Caminhão dumper: conheça detalhes de especificação e manutenção
Presente em obras dos mais variados portes, veículo é utilizado no transporte de diversos materiais, tanto dentro quanto para fora dos canteiros
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
O caminhão dumper gera grandes ganhos de produtividade (Foto: RobSt/Shutterstock)
O caminhão dumper é amplamente empregado em qualquer tipo de obra, das menores até as mais complexas. Transportando diferentes volumes, como terra, lama, brita, asfalto e rocha, o veículo pode ser aproveitado nas movimentações dentro do próprio canteiro ou para levar materiais do fornecedor até a construção. Seu uso também é indicado no direcionamento dos resíduos para os locais adequados de descarte.
Existem modelos variados desses caminhões. Os de maior capacidade de carga são conhecidos como dumpers fora de estrada ou articulados. “Este tipo é recomendado somente para grandes obras, pois, em função do tamanho, peso e concepção tecnológica, sua circulação nas vias públicas não é permitida”, explica Paulo Otávio Auler Neto, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema).
Quando a capacidade de carga é menor, o veículo é popularmente denominado de caminhão basculante. “Esses podem circular nas vias públicas e são aproveitados em todos os tipos de obras, nas mais diversas aplicações e levando qualquer material”, informa Auler. Por apresentar a melhor relação custo x benefício, esse modelo de dumper é empregado com maior frequência nas construções nacionais, mesmo as de grande porte.
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Dumpers em detalhes
Os dumpers fora de estrada são projetos específicos com capacidade de carga variando entre 40 t e 350 t. Possuem grandes dimensões e custos elevados, tanto de aquisição quanto operacional. Estão costumeiramente presentes nas construções maiores, como em hidrelétricas e projetos de mineração. “Transitam em estradas de terra bem mantidas e com traçado suave, internas ao canteiro de obras”, comenta o profissional.
O dumper articulado tem como característica principal a maneira como realiza curvas. Ao invés de esterçar as rodas frontais, o faz mediante articulação que separa a cabine e o motor (onde ficam os eixos dianteiros) da caçamba de transporte. Sua capacidade de carga está entre 25 t e 60 t, além disso, tem três eixos e tração em todas as rodas, ou seja, 6x6. O custo operacional é inferior em relação aos dumpers fora de estada, mas mais caro do que os convencionais.
O dumperarticulado opera onde não existam estradas definidasPaulo Otávio Auler Neto
“São indicados para trafegar internamente nos canteiros em condições extremas de baixa aderência, terreno acidentado, aclives e declives acentuados. O dumper articulado opera onde não existam estradas definidas”, detalha Auler.
Já o dumper convencional é produzido a partir do chassi tradicional de um caminhão, onde é instalada a caçamba basculante. “Tem capacidade de carga que vai de 6 t até 40 t e pode ter trações 4x2, 6x2, 6x4 ou 8x4”, afirma o especialista.
Especificação
Possibilitando a movimentação dos insumos em uma obra, o dumper gera grandes ganhos de produtividade. “Os primeiros caminhões desse tipo foram utilizados por volta de 1915, tinham capacidade de 1 t e contavam com rodas maciças de ferro ou madeira, que foram evoluindo ao longo dos anos até os modelos atuais”, conta Auler. Hoje, já existem no Brasil e no exterior, em caráter de testes, dumpers que funcionam a partir de operação remota.
A especificação do veículo deve ser baseada nas particularidades da obra, como os volumes que precisarão ser transportados, em qual prazo e as condições das vias de acesso. “Com essas informações, será possível selecionar a melhor alternativa para atender à legislação em termos de circulação e alcançar a melhor produtividade”, diz o profissional, recomendando também a realização da análise econômica do projeto.
“Quando não há previsão de uso futuro após a obra que demanda os dumpers, é preciso considerar o alto custo de aquisição e o baixo retorno de revenda para o caso dos fora de estrada e dos articulados. Se a utilização for inevitável, uma opção é o mercado de locação, e não a compra. Para os dumpers convencionais, tanto os valores de aquisição como de revenda são mais fáceis de absorver no projeto, mesmo se necessária a venda no final”, explana Auler.
Em algumas obras subterrâneas de mineração, túneis usando TBM (Tunnel Bore Machine) ou escavação de túneis de menor seção, em que a manobra dos caminhões é impossível, torna-se mandatório o aproveitamento de outros recursos para movimentação de material. A utilização dos dumpers também deve ser evitada quando origem e destino estiverem fixos por longo prazo e o volume transportado será grande e deverá cobrir elevadas distâncias. “Nesses casos, as correias transportadoras são a metodologia mais indicada”, afirma o especialista.
Segundo ele, a situação é bem comum em certas obras de mineração e também em alguns projetos de construção de hidrelétricas para o transporte de concreto, brita ou terra. “Nas longas distâncias, ainda podem ser utilizadas as barcaças para o transporte de materiais sempre e quando existirem boas hidrovias disponíveis. Porém, é importante ressaltar que, mesmo nestes casos, observa-se a utilização de dumpers em alguma etapa”, completa.
Operação e manutenção
Para dirigir um dumper, o profissional tem que ser habilitado na categoria “C”, no mínimo. “Ele também precisa receber treinamento de segurança para direção defensiva e primeiros socorros, além de curso específico sobre o dumper que irá operar para que conheça todas as funções e limitações”, enumera Auler. Durante o trabalho, o operador deve trajar uniforme completo (calça comprida e camisa, preferencialmente, de manga comprida) e bota. “Fora da cabine, necessita usar capacete, óculos e protetor auricular”, complementa.
A manutenção diária do veículo se restringe, basicamente, aos cuidados preventivos, como limpeza completa, troca de óleo e filtros nos períodos indicados pelos fabricantes, verificação frequente de pneus e freios, aferição das condições das mangueiras e a busca por algum vazamento de óleo ou ar. Já a cada mil horas de trabalho ou uma vez por ano, o dumper tem que ser levado para oficina e passar por análises detalhadas.
Nos dumpers mais modernos, existe uma infinidade de sensores mecânicos, elétricos e eletrônicos que avisam sobre qualquer problema. Isso ajuda a indicar para o operador sobre a necessidade de enviar o caminhão para a oficinaPaulo Otávio Auler Neto
Nessas inspeções, serão verificados, entre outros itens, eixos, suspensão, chassi, circuitos elétricos e eletrônicos, e os sistemas hidráulicos e pneumáticos. “Nos dumpers mais modernos, existe uma infinidade de sensores mecânicos/elétricos/eletrônicos que avisam sobre qualquer problema. Isso ajuda a indicar para o operador sobre a necessidade de enviar o caminhão para a oficina”, informa o especialista.
“Mini dumpers”
Além dos três modelos tradicionais, também existem os chamados “minis dumpers”. “Não são caminhões e sim equipamentos destinados para o transporte de materiais exclusivamente dentro dos canteiros”, informa o profissional. Essa solução pode ser articulada ou utilizar sistema convencional de direção, com trações 4x2 ou 4x4. “Há ainda modelos bem específicos que se movem sobre esteiras. A capacidade de carga está entre 0,25 t e 4,5 t. São bastante versáteis e mais utilizados em obras habitacionais”, conclui Auler.
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Colaboração técnica
- Paulo Otávio Auler Neto — Engenheiro mecânico graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Tem cerca de 41 anos dedicados ao ramo da construção civil pesada, tendo atuado em vários projetos de grande porte no Brasil e no exterior. É membro da diretoria da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema) desde 1995, tendo sido, em 2009, eleito vice-presidente e membro do Conselho de Administração, posição exercida até o momento. Trabalhou na construtora Mendes Junior por nove anos e na construtora Norberto Odebrecht, e suas coligadas, por 31 anos — sendo nos últimos 16 anos na função de Superintendente de Aquisição de Equipamentos. Liderou o processo de aquisição de mais de 7 mil equipamentos pesados no valor de, aproximadamente, US$ 3,20 bi. Participou como palestrante em 17 eventos no Brasil e no exterior.