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Como projetar salas de yoga?

Verdadeiros ambientes de introspecção, esses espaços precisam atender a requisitos funcionais, sensoriais e estéticos

Publicado em: 16/12/2016

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Mais do que um espaço para a prática de exercício físico, as salas de yoga são locais de reflexão, de meditação e de encontro consigo mesmo. Assim, esse tipo de projeto exige da arquitetura uma abordagem holística, com soluções que podem incluir revestimentos agradáveis ao toque, ventilação natural e conforto acústico.

COMO PROJETAR SALAS DE YOGA?

Embora seja possível ensinar e praticar yoga em espaços reduzidos, as escolas buscam dispor de salas do maior tamanho possível para poder acomodar um grande número de praticantes, seja em aulas regulares ou em workshops.

Salas de iogaConforto térmico e visual, acústica controlada e ambientação adequada são alguns requisitos a serem atendidos na hora de projetar salas de yoga (Foto: project1photography/ shutterstock.com)

Além de amplitude, as salas de yoga precisam dispor de piso antiderrapante e confortável ao toque, já que as pessoas costumam ficar descalças e, muitas vezes, as posições ultrapassam o limite do tapete. “Madeira natural e PVC de alta resistência são ótimas opções, assim como a borracha natural”, comenta a arquiteta Patrícia Totaro.

O ideal é que a sala tenha ventilação cruzada controlada, que possa ser fechada nos dias frios
Joana Elito

As especificidades variam de acordo com o método praticado no espaço. A Iyengar Yoga, por exemplo, utiliza diversos materiais (props), que auxiliam a execução das posturas. Entre eles estão as kuruntas, cordas presas às paredes que precisam suportar o peso dos corpos. “Essa particularidade requer paredes compostas de materiais maciços, como alvenaria, ou com vergas de concreto construídas na altura da fixação das cordas”, explica a arquiteta Joana Elito.

CONFORTO TÉRMICO E VISUAL

Garantir boas condições de ventilação é algo fundamental em salas de yoga. Isso porque, diferente do que ocorre em academias convencionais, nesses espaços busca-se evitar o uso de condicionadores de ar e até mesmo de ventiladores. “O ideal é que a sala tenha ventilação cruzada controlada, que possa ser fechada nos dias frios”, revela Elito. Segundo ela, quando não for possível criar aberturas nas paredes, as aberturas zenitais podem ser uma alternativa para promover a circulação do ar, desde que se mantenha a possibilidade de fechá-las quando necessário. “Há muita transpiração e trocas energéticas em salas de yoga, que exigem soluções que favoreçam a renovação do ar”, explica a arquiteta.

A iluminação natural também é muito bem-vinda nas salas de yoga. É importante, porém, controlar a incidência direta do sol, prevendo cortinas que barrem o calor nas épocas mais quentes do ano.

Paras viabilizar a prática noturna do exercício, é recomendável que o projeto de luminotécnica possibilite iluminação indireta e uniforme em toda a sala, sem ofuscamentos. O uso de dimmer é recomendado para que se possa variar o cenário de acordo com os exercícios propostos – os mais vigorosos combinam com uma luz mais estimulante e os mais relaxantes, com uma luz mais calma.

A ambientação da sala pode seguir uma linha mais tradicional, com madeira e cristais, por exemplo, ou acompanhar um estilo mais contemporâneo, com rasgos na parede e mistura de materiais naturais
Patrícia Totaro

ACÚSTICA CONTROLADA

Em salas de yoga, o conforto acústico deve ser tratado em duas frentes. Em primeiro lugar, o ambiente deve ser isolado acusticamente do ambiente externo, para que sons de fora não atrapalhem o clima da aula e a concentração dos alunos. Dependendo do local de implantação da escola – em vias muito movimentadas, por exemplo – o projeto pode se valer do uso de vidros acústicos.

Se a escola tiver mais de uma sala de aula ou uma recepção separada, é recomendável que as divisórias sejam isolantes. “Se as paredes forem de drywall, é importante optar por chapas duplas com lã de rocha entre elas”, afirma Joana Elito.

Além disso, a música usada na aula precisa ser ouvida de forma adequada por todos os praticantes, sem reverberações e em volume baixo. “Para isso, o projeto deve prever alto-falantes de boa qualidade e bem distribuídos pelo ambiente”, sugere Totaro.

AMBIENTAÇÃO ADEQUADA

Para garantir funcionalidade aos estúdios de yoga, alguns detalhes não podem ser esquecidos. Entre eles, a instalação de um banco – que pode ser usado pelos praticantes para por e tirar seus sapatos – bem como de um local onde possam guardá-los durante o tempo de aula. Também devem ser previstos armários com nichos para acomodar os colchonetes.

O visual do espaço é muito importante para assegurar a atmosfera tranquila e serena desejada. “A ambientação da sala pode seguir uma linha mais tradicional, com madeira e cristais, por exemplo, ou acompanhar um estilo mais contemporâneo, com rasgos na parede e mistura de materiais naturais”, afirma Patrícia Totaro.

Na capital paulista, a Escola de Yoga foi projetada buscando maximizar o aproveitamento de luz e ventilação naturais. “O fato de ser uma construção nova, concebida para esse uso, permitiu uma aproximação das condições ideais, como a sala ampla, com pé-direito duplo, grandes janelas, paredes de alvenaria maciça e o piso de madeira maciça”, conta Joana Elito, uma das autoras do projeto. Ela lembra que, nesse projeto, os caixilhos mais altos, voltados para sudeste, receberam uma espécie de toldo vertical tipo rolô, para barrar a insolação direta do sol.

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Colaboração técnica

Patrícia Totaro
Patrícia Totaro – Arquiteta especializada em instalações esportivas, diretora do escritório com seu nome, associado à Associação Internacional de Arquitetura Esportiva e Recreativa.
Joana Elito
Joana Elito – Arquiteta formada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Paulo, sócia do escritório Elito Associados.