Bombeio e projeção de argamassa racionaliza trabalho na obra
Equipamentos são opções para reduzir custo operacional e alavancar produtividade em revestimentos de fachada
Redação PE
A projeção mecanizada e bombeio de argamassa vem conquistando mercado no Brasil. Fornecedores de equipamentos para essa atividade apostam que construtores e empreiteiros estão revendo procedimentos na obra, optando por soluções para reduzirem o custo operacional. O caminho a ser percorrido ainda é longo e, segundo os fornecedores, promissor.
“Utilizar equipamentos para mistura, transporte e projeção de argamassa racionaliza o trabalho no canteiro de obras”, informa o CEO da Anvi, Andres Natenzon. “O revestimento de uma fachada, por exemplo, pode ser executado com um contingente menor de funcionários, se comparado com o processo manual. Isso resulta em economia de mão de obra”.
De acordo com ele, os equipamentos fabricados na unidade da Anvi em Diadema, Grande São Paulo, são exportados para a América Latina, embora o foco seja o mercado doméstico. “A crise está tirando os construtores da zona de conforto. É uma oportunidade para o sistema de projeção, que reduz custos e é realidade em todo o Brasil, principalmente nas regiões Sudeste e Nordeste”, explica Andres.
André Medeiros, gerente comercial e de pós-vendas da Turbosol Brasil, informa que a mecanização ainda é insipiente no Brasil, onde em média 95% dos canteiros utilizam apenas mão de obra de pedreiros e serventes para esse serviço. “Enquanto o país absorve anualmente cerca de 150 equipamentos de projeção mecanizada, na Argentina o mercado é de 210 unidades anuais, onde a Turbosol sozinha vendeu 55 máquinas”, conta Medeiros.
Para ele, a resistência a mudanças ainda é muito forte no Brasil, principalmente em razão da grande quantidade de mão de obra no Sudeste. “Vendemos mais no Nordeste e no Sul. Nessas regiões, empreiteiros preferem transportar argamassa por equipamentos de bombeio em vez de transportá-la em elevador, como de costume”, explica.
Estratégia falha na introdução desses equipamentos, nos anos 90
Desde a década de 80, a Argentina trabalha com sistemas de projeção de argamassa. Quando alguns fornecedores começaram a importar para o Brasil na década de 90, não foi feita uma adaptação técnica para readequar as diferenças de frequência dos motores de configuração europeia. Como resultado, eles funcionavam pouco e logo paravam. Isso gerou grande insatisfação por todo país.
“Na Itália, por exemplo, a frequência na tensão é de 230 volts ou 400 volts e no Brasil é 220 volts ou 380 volts. A frequência na Europa é 50hz e no Brasil 60hz. Portanto deveria ter sido feito um dimensionamento dos motores para o uso brasileiro. Na época, se o motor esquentasse demais, desligava automaticamente por questões de segurança”, explica Medeiros. Segundo ele, hoje todos os equipamentos fornecidos pela Turbosol são 60hz. Alguns já saem da fábrica com essa configuração, outros são adaptados na empresa.
Victor Natenzon, diretor da Anvi, acrescenta que equipamentos importados são concebidos para uma realidade europeia, em que a energia elétrica da obra nunca falha e é abundante, a água é limpa e o operador tem outro nível de preparo. “Os equipamentos são complexos e com vários relês de segurança que param o projetor por qualquer variação nas condições externas. Isso simplesmente não se encaixa na nossa realidade”, argumenta.
Devido às dimensões do Brasil, as condições da energia elétrica, água e mão de obra são diferentes em cada estado. “Nossos projetores são concebidos para esse perfil brasileiro. Em vez de colocarmos relês que param o funcionamento do projetor quando há uma variação de energia elétrica ou água suja, dimensionamos o equipamento para funcionar em condições extremas e variadas. Simplificamos também a operação, suprimindo todos os controles e indicadores supérfluos. Nossos projetores funcionam com um simples botão de liga/ desliga e reversão”, explica.
Custo-benefício vantajoso, segundo fornecedores
Victor exemplifica que equipamentos de projeção são capazes de reduzir o custo total de uma fachada de obra. “Comparado ao processo manual, existe uma redução de 35% de pedreiros e 60% de serventes, graças à racionalização dos processos na obra. Além de custos menores, prazos de execução encurtam e possibilitam diminuir o prazo de entrega da obra, já que a fachada é o caminho crítico do cronograma”, diz.
André Medeiros, da Turbosol Brasil, esclarece que equipamentos não eliminam mão de obra porque pedreiros tornam-se especializados em utilizá-los. Em vez de transportar argamassa em elevador, eles se tornam operadores do projetor e da logística de bombeamento e projeção. “Um bom pedreiro faz de 30 a 35 metros quadrados de reboco em parede num dia. Com a rebocadora, uma equipe bem treinada consegue fazer em torno de 200 metros quadrados”, explica.
No caso do sistema de bombeamento, que mistura argamassa e bombeia para o local onde ela é aplicada, o ganho é grande em relação ao tempo de trabalho por pedreiro. “Quando o transporte é manual, normalmente os pedreiros precisam esperar a argamassa chegar para aplicá-la. No sistema de bombeamento, a massa cai diretamente no caixote, carrinho ou funil, e o pedreiro aplica”, diz Medeiros.
Os sistemas de projeção ou rebocadores podem ser desde equipamentos pequenos para projetar argamassa transportada para o mesmo andar onde é aplicada, ou equipamentos um pouco maiores com misturadores, que bombeiam e projetam a argamassa úmida (reboco ou chapisco).
Medeiros também esboça um breve cálculo do custo/ benefício: “O preço do equipamento gira em torno de R$ 90 mil e de um compressor em média R$ 60 mil. Numa obra de 12 a 15 pavimentos que não utilize bombeadores e projetores, a etapa de aplicação de argamassa e de contrapiso custa mais de R$ 200 mil, levando em conta apenas itens como quantidade de pessoas para trabalhar para aplicar, carrinho e elevador”, diz.
Para Victor, da Anvi, a mecanização permite ganhos também no tempo de execução e atendimento de um cronograma bem enxuto. “A variação dos processos é reduzida e o resultado final da aplicação da argamassa depende menos do pedreiro. Além disso, o uso de produtos industrializados permite um controle muito mais eficiente dos materiais”, diz Victor, da Anvi.
Ele explica que os equipamentos são utilizados principalmente em edifícios residenciais, desde obras do Minha casa Minha Vida até construções de padrão elevado. Os usuários são construtoras que trabalham com mão de obra própria, ou empreiteiros com muitos ou poucos colaboradores.
Colaboraram para esta matéria
André Medeiros - Gerente comercial e de pós-vendas da Turbosol Brasil
Andres Natenzon - CEO da Anvi
Victor Natenzon - Diretor da Anvi