Como o BIM 4D transforma o planejamento de construtoras e incorporadoras?
Aplicação da modelagem da informação permite dar mais precisão aos planejamentos e aproxima o BIM dos canteiros de obras
O BIM 4D é visto como uma das novidades tecnológicas mais impactantes para o setor (Foto: Panchenko Vladimir/Shutterstock)
A adoção do BIM (Building Information Modeling) entre as empresas da construção civil brasileira vem avançando em número e em sofisticação. Um indicador disso está na pesquisa “A transformação digital na construção civil” realizada pelo Portal AECweb em 2020. O estudo mostrou que o BIM 4D é visto como uma das novidades tecnológicas mais impactantes para o setor, à frente dos drones, da realidade aumentada e da Internet das Coisas (IoT).
4D é a dimensão do BIM que adiciona a um modelo 3D informações sobre cronograma, sequência de obra e fases de implantação. Por ser um passo além da geometria 3D, sua implantação exige que os objetos modelados carreguem propriedades e classificações para viabilizar o planejamento.
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Principais vantagens do BIM 4D
De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), cerca de 61% das obras realizadas no Brasil são entregues com atraso e 63% delas têm custo final acima do planejado. O BIM pode ajudar a equacionar muitos desses problemas ao melhorar a visualização e o entendimento dos projetos, reduzir problemas de compatibilização, melhorar o controle dos prazos e otimizar o controle dos custos.
A modelagem da informação pode ser aproveitada tanto para a produção de modelos simples e para simular o plano de ataque da obra de modo geral, quanto para elaborar modelos mais detalhados para simular o ataque a uma etapa específica, como, por exemplo, a vedação.
Além disso, o BIM 4D traz para a obra a possibilidade do controle e monitoramento praticamente em tempo real do canteiro, o que permite decisões mais eficazes com as frentes de trabalhoClovis Sant'anna
Ao permitir visualizar virtualmente e mais facilmente a progressão da construção, o BIM integrado ao planejamento viabiliza controles mais assertivos sobre os prazos de execução. Além disso, decisões que provavelmente seriam tomadas em um segundo momento são antecipadas para a etapa de projetos.
“Os benefícios do BIM 4D são perceptíveis em vários setores da companhia. Eles começam com a possibilidade de simular diferentes soluções, facilitando a definição de padrões, e se estendem ao aumento expressivo na precisão da compatibilização de projetos”, comenta Clovis Sant'anna, diretor técnico de obras da construtora e incorporadora RNI.
“Além disso, o BIM 4D traz para a obra a possibilidade do controle e monitoramento praticamente em tempo real do canteiro, o que permite decisões mais eficazes com as frentes de trabalho”, continua o engenheiro, lembrando que tudo isso impacta positivamente a qualidade do produto entregue, o resultado financeiro da companhia e reduz ocorrências de assistência técnica.
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Estudos logísticos mais apurados
No desafiador contexto atual enfrentado pelas construtoras com escassez de insumos básicos, elevação de preços e atrasos no fornecimento, o BIM tem sido ainda mais útil. “Em um cenário no qual os planejamentos estão tendo que ser refeitos, o BIM nos ajuda a ver com clareza quais pontos estão se deslocando do planejado e quais ações podem ser adotadas para melhorar”, conta Priscila Castro, responsável pelo departamento BIM na Sinco Engenharia.
Com ele, conseguimos prever as melhores áreas de armazenamento de materiais, os acessos ao canteiro e o posicionamento ideal de gruas, cremalheiras e demais equipamentos, nos antecipando a eventuais interferênciasPriscila Castro
Ela explica que outro valor agregado pela modelagem é incorporar aspectos relacionados a macrofluxo e logística. “O modelo nos permite ver o todo. Com ele, conseguimos prever as melhores áreas de armazenamento de materiais, os acessos ao canteiro e o posicionamento ideal de gruas, cremalheiras e demais equipamentos, nos antecipando a eventuais interferências”, diz Castro, reforçando que o estudo logístico do canteiro torna-se imprescindível em função da redução do tamanho dos terrenos urbanos.
Desafios de implantação
Até chegar ao estágio de colher ganhos de produtividade e de assertividade de planejamento, as empresas da construção civil percorrem uma jornada de implementação que exige investimento, capacitação e revisão de processos para adaptação a um novo fluxo de trabalho.
“Para implementação de qualquer tecnologia nova, é preciso capacitar todo o corpo técnico, o que demanda tempo. No nosso caso, conciliar essa necessidade de tempo com o crescente volume de lançamentos e obras, foi um desafio”, revela Sant'anna.
Ele pontua que outro obstáculo é o investimento necessário para a aquisição dos softwares necessários. “As licenças já têm custo elevado. Com a atual alta do dólar, os valores tornam-se ainda mais críticos”, lamenta o executivo da RNI.
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Colaboração técnica
- Clovis Sant'anna — Engenheiro civil e industrial, possui MBA em gestão estratégica e econômica de projetos. É diretor técnico de obras da construtora e incorporadora RNI.
- Priscila Castro — Arquiteta e urbanista com MBA em marketing, é gerente de projetos, responsável pelo departamento BIM da Sinco Engenharia. É integrante da comissão de estudos especiais ABNT/CEE 134.