Blackout: das venezianas ao entre vidros
Além das soluções tradicionais como as venezianas externas, há inovações sofisticadas que oferecem até 99% de blackout. Algumas delas devem ser especificadas na fase de projeto
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
As soluções de blackout para dormitórios e home theater de residências, ou para quartos hospitalares, vão desde as externas como as esquadrias com veneziana ou persiana, até as sofisticadas telas celulares compostas com persianas entre vidros duplos, passando pelas cortinas rolôs internas. Dependendo da opção, o elemento que poderá atuar também no isolamento térmico, terá que ser pensado ainda na fase de projeto. “Apesar de o conceito de blackout prever escuridão total, o mercado aceita soluções que deixam passar a luz. O prejuízo é do cliente final”, alerta Roberto Papaiz, diretor do EuroCentro, empresa especializada em fechamentos de alto padrão.
De correr ou abrir, as venezianas escurecem e ainda colaboram com a eficiência energética do ambiente, já que protegem da insolação. “As tradicionais são operadas manualmente, mas hoje há soluções sofisticadas com lâminas orientáveis que asseguram fechamento total, resultando em 99% de blackout. Elas podem ser automatizadas para a orientação das lâminas, mas as guias devem ser na cor preta para não refletir a luz. Ao operar a graduação das lâminas com controle remoto, o morador pode controlar a luminosidade e a ventilação e, dependendo da abertura que desejar, poderá mantê-las na posição horizontal e interagir com a área externa”, explica. Outra opção é a esquadria integrada, dotada de folhas internas de vidro e persiana externa de enrolar – projetante ou não, manual ou motorizada, também com desempenho superior em vedação da luz.
Blackout interno
Na capital paulista e nas cidades do sul do país, o Código de Obras prevê o uso das venezianas ou persianas externas. “Porém, do Rio de Janeiro até o Nordeste, não é obrigatório e nem habitual. O que se vê são pesadas cortinas usadas para escurecer os dormitórios ou, ainda, as cortinas rolô”, diz Papaiz. As cortinas de tecido trazem o inconveniente de reter poeira e afetar a saúde dos ocupantes do imóvel. Já o blackout rolô - em geral, em tecido vinílico que se compõem com um filme preto interno -, é mais fácil de limpar. Sua movimentação se faz na vertical, com recolhimento na parte superior, por meio de guias laterais. “É preciso que as guias se conectem a uma boa esquadria, pois, caso contrário, acaba fazendo ‘vela’, em decorrência da pressão criada atrás da peça”, orienta. O mercado oferece o produto em diversas cores.
Há também a solução dos painéis em madeira ou PVC, instalados fora ou dentro dos ambientes, ou ainda interno à parede, e que correm paralelamente à janela. Também podem ser manuais ou motorizados.
Entre vidros
“Mais higiênica, moderna e automatizada é a cortina blackout celular com revestimento interno em alumínio. Tem a aparência de uma colmeia que se dobra sobre si mesma e recolhe na parte superior. A vantagem dessa solução é que estará permanentemente protegida no interior dos vidros duplos e, portanto, não coleta pó e dispensa limpeza, além de ser automatizável”, detalha Roberto Papaiz. Segundo ele, é preciso considerar que, exceto no caso das venezianas e persianas externas, as soluções de blackout são incompatíveis com a abertura das esquadrias para ventilar o ambiente. No caso do sistema celular entre vidros, o problema não existe.
A persiana entre vidros duplos permite a entrada gradual de luz, que varia de 4% a 90% da luminosidade. “São duas soluções distintas: com a cortina celular se tem o blackout e com a persiana se tem o ajuste da luz. As duas foram reunidas num único produto entre vidros, de maneira que, quando se recolhe o blackout, a persiana se estende, ou vice-versa. É uma solução muito eficiente e já adotada por vários hospitais de primeira linha do país, pois atende tanto o controle da luminosidade quanto a escuridão total, quando necessária”, explica.
O ganho energético proporcionado pela cortina celular e também pelas persianas entre vidros é maior, se comparado ao blackout interno. “A começar pela câmara entre os vidros duplos que já cumpre parte desse papel. Usando um vidro comum com um desses elementos internamente, o fator solar será de 15%, ou seja, 85% do calor ficam do lado de fora”, diz. Ressalvando que as soluções externas – venezianas e persianas – ainda são as ideais sob o aspecto térmico, Papaiz comenta que têm, em contrapartida, desvantagens como a necessidade constante de manutenção e limpeza.
“Mas a tendência comum é optar por blackout interno, por ser uma decisão de última hora e que não exige intervenção na construção. Em geral, é tomada porque os moradores já não suportam o excesso de incidência solar pela posição do edifício, ou até mesmo pelo reflexo do prédio ao lado fechado com vidros refletivos que atrapalham o descanso, o uso da TV ou do computador. As demais soluções devem ser adotadas na fase de projeto ou de uma ampla reforma do imóvel, já que pressupõem a mudança total das esquadrias”, diz.COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA
Roberto Papaiz – É formado pelo Instituto de Tecnologia Mecânica da Itália. Dirigiu por 25 anos a Udinese, empresa dedicada à produção de acessórios para esquadrias. Em 1996, criou o EuroCentro e a AluService: showroom e fábrica de esquadrias, de inspiração europeia, para residências especiais. Foi, também presidente-executivo da Associação Nacional dos Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (AFEAL) entre 2005 e 2011.