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Como comprar concreto usinado?

Escolha de fornecedor de concreto dosado em central deve considerar processos de controle de qualidade, tamanho da frota, distância da obra e corpo técnico disponível

Publicado em: 01/02/2023

Texto: Juliana Nakamura

foto de uma pessoa segurando uma espátula e uma tabua com argamassa líquida em cima
(Foto: Shutterstock)

O concreto usinado é aquele produzido em uma central na qual a dosagem dos materiais utilizados ocorre de forma automatizada e monitorada. Neste modo de fornecimento, os insumos são pesados eletronicamente em silos. Já no concreto produzido em obra, os componentes são medidos em baldes, de modo mais empírico. Essa diferença faz com que o traço obtido pelas concreteiras seja mais preciso. “Há, ainda, vantagens como otimização de espaço no canteiro, eliminação de perdas, redução do número de operários, assim como ganho de produtividade e qualidade assegurada”, pontua Vicente Bueno Verdiani, coordenador técnico de mercado da Votorantim Cimentos.

O concreto usinado é misturado e transportado em caminhões-betoneira. Cada veículo tem capacidade para a entrega de 8 metros cúbicos e o volume mínimo a ser transportado não deve ser inferior a 3 metros cúbicos. Uma vez no canteiro, o concreto é descarregado. Esse trabalho pode ser feito manualmente, com o apoio de carrinhos de mão e caçambas para gruas, ou mecanicamente, via bomba estacionária ou lança para concreto.

Concreto bombeável dosado em central
Concreto convencional dosado em central
Serviço de bombeamento de concreto

Como fazer pedido de concreto usinado?

Há uma série de informações extraídas do projeto estrutural que o construtor precisa disponibilizar para a concreteira. “Quanto mais informações a empresa fornecedora tiver, melhor. Mas dados essenciais são resistência à compressão (FCK), módulo de elasticidade, abatimento, liberações para desforma, altura, necessidade de controle de temperatura, diâmetro máximo dos agregados e acesso ao local”, cita Álvaro Sérgio Barbosa Júnior, coordenador técnico de projetos e programas na Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem (Abesc).

A partir do pedido, a prestadora do serviço deve analisar o melhor trajeto da central à obra e apresentar uma solução para que o tempo para lançamento e adensamento não ultrapasse os 150 minutos estipulados por norma técnica. “O tempo começa a contar a partir da adição de água na central dosadora e pode ser controlado pelo contratante através do horário indicado na nota fiscal”, explica Verdiani.

Como escolher uma concreteira?

Por envolver um material de alta criticidade, a seleção do fornecedor de concreto precisa ser criteriosa contemplando indicações de outras construtoras ea análise do histórico de obras realizadas. Também vale a realização de uma visita técnica para certificar-se dos controles de qualidade realizados na concreteira. “É necessário, ainda, considerar a distância entre a central e a obra, o tamanho da frota disponível, bem como o corpo técnico e comercial oferecido”, comenta Barbosa Júnior.

Para evitar conflitos e desgastes na contratação, é recomendável a realização de uma reunião pré-obra para alinhamento de todos os pontos necessários. “Também é importante que o contratante certifique-se sobre as garantias que a concreteira oferece sobre o serviço e, se possível, o atendimento pós-concretagem. Isso é fundamental para entender como serão tratados os problemas, caso eles existam”, sugere Verdiani.

Cuidados no recebimento do concreto usinado

Antes do recebimento, a área de concretagem deve ser preparada, com fôrmas limpas, escoramento, armaduras metálicas e tubulações (no caso de concreto bombeável) montados. Tanto a equipe de concretagem, quanto a de controle tecnológico precisam estar a postos.

Como condição para iniciar a concretagem, a construtora deve solicitar à empresa prestadora do serviço a carta traço do concreto. Neste documento é possível verificar a descrição dos materiais e se eles estão de acordo com o apresentado na nota fiscal do produto.

No recebimento, não se pode deixar de verificar o abatimento do concreto. Também é imprescindível respeitar o horário-limite para lançamento e adensamento e checar se a mistura está coesa. “Construtoras que possuem laboratório externo, devem assegurar que o procedimento empregado esteja em conformidade com as normas técnicas vigentes”, destaca Vicente Verdiani, enfatizando a importância da correta execução e manuseio dos corpos de prova para mitigar erros e desvios no controle.

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Colaboração técnica

Vicente Bueno Verdiani – Formado em engenharia de materiais, possui MBA em Gestão Empresarial. Mestrando na Universidade Federal de São Carlos, possui experiência de 10 anos atuando no mercado da construção civil, com suporte técnico aos clientes e atendimento pós-venda. É coordenador técnico de mercado da Votorantim Cimentos para a região Sudeste.
Álvaro Sérgio Barbosa Júnior –Engenheiro civil, pós-graduado em gestão de custos na Construção civil e mestre na área de transportes/pavimentação. É coordenador técnico de projetos e programas na Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem (Abesc).