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Caminhões elétricos podem reduzir impactos ambientais no transporte de cargas

Embora sejam considerados uma tendência global, veículos movidos à energia limpa ainda têm como desafios a autonomia e o custo. Entenda

Publicado em: 18/02/2019Atualizado em: 20/02/2019

Texto: Juliana Nakamura

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Já é possível encontrar caminhões elétricos rodando em cidades da Europa (foto: divulgação/Mercedes-Benz)

O risco de escassez de combustíveis fósseis e a necessidade de reduzir emissões atmosféricas e ruídos nas grandes cidades vêm impulsionando o desenvolvimento de caminhões elétricos em todo o mundo. Mais do que protótipos, já é possível encontrar modelos rodando em cidades europeias em operações reais. Também há uma série de iniciativas governamentais e corporativas que pressionam a demanda por alternativas aos caminhões à combustão.

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A Cervejaria Ambev, por exemplo, anunciou que, até 2023, irá passar a utilizar 1.600 caminhões elétricos no transporte de seus produtos. A ideia é ter cerca de 35% de sua frota composta por veículos movidos a energia limpa e deixar de emitir mais de 30,4 mil toneladas de carbono por ano. Na China, alguns portos e cidades já restringiram a circulação de caminhões a diesel. Na Europa, discute-se o impacto dos caminhões na poluição sonora das cidades.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Os desenvolvimentos na área de caminhões elétricos diferem de uma montadora para outra. Mas a maioria se baseia em conjuntos de baterias de íons de lítio que garantem autonomia de até 200 quilômetros.

Além de serem abastecidos com energia elétrica, alguns modelos contam com sistema de frenagem que também produz energia elétrica para ser armazenada nas mesmas baterias que fornecem energia ao motor. Todos eles são não poluentes, tanto em relação à emissão de gases nocivos, quanto em relação aos ruídos.

CAMINHÕES LEVES E URBANOS

A principal aplicação desses veículos no futuro mais próximo é no tráfego urbano, em operações logísticas curtas e de cargas leves.

“Com a atual tecnologia de baterias, os veículos urbanos são os mais indicados, pois rodam pouco por dia e não precisam de tanta energia para operar”, diz Leandro Siqueira, vice-presidente de produto, estratégia corporativa e digitalização da Volkswagen. Ele explica que as limitações atuais são justamente a menor autonomia e a menor capacidade de carga em comparação a um veículo similar movido à combustão. “Mas estudos mostram que essa diferença está caindo a cada ano”, afirma Siqueira.

Com a atual tecnologia de baterias, os veículos urbanos são os mais indicados, pois rodam pouco por dia e não precisam de tanta energia para operar
Leandro Siqueira

Marcos Andrade, gerente de produto de caminhões da Mercedes-Benz do Brasil, reforça que a maior dificuldade é operacionalizar toda a logística. Por causa da baixa autonomia e da capacidade de carga, caminhões elétricos dependem de uma operação que evite, por exemplo, que o veículo fique preso em congestionamentos.

“É preciso ter conectividade forte e estratégia de abastecimento”, cita o executivo. Segundo ele, por mais que as baterias se desenvolvam tecnologicamente, não será possível multiplicar a sua capacidade em dez vezes em curto prazo. “O jeito é compensar esse peso com uma logística mais eficiente e com conectividade forte”, avalia Andrade.

CUSTO-BENEFÍCIO

É preciso ter conectividade forte e estratégia de abastecimento
Marcos Andrade

Além da autonomia, outras questões a serem equacionadas para viabilizar os caminhões elétricos são o custo e a recarga das baterias. Assim como ocorre com os carros, os caminhões elétricos também custam mais do que os modelos convencionais. Isso se deve principalmente aos conjuntos de baterias, que chegam a compor 50% do valor do veículo.

A relação custo-benefício passa pela quantidade de quilômetros que o caminhão deverá rodar. “Um veículo que necessite rodar somente 50 km/dia necessitará de uma bateria menor do que um que necessita rodar 150 km/dia”, diz Siqueira, lembrando que ainda não há baterias de alta densidade no Brasil. “Teremos de iniciar a produção com componentes importados até que a cadeia de suprimento nacional esteja apta”, afirma o executivo da Volkswagen.

A expectativa, porém, é a de que o custo total de operação de um veículo elétrico fique similar ao diesel em alguns anos. Até porque o alto investimento inicial poderá ser compensado com o baixo custo de abastecimento e de manutenção. Motores elétricos apresentam, em geral, um desgaste menor com relação aos movidos à combustão. Além disso, têm menos componentes e não precisam de óleo para evitar seu superaquecimento.

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Colaboração técnica

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Leandro Siqueira – Engenheiro mecânico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, especialista em engenharia automotiva pela Universidade de Michigan (EUA). É vice-presidente de produto, estratégia corporativa e digitalização da Volkswagen
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Marcos Andrade – Gerente de Produto de Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil