Como pintar estruturas metálicas e protegê-las da corrosão precoce?
As tintas têm a função de dar acabamento e proteção aos elementos de aço. Para acertar na escolha do produto, é preciso levar em conta, entre outros fatores, o ambiente e sua agressividade
A corrosão precoce ocorre pela especificação inadequada das tintas (Foto: Divulgação_WEG Tintas)
A pintura é um dos métodos mais utilizados para dar acabamento e proteger as estruturas metálicas da corrosão. Mas, para garantir maior durabilidade, é imprescindível escolher o material correto. A decisão deve considerar o ambiente e sua agressividade, assim como outros fatores que possam impactar na conservação dos elementos de aço.
Para o engenheiro químico e chefe de vendas técnicas da WEG Tintas, Ramsés Della Libera, as tintas mais comuns disponíveis no mercado encontram-se na versão líquida e em pó. “Para a escolha do melhor sistema de pintura devem ser observados o ambiente e sua agressividade, segundo a norma ISO 12944. Nas soluções de tintas líquidas para ambientes considerados de baixa agressividade (C1/C2) e baixa poluição, por exemplo, pinturas de tintas alquídicas e monocomponentes são excelentes soluções para a proteção anticorrosiva, independentemente se o ambiente for interno ou externo”, afirma o profissional.
Para a escolha do melhor sistema de pintura devem ser observados o ambiente e sua agressividade, segundo a norma ISO 12944Ramsés Della Libera
Já os projetos que se encontram em ambientes de atmosferas industriais e urbanas (C3/C4) necessitam de uma proteção maior. “Para tanto, são desenvolvidos esquemas de pintura através de tintas epóxis e poliuretanas”, esclarece.
Ambientes altamente agressivos (C5-I/C5-M), tais como áreas industriais de alta umidade, áreas marinhas offshore, costeiras e de alta salinidade, requerem tintas resistentes à alta umidade e à névoa salina. De acordo com Adriana de Araújo, pesquisadora do Laboratório de Corrosão e Proteção do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), as tintas em pó ricas em zinco são as mais recomendáveis para fazer um acabamento com proteção necessária contra a corrosão e as intempéries.
“O zinco é usado com sucesso para a proteção do aço por possuir uma excelente resistência à corrosão intrínseca nos mais variados meios de exposição. Além desta característica, o material é anódico em relação ao ferro, o que lhe confere a capacidade de proteger o aço também catodicamente”, explica.
O zinco é usado com sucesso para a proteção do aço por possuir uma excelente resistência à corrosão intrínseca nos mais variados meios de exposiçãoAdriana de Araújo
A especialista garante, ainda, que os mecanismos envolvidos na proteção catódica pelas tintas ricas em zinco são idênticos àqueles envolvidos em processos de revestimento de zinco do aço-carbono por imersão a quente e aspersão térmica. “A proteção do revestimento ao aço requer que ambos os metais estejam expostos a um mesmo eletrólito. Na ausência deste, a proteção do revestimento ao aço restringe-se apenas ao efeito barreira”, diz Araújo.
Segundo Della Libera, a escolha do sistema de pintura entre tintas líquidas e em pó vai depender, ainda, dos custos de produção e da capacidade da linha de pintura, já que nos produtos em pó, por exemplo, faz-se necessário o uso de estufa.
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CONSEQUÊNCIAS DO USO INADEQUADO DO MATERIAL
A corrosão precoce é um dos principais problemas causados pela especificação inadequada. “Qualquer projeto de estrutura metálica possui uma estimativa de vida útil, mas em casos de corrosão precoce haverá a necessidade de manutenção não prevista. E se forem aplicadas tintas de ambientes de alta agressividade em ambientes de baixa, por exemplo, poderá ocorrer um superdimensionamento e, consequentemente, elevar o custo da obra”, explica o engenheiro químico da WEG Tintas.
Além disso, de acordo com o profissional, se a aplicação dos produtos for incorreta, é possível que surjam problemas como enrugamento, falta de aderência, sangramento e ainda levantamento da tinta anterior.
PREPARAÇÃO DA SUPERFÍCIE
O preparo da superfície a ser revestida dependerá do tipo de tinta a ser aplicada e do ambiente onde se encontra. Para o uso de tintas líquidas em regiões de baixa agressividade, é importante realizar a limpeza da superfície com solventes ou desengraxantes, além de lançar mão de um tratamento com jato abrasivo ou fosfatização. Nos ambientes de média agressividade, deve-se priorizar o jateamento abrasivo ao metal quase branco, padrão visual Sa 2 1/2 ou tratamento manual/mecânico, padrão visual St 3. Nos ambientes de alta agressividade, o tratamento da superfície deve seguir o jateamento abrasivo ao metal quase branco, padrão visual Sa 2 1/2.
Para aplicação de tintas em pó em ambientes de baixa e média agressividade, o substrato deve estar livre de graxas, agentes desmoldantes, poeiras ou outros contaminantes, além da recomendação de fosfatização para aumentar a resistência à corrosão. Nos ambientes de alta agressividade, é imperativo realizar a preparação de superfícies com jato abrasivo ao metal quase branco, padrão visual Sa 2 1/2.
MANUTENÇÃO E DURABILIDADE
A durabilidade do sistema de pintura normalmente está condicionada ao tratamento da superfície e à escolha do tipo de pintura. Alguns podem durar mais de 15 anos, dependendo do local da obra e da forma de utilização. “A conservação é muito importante e quase sempre feita por meio do tratamento da superfície utilizando ferramentas manuais e mecânicas, sendo que a tinta também deve ter especificação de como deve ser aplicada”, destaca Della Libera.
Vale lembrar que o principal problema averiguado em pinturas é a forma de sua utilização e os eventuais danos mecânicos. “Nestes casos, a manutenção imediata é fundamental para a durabilidade do revestimento. Além disso, deve-se levar em conta se a manutenção ocorrerá somente nos pontos de corrosão ou na obra toda, já que esses fatores impactam na durabilidade. Por isso, é muito importante consultar um departamento técnico nessa área”, aconselha.
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Colaboração Técnica
Ramsés Della Libera – Engenheiro químico e chefe de vendas técnicas da WEG Tintas.
Adriana de Araújo – Pesquisadora do Laboratório de Corrosão e Proteção do Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT.