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Brises verdes conferem conforto térmico e reduzem o ruído dos centros urbanos

Solução cria um microclima protegendo a edificação contra o sol, melhorando a temperatura e a umidade do entorno

Publicado em: 30/01/2014

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Brise verde SkyGarden

Com o intuito de proteger a edificação, o brise verde é uma estrutura que permite que a vegetação cresça sobre ela e resguarde o empreendimento do calor, da insolação excessiva. “A construção metálica recebe plantas trepadeiras que se entrelaçam e criam um microclima, protegendo o prédio contra o sol, melhorando a temperatura dos ambientes e a umidade do entorno”, explica Ricardo Cardim, botânico da SkyGarden.

Novo no Brasil, o brise verde ainda é pouco usado. “Em um clima tropical como o nosso, a solução é muito indicada pela baixa manutenção demandada e pela eficiência que representa quando comparada ao brise de metal convencional”, comenta Cardim.

Estrutura

A construção metálica recebe plantas trepadeiras que se entrelaçam e criam um microclima, protegendo o prédio contra o sol, melhorando a temperatura dos ambientes e a umidade do entorno

O brise verde é composto por um recipiente chamado cocho, semelhante ao usado para gado, constituída por estrutura de metal leve, galvanizado e resistente a intempéries e à corrosão. “Essa estrutura é fixada na fachada do edifício, abaixo da janela, formando uma jardineira contínua que recebe um substrato – terra especial muito leve e durável – onde são plantadas trepadeiras, com uma pequena distância entre elas. Desse cocho saem cabos de aço que vão até cinco, seis metros acima, e são fixados a uma distância de cerca de 20 cm da fachada que é por onde a trepadeira vai subir. A planta vai se entrelaçar e formar uma fachada contínua viva, deixando o prédio inteiramente verde. No cocho, há uma irrigação por gotejamento que economiza água e, ao mesmo tempo, mantém a saúde da vegetação”, expõe o botânico.

Brise verde SkyGarden

Normalmente, é feito um brise verde e um cocho para cerca de dois, três andares, dependendo do tamanho da edificação. “Não é possível fazer um cocho que cubra vários pavimentos de um prédio porque a trepadeira cresce de acordo com a quantidade de terra disponível”, diz Cardim. E alerta: “Apesar de leve, não é possível colocar o brise verde em uma fachada de drywall, pois o sistema tem que ser ancorado numa estrutura resistente. Mas não é tão mais pesado do que uma estrutura de brise convencional metálico. O cocho, que recebe as raízes da trepadeira, é onde se concentra o maior peso – cerca de 120 quilos por metro linear”.

A construção metálica recebe plantas trepadeiras que se entrelaçam e criam um microclima, protegendo o prédio contra o sol, melhorando a temperatura dos ambientes e a umidade do entorno

De acordo com o botânico, ao especificar o brise verde o arquiteto precisa saber se tem um ponto de água na fachada para alimentar a vegetação. É necessário também deixar um acesso, como uma janela, para que se consiga fazer a manutenção no sistema de irrigação. “O painel é uma estrutura bem robusta parafusada na fachada, com parafuso inox. Depois de fixado, é feito o plantio. Primeiro coloca-se o substrato tecnológico, muito durável, e depois são plantadas as trepadeiras”, orienta, lembrando a importância da escolha da espécie adequada para o rápido cobrimento da fachada. “Só podem ser usadas plantas trepadeiras da flora brasileira e algumas tropicais da Ásia”, diz.

Vantagens

Brise verde SkyGarden

O brise verde proporciona aos ambientes conforto térmico, durabilidade das fachadas, umidificação do ar e redução do barulho – ele funciona como uma esponja que absorve os sons da rua. Atua, também, como barreira contra poeiras e partículas do ar, combate pragas como barata e cupins, além de ser esteticamente bonito, oferecendo destaque ao local. Se houver um jardim embaixo, é possível usar trepadeiras frutíferas, como o maracujá, para que as frutas possam ser colhidas. “Diferentemente do que muitos pensam, o brise verde não atrai mosquitos ou outros insetos. Pelo contrário, atrai passarinhos que se alimentam dos insetos. O sistema usa um substrato que não acumula água e, portanto, não atrai mosquitos como o da dengue, além de ser leve e durável. É como uma árvore que as pessoas têm na frente de casa”, destaca Cardim.

Segundo o botânico, o brise verde possui ótima durabilidade, uma vez que a folhagem está sempre se reciclando. “Basta mantê-la sempre bonita. É como cuidar de um jardim, só que na vertical. A manutenção também é simples e não exige grandes investimentos. É preciso fazer eventuais podas e, uma vez por ano, colocar um adubo líquido”.

Colaborou para esta matéria

Ricardo Cardim – Botânico da SkyGarden, apresenta um trabalho de referência em biodiversidade nativa urbana. Suas pesquisas na cidade de São Paulo resultaram de 2010 a 2012 na criação de três áreas públicas de cerrados - uma vegetação original de grande biodiversidade e que se presumia extinta na metrópole - que totaliza uma área de 33.090 m² de reservas ecológicas em plena malha urbana. É ambientalista e Mestre em Botânica pela USP. Professor responsável pelo curso de Paisagismo Sustentável e Telhados Verdes no Green Building Brasil (GBC), em 2010 foi indicado Empreendedor de Futuro pela Fundação Schwab (Davos, Suíça) e Folha de São Paulo por seu trabalho com o meio ambiente urbano e Blog www.arvoresdesaopaulo.com.br, hoje com 1,5 milhões de acessos. Em 2011 recebeu a Medalha Anchieta e o Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo pela descoberta de três remanescentes de Cerrado na metrópole paulistana que resultaram nos primeiros parques públicos com a vegetação ameaçada. Em 2012 implantou os primeiros telhados verdes com biodiversidade nativa do Brasil, foi Curador na Exposição "A Casa e a Cidade", no Museu da Casa Brasileira, e realizou a Campanha "Veteranas de Guerra" sobre as árvores nativas centenárias do município para a ONG SOS Mata Atlântica. Também é colunista de meio ambiente urbano na Rádio Estadão e Consultor da Rede Globo São Paulo, e participando na campanha "Verdejando" como "Dr. Árvore".