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O que é Beiral

O elemento é usado como berço de calha e para proteção de paredes e janelas contra a luz excessiva

Publicado em: 14/07/2015Atualizado em: 31/03/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Beirais - Casa

Os beirais dos telhados passaram a ser vistos na arquitetura brasileira colonial como solução para proteger a edificação da excessiva insolação e das chuvas. “Em Portugal, não havia a incidência de luz natural como aqui, por isso seus beirais tinham um caráter mais estético do que de proteção”, explica o arquiteto Roberto Marin, professor da Faculdade de Arquitetura do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

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Com as novas tecnologias construtivas, os revestimentos e as tintas, as paredes já não sofrem grande desgaste com as chuvas. “Por isso, quando lanço mão do beiral nos projetos é por sua função técnica como berço de calha e proteção de paredes e janelas. É o caso das peles de vidro das fachadas que são mais suscetíveis à infiltração de água. Ou, ainda, para dar conforto a quem aguarda numa porta de acesso, em dias de chuva”, conta o professor, lembrando que os beirais continuam a cumprir a função de proteção contra a luz excessiva, especialmente nas fachadas oeste e norte.

MEDIDAS

Quando lanço mão do beiral nos projetos, é por sua função técnica como berço de calha e proteção de paredes e janelas. Ou, ainda, para dar conforto a quem aguarda numa porta de acesso, em dias de chuva
Roberto Marin

“Quando o projeto busca uma cobertura convencional com telhas pequenas e faz parte de uma proposta plástica, o beiral pode se integrar, ou não, pois a cobertura pode ter uma platibanda seca”, ensina Marin.

A extensão do beiral para além das paredes externas é determinada pela legislação urbana, porém, de forma variável em cada município, para que o elemento não figure como área construída. “Em algumas cidades, o beiral pode ter 1 m, em outras 0,60 m, até aquelas em que é considerado área construída. Em São Paulo, estão liberados beirais com até 1,20 m”, informa Marin.

TIPOS DE BEIRAIS

Eles podem ser feitos de madeira ou metal, ser uma extensão em balanço da laje ou das telhas metálicas, de barro ou de cerâmica da cobertura. “Mas não precisam, necessariamente, ser um prolongamento do telhado, que pode ser interrompido, e o beiral ser criado na mesma altura ou mais abaixo apenas como aspecto estético. Particularmente, sou avesso ao uso do beiral puramente como elemento plástico, tem de ter função”, opina o arquiteto.

BEIRAIS DE TELHADOS

Particularmente, sou avesso ao uso do beiral puramente como elemento plástico, tem de ter função
Roberto Marin

Todo elemento arquitetônico deve ser exequível, sustentável e com custo viável. Com o beiral não é diferente. Ele deve ser detalhado no projeto e são necessários cuidados na construção. “Quando projetamos uma cobertura, temos de prever, em primeiro lugar, a estanqueidade, porque, se vazar, um dos elementos do sistema estará comprometido. O sombreamento promovido pela cobertura varia de acordo com o clima: no hemisfério norte, por exemplo, é preciso permitir que a neve possa escorrer por ela, através da maior inclinação possível; já no Brasil, temos de estender a sombra ao máximo, para proteger os ambientes do calor”, lembra Marin.

A construção do beiral como extensão da cobertura – estruturada em madeira ou metal – com telhas pequenas para além da parede, tem como principal problema a instalação da calha no limite do elemento. “Além de feia, a solução acaba molhando quem está embaixo. Normalmente, o melhor recurso é a calha embutida, ou seja, a calha termina no limite da parede, e o condutor é embutido, ficando somente a linha do beiral estendida para além da cobertura. Fica esteticamente limpo”, recomenda.

Os tetos verdes podem se prolongar até os beirais, porém, a opção de Roberto Marin é interromper a vegetação para eliminar o peso estético na edificação. “Faço a platibanda no limite da parede e a laje fica para dentro da casa”, comenta o profissional.

Para proteger as portas de acesso, principalmente as de madeira, além da opção por marquises, é possível construir um beiral sustentado por mãos francesas ou uma viga de concreto que se vira em L. Se for um elemento metálico, pendurais de cabos de aço podem ser usados. “Por exemplo, as novas arenas de futebol têm um sistema de cobertura e, para dentro do campo, beirais em lona tensionada extremamente leve, que protegem as arquibancadas. As possibilidades arquitetônicas são infinitas, obviamente que de acordo com os recursos tecnológicos disponíveis”, conclui.

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Roberto Marin
Roberto Marin – Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (1986) e especialização em Arquitetura - O Impacto do Homem no Meio Urbano - pela Universidade Brás Cubas (1994). Atualmente é professor 3.1 do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Projeto, Tecnologias Construtivas e Informática aplicada à Arquitetura. Conselheiro do CREA-SP, representando o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2009/2010/2011).