Como contratar empresas de pintura predial? Veja dicas e recomendações
Análise da reputação do prestador de serviço no mercado e garantia de que a equipe técnica cumprirá todos os requisitos de segurança durante o trabalho estão entre os cuidados necessários
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Processo de contratação envolve visitas técnicas antes da formalização da proposta (shutterstock.com / omphoto)
Quando a construtora ou condomínio opta por pintar a fachada da edificação, as definições de cor e do tipo de acabamento aparecem entre as principais preocupações. Porém, tão importante quanto é a escolha do fornecedor que prestará o serviço. A qualidade final do revestimento tem relação direta com a capacidade técnica dos responsáveis em executá-lo, e a contratação da empresa ideal passa por variadas análises.
“É recomendada a solicitação de diferentes orçamentos e exclusão daqueles com menores e maiores valores, dando preferência aos que ficam na faixa intermediária. Depois desse primeiro filtro, é preciso verificar a documentação, além da apuração sobre a existência de reclamações ou processos civis — principalmente os movidos por condomínios”, explica Roberto Mendes, técnico da Globo Pinturas — Pintura Predial.
A busca tem que considerar se a empresa possui os cursos exigidos pelas Normas Regulamentadoras (NRs). “Pesquisa a ser realizada é se há inscrição no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e sobre o fornecimento da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)”, informa Mendes. É importante, ainda, atenção a alguns detalhes, por exemplo, se a compra das tintas será feita diretamente com fabricantes ou em lojas. “Pode ser que existam problemas que impossibilitem a negociação direta”, completa.
É recomendada a solicitação de diferentes orçamentos e exclusão daqueles com menores e maiores valores, dando preferência aos que ficam na faixa intermediáriaRoberto Mendes
CONTRATAÇÃO
Ao ser consultado, o prestador do serviço deve ser informado se o empreendimento é comercial, residencial ou industrial. “Ele precisa conhecer o número de pavimentos e de torres da edificação, bem como o endereço”, afirma Denis Bartalini, sócio-proprietário da Spectro Pinturas. A elaboração do orçamento ainda leva em consideração o tipo de trabalho — pintura somente da fachada ou se envolverá muros e áreas comuns.
Nesta fase, é agendada uma data em que o profissional visitará o local para fazer as medições, verificar o revestimento preexistente e conferir se os dados passados no primeiro contato batem com a realidade. “É comum a empresa de pintura ser acionada pelo zelador, porém o síndico atender o técnico na inspeção. Essa mudança de responsáveis pode causar divergências”, conta Bartalini.
O especialista aproveita a vistoria para analisar se existem elementos construtivos capazes de representar dificuldades na execução do trabalho. “Essa etapa serve para criação do panorama geral sobre o que precisa ser feito. Todos os detalhes coletados, juntamente de fotos, são usados para formalização da proposta”, afirma Bartalini. Na vistoria prévia, é recomendada a presença do técnico de segurança, que estudará como o sistema de amarração será fixado.
Por fim, é elaborada a proposta técnica com todo o escopo dissecando as etapas do serviço, que devem ser realizadas em conformidade com a ABNT NBR 13245 — Tintas para construção civil — Execução de pinturas em edificações não industriais — Preparação de superfície. O documento apresenta, ainda, prazos de validade, garantia do trabalho, seguro de vida dos operários, certidões negativas, entre outros.
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DEFINIÇÃO DAS CORES
Existem condomínios que proíbem a troca de cores na fachada sem a aprovação em assembleia. Quando o resultado da votação é pela alteração, a escolha da tonalidade deve ser baseada nos catálogos atualizados dos fornecedores de tintas. “Isso porque o sistema self color é muito mais caro”, comenta Mendes. “Antes de iniciar a aplicação, podem ser realizados simulações digitais e testes práticos na superfície, a fim de averiguar”, completa Bartalini.
O prestador de serviço tem a liberdade de auxiliar os responsáveis pelo empreendimento nessa fase de escolha. Por exemplo, informando quais cores conseguem camuflar melhor a sujeira causada pela poluição, passando noções básicas de combinações de tonalidades e indicando os acabamentos mais comuns.
As tintas recomendadas para as fachadas são as premium, que garantem maior resistência e proteção contra intempéries, além de apresentarem durabilidade elevada. “Caso ocorram divergências nos lotes, resultando em alterações de tonalidades na superfície, o fabricante é responsável por arcar com a perda de material e pela mão de obra necessária para a nova pintura”, conta Bartalini.
Caso ocorram divergências nos lotes, resultando em alterações de tonalidades na superfície, o fabricante é responsável por arcar com a perda de material e pela mão de obra necessária para a nova pinturaDenis Bartalini
PRÉDIOS NOVOS X HABITADOS
A grande diferença do empreendimento habitado para aquele ainda em construção são justamente os moradores. “No primeiro caso, devemos ter atenção redobrada com o fator humano”, ressalta Bartalini. Para evitar problemas, certos cuidados são indispensáveis, como cobrir veículos com capa protetora apropriada ou retirar os carros do local; solicitar aos moradores que fechem as janelas nos períodos em que os profissionais estarão trabalhando; e restringir o uso de piscinas e quadras poliesportivas.
“Outra dica é para o jardim. Se for coberto por lona plástica comum, pode acabar queimando a vegetação. O ideal é usar algum tecido ou cobertores específicos”, destaca Mendes, detalhando que o processo de pintura é organizado em função da vida no condomínio. “São recomendadas faixas de aviso, limitações de acesso e saídas alternativas enquanto o trabalho está em execução”, diz.
O prédio que está em construção demanda cuidados menos rígidos. Por exemplo, como os pisos geralmente ainda não foram colocados, as exigências com a limpeza são menores.
Às vezes, a empresa de pintura entra no canteiro e encontra a execução da obra atrasada. Como o revestimento figura entre as etapas finais, a pressão pela entrega é crítica. Nesses casos, algumas construtoras adotam certas atitudes questionáveis. “Aconteceu de trabalharmos ao mesmo tempo em que içavam os guarda-corpos das sacadas. As estruturas rasparam na fachada que já havia recebido a tinta, forçando nova aplicação”, conta Bartalini.
SEGURANÇA
De acordo com as NRs de trabalho em altura, os pintores devem passar por cursos antes de realizar qualquer atividade. “Os profissionais são submetidos a treinamentos anuais. Também é necessária bateria de exames médicos que verificam se há problemas de saúde que os tornem inaptos”, informa Mendes. As normas exigem ainda o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como capacete e óculos.
As cadeirinhas devem sempre ser homologadas e apresentar placa com os dados do Ministério do Trabalho. “É importante lembrar que as fabricadas a partir da madeira são irregulares e bastante perigosas”, adverte Mendes. O equipamento precisa ter cinto de segurança e alavanca trava-quedas, para ser acionada em caso de acidentes. “Existem cordas adequadas, como as de bombeiro, que suportam até duas toneladas e vêm em duplas, sendo uma de segurança”, complementa.
EQUIPAMENTOS
As ferramentas para o trabalho são variadas e a escolha acontece em função do tipo de pintura. Há rolo específico para textura e outro usado em pinturas, além das espátulas, desempenadeiras e escovas de aço. “O operário não sobe com a lata cheia, por conta do peso. O cálculo é feito para a tinta durar todo o período em que o profissional estará em altura. Caso necessário, a equipe em terra pode reabastecê-lo”, explica Mendes.
Recentemente, o mercado lançou uma novidade que elimina a necessidade de o pintor ficar descendo as latas. “O equipamento se assemelha às bombas de gasolina. O profissional aperta o gatilho e a tinta viaja pela mangueira até alimentar o rolo automaticamente. Assim, não é preciso ficar repetindo o movimento de molhá-lo nas embalagens, promovendo maior limpeza com a minimização de respingos e acelerando o trabalho”, detalha Bartalini.
PÓS-OBRA E GARANTIAS
O Código de Defesa do Consumidor determina que a garantia do trabalho seja de cinco anos. Para manter o aspecto visual por longos períodos, os prestadores de serviço recomendam lavagens periódicas da fachada. “Quando a pintura acaba, os trabalhadores realizam a limpeza do condomínio, afinal, mesmo com todos os cuidados sempre ocorrem respingos. Então, é preciso limpar as pingadeiras, esquadrias, vidros e pisos”, finaliza Mendes.
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Colaboração técnica
- Denis Bartalini – Administrador de Empresas formado pela Universidade Paulista UNIP (Campus Anchieta). Ingressou na Spectro Pinturas como Supervisor de Obra, no ano de 1999. Gerenciou a área de Supervisão da empresa, no ano de 2000, e desde 2012 é sócio-proprietário da empresa.
- Roberto Mendes – Atua na área de pinturas há oito anos, é técnico da Globo Pinturas — Pintura Predial.