China com requinte e sofisticação tecnológica
O executivo René Porto, vice-presidente da Sany Indústria do Brasil, concedeu uma entrevista exclusiva destacando o desempenho da empresa nas vendas de guindastes no último ano
Estruturadas com ampla rede de dealers, distribuição de peças e atendimento pós-venda, as fabricantes chinesas de equipamento estão cada vez mais consolidadas no Brasil, inclusive liderando as vendas de alguns tipos de máquina. Um exemplo disso é a Sany Indústria do Brasil, que aportou no país em 2007. Hoje, a empresa é a líder nacional na comercialização de guindastes, com mais de 200 unidades vendidas em 2014 e 35% do market share.
Confira a entrevista com René Porto, vice-presidente da fabricante chinesa aqui no Brasil:
Portal dos Equipamentos – Fale sobre os números da Sany nesse mercado.
René Porto – Ultrapassamos a casa dos 200 guindastes em 2013, um considerável crescimento em relação a 2012. Isso significa mais de 35% do market share.
P. E. – Como vocês avaliam esse desempenho na atual realidade do país?
René – O mercado está arrefecido, repleto de obras que ainda não saíram das promessas. O país atravessa uma fase difícil até alcançar estabilidade nas vendas de equipamentos. Contudo, fazemos um trabalho sério, determinado, com planos concretos de nacionalização, e os clientes entendem isso, sabem que continuamos apostando no Brasil.
P. E. – Diante disso, qual a estratégia da Sany para as vendas nos próximos meses?
René – Vamos continuar com nossa força de vendas e ações estratégicas. Sabemos que não será fácil, afinal o Brasil vive um período de incertezas, com Copa e eleições pela frente. Só com a retomada de algumas obras do PAC e diversas licitações em infraestrutura, acreditamos que o mercado voltará a melhorar.
P. E. – Na atual conjuntura, o segmento de guindastes está mais aquecido que o da linha amarela?
René – De acordo com o estudo de mercado divulgado no fim de 2013 pela Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração), haverá em 2014 um aumento de 5% a 7% nas vendas de guindastes, gruas, minimáquinas e manipuladores telescópicos. Para a linha amarela, a pesquisa prevê queda de 3,3%, embora de janeiro a março deste ano a Sany tenha batido o recorde de vendas de escavadeiras, com números superiores aos do mesmo período do ano passado.
Deve-se levar em conta que a capilaridade da linha amarela é bem maior que a de guindastes, embora os dados mostrem que o setor de equipamentos está passando por uma importante transformação no Brasil, onde outras linhas de equipamentos de igual importância operacional e comercial que a linha amarela, que tradicionalmente liderava as pesquisas, conquistam espaço nas frotas.
P. E. – Isso significa que o setor caminha para uma maior diversidade nas frotas, com vendas mais equilibradas, sem o alto aquecimento de 2010 nem a baixa de 2013, por exemplo?
René – Há cerca de cinco anos, os números eram superlativos nesse mercado, principalmente para a linha amarela, embora não houvesse tantos tipos de equipamento. Atualmente, o Brasil dispõe de maior oferta de tipos e modelos que começam a ganhar espaço nos canteiros de obras. O momento vivido hoje nesse setor é, sem dúvida, uma fase de reajustes que antecede a uma futura linearidade nas vendas no Brasil para os próximos anos.
As marcas que vieram ao país somente para vender máquinas encontraram um cenário mais difícil do que esperavam. Alguns players estão indo embora devido à retração de mercado e a muitas obras de infraestrutura não acontecerem conforme se previa.
P. E. – Conte sobre os planos da Sany para o Brasil. A empresa continua fortalecida?
René – A fábrica continua em plena operação na cidade de São José dos Campos (SP) desde 2010, produzindo mensalmente uma média de dezoito guindastes e quarenta máquinas da linha amarela, entre escavadeiras, rolos compactadores, motoniveladoras, fazendo 100% da montagem de todas as partes, peças e componentes dos equipamentos, incluindo os processos de soldagem e pintura.
A empresa possui subsidiárias fortes no mundo todo, mas o Brasil está entre as prioridades da matriz. Apesar da desaceleração sentida recentemente, a fabricante aposta numa mudança positiva e continua fortalecida em seu projeto de país, de geração de emprego, nacionalização, disseminação tecnológica, entre outros planos.
P. E. – Como estão os planos de obtenção de Finame?
René – A nacionalização dos equipamentos é um processo complexo, mas ainda neste ano teremos produtos com o conteúdo local exigido. A empresa tem um programa de investimentos no Brasil da ordem de 200 milhões de dólares, o que já inclui o plano de expansão da planta de São José dos Campos.