Como fazer o isolamento acústico de shopping centers?
A praça de alimentação é um dos locais críticos desses empreendimentos, exigindo soluções que vão do controle da quantidade de frequentadores até a utilização de materiais que promovem isolação acústica. Veja dicas e materiais
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Em locais com grande circulação de pessoas, como shopping centers, o controle de ruídos é feito com base nos materiais absorventes sonoros (Foto: xSquared/Shutterstock)
Empreendimentos com grande circulação de pessoas, como shopping centers, exigem tratamento acústico tanto para o ruído que vem de fora como por aquele gerado nos ambientes internos. “No caso do ruído externo, é necessário o controle das emissões sonoras por força de lei, a Resolução n.1 do Conama, de 1990”, aponta Marcos Holtz, sócio-diretor da Harmonia.
Porém, para tratar do barulho interno, não existe no país legislação específica e há pouca referência normativa, apenas a NBR 10152 – Acústica — Níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações. Assim, só resta aos especialistas adotar critérios de normas internacionais ou soluções propostas na literatura técnica.
O esforço que utilizamos para falar depende do ruído de fundo. Quanto mais alto for, maior o esforço vocal, provocando cansaço e aumento do nível sonoro global, o que pode tornar a permanência nesses locais muito desconfortávelMarcos Holtz
Nos shopping centers, as áreas críticas são as praças de alimentação, os locais de eventos e aqueles que sediam equipamentos em geral, como centrais de água gelada e de geração de energia. O barulho nas praças de alimentação precisa e pode ser reduzido. “O esforço que utilizamos para falar depende do ruído de fundo. Quanto mais alto for, maior o esforço vocal, provocando cansaço e aumento do nível sonoro global, o que pode tornar a permanência nesses locais muito desconfortável”, descreve Holtz, referindo-se ao chamado efeito Lombard.
Recursos do projeto
Eliminar ruídos é muito complicado, uma vez que a definição de ruído é subjetiva, seria algo como um som indesejado. A mitigação é a melhor palavra para descrever o que é possível fazer. Além do ruído de fundo originado por equipamentos, existem dois principais fatores que podem ser controlados em projetos para áreas de alimentação: a quantidade de pessoas no local e a quantidade de materiais fonoabsorventes.
“Quanto mais absorção sonora, mais reduzimos o nível sonoro, que tende a subir pelo já comentado efeito Lombard. O número de pessoas no local é algo mais difícil de controlar, mas, com base na lotação máxima, é possível calcular o nível sonoro da praça com sua capacidade máxima e verificar se está adequado”, ensina.
Materiais e soluções
O controle do ruído em estabelecimentos de grande circulação deve ser feito com o emprego de materiais absorventes sonoros, como forros, painéis de paredes, baffles e nuvens acústicas. Podem ser industrializados ou executados sob medida em diversos acabamentos e composições, sendo os mais comuns aqueles com acabamento em tecido e miolo em lã mineral ou fibras minerais. “Vários fabricantes disponibilizam uma ou várias destas soluções, como Armstrong, Knauf-AMF, Hunter Douglas, várias empresas do grupo Saint Gobain (OWA/Ecophon/Isover/Placo) e outros”, afirma.
O profissional comenta que uma solução inovadora para absorção sonora que tem feito bastante sucesso, por ser discreta e fácil de instalar, são as membranas acústicas, que permitem um acabamento liso. São fabricadas por empresas como Tensoflex, Barrisol, TPS, Clipso, entre outras. As soluções comumente empregadas para redução do ruído de ar-condicionado são os sistemas antivibratórios nas máquinas e utilização de dutos de ar acústico, normalmente em lã de vidro.
“Apesar de não ser especialista na parte térmica, é possível afirmar que alguns materiais acústicos têm boas propriedades térmicas, como a lã de vidro e de rocha, por exemplo”, diz Holtz, alertando que tanto em casos acústicos quanto térmicos, é altamente recomendável consultar um especialista. Afinal, o fato de o material ser dotado de propriedades acústicas e térmicas, não significa que é adequado para todas as situações.
A questão se torna mais complexa no caso de reformas, pois cada dia de um shopping center fechado implica prejuízos. O ideal é a especificação de materiais prontos, para instalação imediata, como baffles, nuvens ou painéis de revestimentoMarcos Holtz
A especificação do material ideal deve considerar, também, aspectos como custo, rapidez de instalação e fácil manuseio. Materiais com longa vida útil e baixa manutenção são os preferidos para empreendimentos como shoppings, devido à amortização a longo prazo. A questão de custo, rapidez e facilidade de instalação são importantes para avaliação da viabilidade, pois o custo inicial deve caber no orçamento do projeto. “Como equilibrar estas duas variáveis é a grande decisão a ser tomada por clientes e projetistas”, ressalta.
Não há muitas restrições para a escolha de materiais quando se trata de projetos novos. “A questão se torna mais complexa no caso de reformas, pois cada dia de um shopping center fechado implica prejuízos. O ideal é a especificação de materiais prontos, para instalação imediata, como baffles, nuvens ou painéis de revestimento”, orienta Holtz.
Leia também:
Estrutura metálica é solução para cobertura de shopping centers
Colaboração técnica
- Marcos Holtz – É vice-presidente de atividades técnicas da ProAcústica, coordenador da representação do Brasil no TC 43 SC 2 da ISO e relator do GT 1 para normas internacionais de Acústica na ABNT, e relator da revisão de acústica da norma de desempenho NBR 15575. Sócio diretor da Harmonia desde 2001.