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Centro de distribuição economizará 70% no consumo de água

Localizado em Embu das Artes, empreendimento que consumirá menos 30% de energia recebeu pré-certificado LEED

Publicado em: 20/06/2013Atualizado em: 24/06/2013

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Redação AECweb / e-Construmarket

Estância turística cercada por Mata Atlântica, Embu das Artes, município próximo à capital paulista, receberá em janeiro de 2014 um centro de distribuição pré-certificado LEED pelo Green Building Council (USGB). O Distribution Park Embu II será o primeiro empreendimento certificado da Hines do Brasil em território nacional. O novo galpão logístico, assinado pelo arquiteto Nelson Dupré, terá área locável de 52,3 mil metros quadrados. A execução da obra é da Libercon Engenharia e a consultoria de sustentabilidade coube à OTEC.

“A decisão da Hines de certificar seu primeiro empreendimento com o LEED foi tomada na aquisição do terreno. Estávamos expandindo nossa operação na região, onde já temos o Distribution Park Embu. Entendemos que um centro de distribuição sustentável seria natural num município que tem a imagem de cidade ‘verde’, cercada por muita vegetação”, afirma Benny Finzi, diretor da empresa.

Ele observa que o mercado brasileiro de centros de distribuição sempre foi muito carente de empreendimentos modernos, dotados de tecnologia que ajudem na sua operação. Segundo ele, a modernidade começa por um pé-direito mais alto, de 12 metros; piso de elevado desempenho; e itens de segurança contra incêndio, entre outros. “Essas características vão mais longe, quando se pensa num galpão certificado LEED”, ressalta, elencando as providências que serão embarcadas no Distribution Park Embu II: “O novo empreendimento terá pavimentação externa e cobertura mais claras, com alto índice de reflexão solar. O paisagismo empregará vegetação nativa, o que vai praticamente dispensar o consumo de água para irrigação”.

InovaÇÃo

O desempenho energético é um dos pontos altos do empreendimento, que terá placas prismáticas no telhado para entrada de luz. “Reeditamos, ali, recursos de coberturas termoacústicas comuns aos outros galpões da Hines, utilizando uma manta que assegura essas características. Estão previstas seis trocas de ar por hora, com 50% de ocupação do galpão. Mas a grande inovação nesse projeto será o gerenciamento da iluminação artificial, feito através de sensores. Com isso, as luzes do galpão só serão acionadas, quando não houver luminância externa suficiente”, explica.
A redução de consumo de energia, estimada a partir dessas soluções, chega a 30%.

Os módulos do Embu II serão dotados de medidores individuais de energia, de modo que o inquilino possa gerenciar o consumo em três níveis: ar-condicionado nos escritórios, luzes do galpão e tomadas.

A economia no consumo de água – que deve chegar a 70% se comparada a edificações em sistemas convencionais – virá da instalação de vasos com caixa acoplada e descarga dual flux, e metais economizadores acionados por temporizadores. Tudo isso é complementado pelo reúso de água pluvial nos banheiros. “O fato de se tratar de um empreendimento certificado facilita, em parte, a obtenção da licença ambiental, ao assegurarmos a permeabilidade do solo, manutenção de área verde e de vegetação nativa”, assegura Finzi, contando que a agência ambiental elevou, no entanto, as exigências quanto ao tratamento de efluentes para reúso. A solução encontrada foi tratar os efluentes e fazer reúso apenas da água pluvial.

“O comissionamento também deverá colaborar, tanto na economia de água quanto de energia, documentando a execução de todas as instalações de acordo com o projeto. No futuro, o usuário terá esses registros em mãos para, eventualmente, fazer alterações na edificação de maneira eficiente”, adianta. Na fase de obras, está sendo dada destinação correta aos resíduos, reciclando materiais e utilizando, ao máximo, itens regionais, além do uso de madeira certificada.

Por que certificar

Entre as várias certificações de impacto ambiental, a Hines optou pelo LEED por ser o selo mais difundido no mercado brasileiro e englobar todos os quesitos dos demais. “As multinacionais entendem melhor o conceito estabelecido pelo USGBC, do que dos selos como o Procel. Até mesmo os investidores, que são grandes fundos de pensão, reconhecem o valor do LEED”, destaca o diretor.

Na percepção da Hines, que é uma das fundadoras do USGBC, algumas empresas consideram a certificação como indicador de qualidade daquilo que produzem. Ou seja, o selo agrega valor à marca de quem está sediado num empreendimento sustentável. “Entendemos que, no futuro, o mercado vai demandar cada vez mais imóveis com inovações de sustentabilidade. Esse movimento tende a dar maior liquidez ao empreendimento, que pode ser alugado por valor maior ou mais rápido, sofrerá menor depreciação e, até mesmo, valorização do ativo quando colocado à venda”, argumenta.
Para a Hines, o custo da construção do Embu II será de 2% a 3% maior. Mas o principal beneficiário de todas as práticas de sustentabilidade implementadas será o inquilino, que ganha com a redução do custo operacional do galpão. “Essa economia poderia determinar um valor maior do aluguel ou a conquista da preferência do locatário”, comenta Finzi, lembrando que é diretriz da empresa certificar com o LEED todos os seus empreendimentos corporativos, principal segmento de seus investimentos.

Recentemente, a Hines foi ranqueada pela revista Commercial Properties Executive como a maior empresa do mundo em investimentos imobiliários. A empresa, com mais de 10 milhões de metros quadrados de ativos, tem 199 empreendimentos em 18 países. Em território brasileiro já incorporou um total de 15 projetos, o equivalente a 1,5 milhão de metros quadrados. O Brasil é o único país em que a empresa incorpora no segmento de galpões logísticos.


COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA

Benny Finzi – Diretor da Hines do Brasil, formado em administração de empresas pela EAESP/FGV em 1999. Fez MBA em Tuck School of Business at Dartmouth College em 2008. Na Hines há cinco anos, é responsável por aquisição e desenvolvimento de projetos corporativos e industriais. Finzi é LEED Accredited professional pela USGBC.