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Asfalto-borracha garante vias mais seguras e duráveis

Fabricado com pó de pneu moído, o material melhora o tráfego sobre a pista e apresenta maior resistência ao desgaste em comparação com a solução convencional. Preço por tonelada é mais elevado<br>

Publicado em: 27/06/2017Atualizado em: 28/02/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

O asfalto-borracha é um revestimento de pavimento constituído de cerca de 14% de pó de pneu moído. Por pertencer à linha de asfaltos modificados, também é conhecido como AMB – asfalto modificado por borracha. No entanto, a nomenclatura do material varia muito no mercado. “Algumas indústrias nacionais o disponibilizam com nome de batismo da fábrica para concessionárias, órgãos públicos e outros clientes”, aponta Rubens Vieira, pesquisador da área de pavimentos da seção de geotecnia do Centro de Infraestrutura de Obras do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

O pó de pneu utilizado na fabricação do asfalto-borracha deriva da reciclagem de pneus descartáveis, o que agrega característica ecológica ao produto. Só em 2016, por exemplo, as pavimentações feitas pela concessionária Ecovia consumiram quase 1,7 mil toneladas de asfalto-borracha, o que contribuiu para reutilização de aproximadamente 7,5 mil pneus de caminhão.

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Asfalto-borracha utilizado na pavimentação da estrada federal BR-277 (Foto: Guilherme Pupo)

COMO É FEITO

De acordo com o Centro de Pesquisa & Desenvolvimento Greca Asfaltos, o asfalto-borracha é feito por meio da incorporação da borracha moída de pneus ao concreto asfáltico de petróleo (CAP) aquecido em reatores específicos.

Algumas indústrias nacionais o disponibilizam com nome de batismo da fábrica para concessionárias, órgãos públicos e outros clientes
Rubens Vieira

O processo de fabricação modifica as características físico-químicas dos materiais, dando origem a um produto de alto desempenho, com valores de viscosidade, ponto de amolecimento e capacidade elástica mais elevados do que os do asfalto convencional.

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APLICAÇÕES E HISTÓRICO

O asfalto-borracha é indicado para revestir pavimentos de rodovias e vias de cidades com volumes de tráfego moderado, alto e muito pesado. O desempenho do material também permite aplicações especiais, como em pistas de automobilismo e como elemento redutor de ruídos sobre pavimentos de concreto.

Pesquisas indicam que a solução é empregada no Brasil desde a década de 1990, mas não em larga escala. A partir do início da década de 2000, o material começou a ser adotado em vias muito conhecidas do país, como no Rodoanel (SP), na avenida Atlântica (RJ), nas vias internas da Usina de Itaipu (PR), na Boulevard Arruda (MG) e na avenida Beira-Mar Norte (SC).

“Pela Ecovia, é utilizado desde 2008. Alguns exemplos são o Complexo Anchieta-Imigrantes, a BR-277 sentido Paranaguá e as PRs 407 e 508, que ligam ao litoral paranaense”, cita Alexandre Santos, gerente de engenharia da Concessionária Ecovia Caminho do Mar S/A.

VANTAGENS E DESVANTAGENS

Outra vantagem do asfalto-borracha é a redução do tempo de liberação da pista ao tráfego em relação à execução com asfalto tradicional
Alexandre Santos

Os valores elevados de viscosidade, ponto de amolecimento e recuperação elástica do asfalto-borracha fazem com que ele sofra menos danos do tráfego e das intempéries, proporcionando maior vida útil ao pavimento do que o asfalto convencional. De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), essa diferença fica na casa dos 40%, o que também reduz a necessidade de reparos na pista, ajudando a manter a via com maior fluidez de tráfego de veículos.

“Outra vantagem do asfalto-borracha é a redução do tempo de liberação da pista ao tráfego em relação à execução com asfalto tradicional. Isso se deve pela redução do tempo de resfriamento da mistura, que é maior em relação ao material convencional devido às suas características”, acrescenta Santos.


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Obra de pavimentação com asfalto-borracha (Foto: Guilherme Pupo)

O usuário que trafega sobre uma via pavimentada com asfalto-borracha também encontra vantagens, pois o material é menos suscetível à formação de trilhas de roda, reduz o risco de aquaplanagem e melhora a frenagem e aderência dos veículos em comparação ao asfalto convencional, garantindo maior segurança para os motoristas.

Ainda em comparação com o asfalto convencional, a solução apresenta desvantagens em relação ao preço, pois o custo por tonelada é mais elevado. No entanto, esse aspecto pode ser minimizado quando se considera que ela permite reduzir a espessura da camada aplicada, o que também diminui o desnível no acostamento.

Leia também: Como escolher o tipo de pavimentação de vias públicas?

Colaboração técnica

Alexandre Santos – gerente de engenharia da Concessionária Ecovia Caminho do Mar S/A.
Rubens Vieira – pesquisador da área de pavimentos da seção de geotecnia do Centro de Infraestrutura de Obras do IPT.