/2020

Texto: Juliana Nakamura

vazios de concretagem
Em caso de vazios sem exposição das ferragens, o reparo pode ser feito com aplicação de argamassa estrutural e grautes de consistência fluída (foto: shutterstock/Dmitriev Mikhail)

Os vazios de concretagem são manifestações patológicas que surgem quando não ocorre o preenchimento adequado de elementos de concreto (pilares, vigas, lajes ou paredes). As consequências desse problema podem ser de ordem estética, demandando o uso extra de materiais para revestimento, como também comprometer a capacidade de suporte e a durabilidade da estrutura. Em casos mais graves, essas falhas podem levar à segregação do concreto e expor as armaduras, levando à corrosão e ao colapso da estrutura.

COMO EVITAR VAZIOS DE CONCRETAGEM?

“Um controle de dosagem rigoroso, associado a um plano de concretagem adequado e a boas práticas na hora do lançamento e do adensamento são chaves para evitar os vazios no concreto armado”, comenta o engenheiro Rubens Curti, especialista da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). Nesse sentido, a adição de aditivos plásticos para tornar o concreto mais fluído e a preferência pelo concreto autoadensável podem contribuir para evitar falhas, especialmente em concretagens mais difíceis.

Situações de concretagem mais suscetíveis ao aparecimento de bicheiras devem receber atenção redobrada. É o caso de locais que precisam que o lançamento do concreto aconteça a alturas superiores a 3 m ou em áreas com juntas frias e pontos de descontinuidade das fôrmas.

A etapa de vibração do concreto também deve ser cuidadosa. “Quando excessiva, a vibração da mistura pode levar à segregação de componentes. Já quando a vibração é insuficiente, a homogeneidade do concreto e sua distribuição sobre as fôrmas ficam comprometidas”, explica o engenheiro Egydio Hervé Neto, consultor em tecnologia de concreto. Ele conta que bicheiras podem ocorrer, ainda, quando os moldes não são estanques e há o escorrimento da nata de cimento por frestas, gerando acúmulo de brita na parte superior.

TRATAMENTO DE BICHEIRAS

O tratamento de vazios de concretagem é necessário para garantir a segurança da estrutura. Afinal, além de implicar em redução de seção de uma peça, a falta de concreto pode desproteger do aço.

A definição da melhor estratégia para corrigir o problema depende da sua gravidade. Os vazios são considerados pequenos quando apresentam cavidades dispersas de até 3 cm de profundidade ou largura. Qualquer vazio maior que isso requer um tratamento mais sofisticado. Há casos, inclusive, que o comprometimento do elemento é tal que a única saída viável é a reconstrução total da peça.

Na maior parte dos casos, quando não há exposição das ferragens, o reparo pode ser realizado com aplicação de argamassa estrutural e grautes de consistência fluída. É fundamental, porém, garantir que a parte refeita possua características semelhantes às do concreto original e a aderência entre o material novo e o existente seja apropriada.

A indústria disponibiliza uma ampla diversidade de argamassas estruturais à base de cimento, polímeros e fibras, além de grautes eficazes para esse tipo de reparo. Mas atenção: cada solução deve ser especificada em função das características e da profundidade da correção a ser feita. Há produtos indicados para intervenções superficiais, enquanto outros são mais apropriados para reparos mais profundos, com profundidade superior a 5 cm.

A aplicação dos produtos para preenchimento de vazios de concretagem costuma ser simples, mas não pode prescindir de alguns cuidados. O substrato de aplicação, por exemplo, deve estar limpo, íntegro e seco. Também é recomendável delimitar a área de reparo e remover o material deteriorado até atingir o concreto íntegro, e utilizar apenas moldes estanques. Para a diluição dos produtos, quando aplicável, é imprescindível seguir as orientações do fabricante, assim como respeitar o tempo de cura.

Em casos extremos, com vazios de grande extensão, é possível que o elemento de concreto prejudicado apresente resistência inferior à prevista em projeto. Para essas situações, a orientação é realizar uma verificação de resistência e se há a necessidade de realizar algum reforço estrutural.

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