Barreiras New Jersey demandam rigoroso controle no processo produtivo
Podendo ser fabricadas tanto in loco quanto em indústrias, estruturas apresentam melhor qualidade quando moldadas com o uso de máquinas extrusoras
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
As barreiras de concreto do tipo New Jersey podem ser usadas para impedir a queda de veículos em barrancos e a batida contra elementos fixos, como postes e árvores. (fotos: RachenStocker/ Shutterstock)
As barreiras de concreto do tipo New Jersey são empregadas ao longo de vias públicas para evitar que veículos, ao colidirem, tenham o acidente agravado por outros fatores. Elas impedem, por exemplo, que os carros atravessem o canteiro central e se choquem frontalmente com os automóveis no sentido oposto. A estrutura também pode ser usada para impedir a queda em barrancos e a batida contra elementos fixos, como postes e árvores.
De acordo com a Diretoria de Planejamento e Pesquisa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), citando a ABNT NBR 14.885 – Segurança no tráfego – Barreiras de concreto –, o correto posicionamento da estrutura na pista visa a absorver a energia de colisão, desacelerando e reconduzindo o veículo à via com o mínimo de dano possível. Para isso, devem ser observados diferentes quesitos.
A norma determina, entre outros aspectos, a observação de distância livre entre a borda da barreira e a linha que demarca a faixa de rolamento de 1 m junto ao canteiro central, sendo que é admitida a medida mínima de 0,5 m. Indica, ainda, que não pode existir meio fio entre a estrutura e a borda do pavimento. Já os sistemas de drenagem têm que apresentar projeto específico, atendendo aos requisitos de dimensões e transferência de esforços transversais entre barreiras.
Fabricação das barreiras New Jersey
No caso das barreiras pré-moldadas, há a vantagem de maior controle das características mecânicas da peça e melhor administração de suas dimensões, além de apresentarem durabilidade elevada e menor necessidade de manutençãoJosé Tadeu Balbo
A execução da solução pode acontecer tanto in loco quanto na indústria. “No caso das barreiras pré-moldadas, há a vantagem de maior controle das características mecânicas da peça e melhor administração de suas dimensões, além de apresentarem durabilidade elevada e menor necessidade de manutenção”, analisa o engenheiro José Tadeu Balbo, membro do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon) e professor de Infraestrutura de Transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Por outro lado, as barreiras industrializadas trazem como principal desvantagem o alto peso, que dificulta seu transporte e fixação. “Demandando trabalho de içamento para logística e posicionamento, podem exigir maior taxa de armadura”, afirma o docente. Já no caso das moldadas na própria via, apesar de eliminarem o problema do transporte, a presença dos equipamentos para fabricação tem potencial de impactar negativamente o tráfego. “Além disso, a cura das peças pede certa proteção”, complementa.
Optar por um modelo ou outro de execução depende da análise de fatores distintos, como:
• quantidade a ser fabricada;
• posição e distância do canteiro ou central de usinagem até o ponto de posicionamento;
• avaliação econômica entre as modalidades de compra de barreiras prontas;
• locação ou investimento em fôrmas e máquinas extrusoras;
• cronograma de atividades;
• quantidade de frentes de trabalho etc.
Controle de produção
Segundo a Diretoria de Planejamento e Pesquisa do DNIT, a supervisão da produção das barreiras moldadas in loco deve ser realizada por meio de controle laboratorial por amostras. O concreto tem que ter resistência característica à compressão simples (fck) mínima de 25 Mpa, medida aos 28 dias, e precisam ser seguidas as normas de controle de materiais, como a ABNT NBR 6.118 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento; ABNT NBR 12.655 – Concreto de cimento Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação – Procedimento; e ABNT NBR 14.931 – Execução de estruturas de concreto – Procedimento.
Na execução in loco, deve ser dada atenção extra à montagem de armaduras requeridasJosé Tadeu Balbo
Já as dimensões e tipos de barreiras New Jersey estão detalhados na ABNT NBR 14.885. O professor Balbo aponta outros cuidados relacionados ao controle de produção. “Na execução in loco, deve ser dada atenção extra à montagem de armaduras requeridas. O controle tem que ser do ponto de vista operacional e de produtividade diária, bem como de controle tecnológico do concreto – o que é bem especificado pela norma americana ASTM C 825 – Standard Specification for Precast Concrete Barriers”, complementa.
Máquinas extrusoras
As barreiras New Jersey podem ser moldadas no canteiro com o uso de máquinas extrusoras, opção que proporciona uma série de vantagens. Entre as principais estão alta produtividade homem/hora com baixo custo operacional (por usar menos funcionários); redução no desperdício com compensado e madeira; e maior controle tecnológico, sendo possível optar pelo concreto usinado. A solução dispensa o transporte das peças em caminhões e a necessidade de manuseio para posicioná-las na via, diminuindo o risco de acidentes.
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Quando fabricadas com o uso do equipamento, as barreiras New Jersey apresentam melhor acabamento, em comparação com peças criadas em fôrmas convencionais de madeira ou metálicas. “Mas, o concreto tem de ser de elevada consistência, já que se trata de uma ‘fôrma deslizante’”, diz Balbo.
Para operar esse tipo de máquina, o funcionário deve ser devidamente treinado e possuir certificação que ateste sua capacidade de operar o equipamento. “Os principais cuidados, além daqueles relacionados a qualquer equipamento mecânico — como a manutenção preventiva adequada —, sempre dizem respeito à operação do tráfego no caso de vias existentes. A sinalização e a orientação de desvios durante a movimentação da máquina é crucial e deve ser cuidadosamente planejada”, ressalta o professor.
Para viabilizar o uso das extrusoras, é recomendada a análise financeira do projeto. A produção de pequenas quantidades de barreiras New Jersey não justifica o aluguel ou compra do equipamento. Seu emprego passa a ser interessante à medida que aumenta o volume de estruturas, afinal, com o aumento na produtividade ocorre a diluição dos valores investidos na obtenção do maquinário.
Cuidados com as juntas
A execução das peças também deve considerar a importância das juntas. No caso das estruturas moldadas in loco, por exemplo, é necessário que sejam executadas juntas de retração do tipo seção enfraquecida, contidas em um mesmo plano transversal da barreira, por serragem ou moldagem de sulco, com abertura máxima de 10 mm e profundidade variando entre 30 e 50 mm, em todo o contorno do perfil. A distância entre as juntas de tração deve ser de, no máximo, 6 m e cabe ao projetista determinar o valor exato em função das variáveis do local e tipo de cimento.
Já as juntas de dilatação devem ser feitas a cada 30 m das barreiras moldadas in loco, com abertura de 30 mm, também cabendo ao projetista determinar o valor exato. Em pavimentos rígidos, devem acompanhar as juntas do pavimento e/ou obra de arte. Por fim, nas estruturas fabricadas no próprio canteiro deve ser executada junta de construção sempre que houver interrupção da concretagem, assegurando, assim, a continuidade da armadura.
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Colaboração técnica
- José Tadeu Balbo — Graduado em Engenharia Civil, mestre em Engenharia de Transportes e doutor em Engenharia, todos pela Universidade de São Paulo com programa de doutorado sanduíche da CAPES na Escola Politécnica Federal de Zurique, Suíça. Foi chefe do Departamento de Engenharia de Transportes da EPUSP (2014-2018) e é Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Transportes da EPUSP (1994 a 1997; 2015 a 2019). Ocupa o cargo de professor Titular de Infraestrutura de Transportes da Escola Politécnica da USP e é membro do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon). Tem experiência na área de Engenharia de Construção Civil, com ênfase em pavimentação (materiais e análise estrutural), atuando principalmente nos seguintes temas de pesquisa: pavimentos de concreto, materiais de pavimentação, gerência de pavimentos, mecânica de pavimentos e instrumentação de pavimentos, modelagem estrutural de pavimentos asfálticos, reciclagem de pavimentos de concreto e materiais alternativos.