Caçambas britadoras ‘trituram’ velhos paradigmas na demolição
Voltadas para pequenas e médias obras, elas reciclam resíduos que podem ser utilizados no local, em bases e sub-bases de concreto
Redação PE
Assim como aconteceu com as tesouras de demolição, o uso das caçambas trituradoras está demorando a se massificar no Brasil. Esses equipamentos foram introduzidos no país por alguns distribuidores no ano de 2008, mas ainda não decolaram como previsto. Fabricantes persistem na abertura de mercado especialmente para empresas do segmento de demolição.
“Normalmente as tarefas cotidianas e operacionais consomem tempo do cliente, que não consegue ver boas possibilidades de obter lucro com equipamentos inovadores”, detecta o diretor da MB Crusher Brasil, Massimo Parlato. Ele sublinha que esses equipamentos devem ser corretamente chamados de britadores primários de mandíbulas móveis e acrescenta que, em geral, o nicho de mercado são pequenas e médias empresas.
“No Brasil, o marketshare atual desses britadores é de 30 unidades em uso, a quantidade mais baixa entre os países latino-americanos, principalmente devido à carga tributária elevada e conjuntura desfavorável. Para outros países do continente a realidade é mais animadora. Só na Bauma foram vendidas dezenas de unidades para a América Latina, sendo 20 para o Chile”, compara Parlato.
A Bauma também foi palco para a Atlas Copco apresentar a nova geração de britadores primários BC, de fabricação própria, produzidas na unidade da Alemanha. O gerente de produto da linha de equipamentos para demolição da empresa, Marcos Schmidt, concorda que a dificuldade de comercialização desses equipamentos é uma questão cultural. Foi ele quem comparou a demora de massificação desses britadores com à das tesouras de demolição. “Vale ressaltar também que no Brasil ainda existem poucas empresas especializadas nesse setor. Por isso, alavancar equipamentos específicos ainda é um desafio”, considera.
Marcos diz que no Brasil as faculdades de engenharia que englobam construção não possuem disciplinas sobre demolição. O tema reciclagem só começou a ser abordado recentemente. “Não há tantos engenheiros especializados em demolição. No exterior já se utiliza o termo ‘descontrução’ e não demolição, para melhorar o sentido técnico do processo inverso ao de construir, com o cuidado de empregar tecnologias seguras e sofisticadas”, explica Marcos.
Uso dos britadores primários na reciclagem
A saída para se erguer novas edificações é derrubar as já existentes. Contudo, a consciência ambiental deve anteceder um projeto de construção e iniciar um ciclo harmônico em que técnicas sofisticadas convergem com leis ambientais, segurança e modernos padrões de reciclagem e beneficiamento dos resíduos.
Para Célio Ribeiro, CEO da WebPesados, a solução integrada da demolição até a destinação final dos resíduos é diferencial decisivo nos contratos. “No estágio mais avançado da demolição, em que o concreto é triturado e a ferragem separada dos resíduos, as caçambas trituradoras são soluções simples e de logística menos onerosa atendendo aos padrões de qualidade”, explana.
A tendência é que a reciclagem dos resíduos de demolição seja cada vez mais feita no Brasil, conforme exige a NR 307, do Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. “Mas isso ainda acontece de forma lenta. O descarte é mal fiscalizado pelo poder público e empresas acabam levando para locais inadequados”, explica Célio.
As caçambas britadoras são mais voltadas para pequenas e médias obras do setor de demolição, que podem reciclar resíduos do local da obra e utilizá-los em bases e sub-bases de concreto. “Uma usina de britagem estacionária tem capacidade média que passa de 100 toneladas/ hora e uma móvel atinge em média de 300 a 400 toneladas. Já um britador primário de maior tamanho chega, no máximo, a 75 toneladas/ hora, e em média tritura de 30 a 40 toneladas de material”, informa Marcos Schmidt, da Atlas. Na mineração, a caçamba britadora tem aplicações específicas, como em necessidades de se trabalhar um material nobre sem precisar transportá-lo para um britador.
Massimo Parlato, da MB Crusher, complementa que os britadores primários trituram de 30 a 50 metros cúbicos por hora, sendo ideais para empresas que não possuem grande demanda de resíduos. “O escritório da MB em São Paulo dá apoio para importações das caçambas, que são produzidas na Itália. A empresa tem um projeto para o Brasil e chegou aqui para ficar, independente da fragilidade econômica que o país vivencia”, declara Parlatore, adiantando que as etapas futuras da empresa são rede de dealers ou mesmo abrir showrooms em outros estados. O presidente da empresa na Itália acredita que o Brasil é mercado para em média 100 unidades/ ano.
Colaboraram para esta matéria
Massimo Parlato - Diretor da MB Crusher Brasil
Marcos Schmidt - Gerente de produto da linha de equipamentos para demolição da Atlas Copco