Como evitar falhas na impermeabilização de estruturas de concreto
Especificação do sistema mais adequado e detalhes de execução são pontos que merecem atenção especial
A escolha do produto para impermeabilização deve ser feita conforme as características da estrutura (foto: Volodymyr Plysiuk/shutterstock)
Uma das etapas construtivas mais importantes para evitar manifestações patológicas, como degradações precoces, infiltrações, eflorescências e corrosão de armaduras, a impermeabilização deve ser projetada e executada com cuidado. Do contrário, corre-se o risco de desperdiçar todo o esforço e investimento realizados para proteger a estrutura contra a ação indesejável da água e da umidade.
Desde o momento da escolha do melhor produto, impermeabilizar estruturas de concreto é uma atividade que envolve uma série de detalhes técnicos e minúcias. Confira a seguir, quatro erros tão comuns quanto graves relacionados à impermeabilização de estruturas de concreto.
1) Erro de especificação
O mercado disponibiliza diferentes tecnologias capazes de formar uma barreira física para conter a propagação da umidade e evitar infiltrações. Diante de tantas alternativas, não é difícil optar por um sistema de impermeabilização inadequado. "Há, por exemplo, produtos flexíveis indicados para as estruturas expostas ao sol e que sofrem contínuas expansões e contrações, como as lajes de coberturas. Há, também, produtos com características mais rígidas que se compatibilizam melhor com constante contato com umidade", explica o engenheiro José Miguel Farinha Morgado, diretor executivo do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI).
A definição do sistema mais adequado depende de uma série de fatores, como movimentação estrutural, exposição a fenômenos climáticos, tráfego de veículos e pessoas e exposição a agentes químicos. “O princípio de tudo deve ser a elaboração de um projeto de impermeabilização, atendendo a ABNT NBR 9575 – Impermeabilização – Seleção e projeto, no qual as necessidades da obra, de cada área e de cada uso são analisadas”, complementa o engenheiro e consultor Marcos Storte.
Leia também:
5 desafios comuns na gestão da qualidade na construção civil
Conheça 5 problemas gerenciais com os quais os engenheiros devem lidar nas obras
2) Falha na preparação do substrato
Também não devem ser negligenciados os arremates junto às interferências, como ralos e calhasMarcos Storte
Embora envolva execução relativamente simples, impermeabilizar não pode prescindir de mão-de-obra especializada. Isso fica evidente quando detectados erros na preparação do substrato. Independente do produto escolhido, a superfície a ser tratada deve estar limpa, seca, regularizada, sem partes soltas, sem falhas de concretagem e sem cantos vivos. A regularização é uma etapa importante e deve ser feita com argamassa elaborada com traço compatível com as condições de aplicação. “Também não devem ser negligenciados os arremates junto às interferências, como ralos e calhas”, salienta Storte.
3) Descumprir as instruções do fornecedor
Cada impermeabilizante possui uma característica e uma forma de aplicação. Por isso, é
fundamental que sejam obedecidas as orientações do fabricante, tanto na mistura dos componentes, quanto na aplicação.
Por melhor que seja o sistema impermeabilizante, de nada adianta se ele não for bem aplicado. Uma dica é recorrer sempre a aplicadores especializados, que sejam recomendados pelo fabricante e que possua equipe técnica compatível com o porte da obraJosé Miguel Farinha Morgado
Alguns erros de execução costumam ocorrer, justamente, com os produtos que têm a facilidade de serem aplicados como pintura, com trincha ou rolo. Nesses casos, é importante que sejam respeitadas as quantidades aplicadas e as espessuras de cada camada que compõe o sistema. Outro ponto crítico que muitas vezes é deixado de lado é o intervalo de tempo recomendado para a secagem entre demãos.
“Por melhor que seja o sistema impermeabilizante, de nada adianta se ele não for bem aplicado. Uma dica é recorrer sempre a aplicadores especializados, que sejam recomendados pelo fabricante e que possua equipe técnica compatível com o porte da obra”, destaca Morgado.
4) Falta de proteção da impermeabilização
Em especial no caso de mantas asfálticas, é fundamental impedir que a impermeabilização aplicada seja danificada ainda durante a execução da obra. Isso pode ocorrer, por exemplo, pela colocação de pregos, luminárias, para-raios e antenas, pisos e revestimentos.
Uma precaução importante é interditar o tráfego sobre lajes recém-impermeabilizadas somente para os profissionais da obra. Além disso, após a realização do teste de estanqueidade, deve ser executada uma camada de proteção mecânica composta por argamassa traço 1:3 ou 1:4 (cimento: areia). De acordo com a ABNT NBR 9575 - Impermeabilização Seleção e Projeto, o dimensionamento da camada de proteção mecânica deve ser proporcional ao nível de solicitação da área tratada.
Leia mais: Impermeabilização corretiva custa até quatro vezes mais que a preventiva
Colaboração técnica
- José Miguel Farinha Morgado – Engenheiro civil com MBA em negócios e inovação pela Barry University e pela University of Nevada. É diretor executivo do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI) e consultor.
- Marcos Storte – Engenheiro civil com mestrado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). É consultor nas áreas de patologias e impermeabilização nas construções e diretor técnico da A2S Engenharia e Perícia.