Concreto celular é opção para execução de alvenaria leve
Blocos podem ser utilizados na composição de paredes de vedação. Confira cuidados para a compra e o recebimento deste material
O bloco de concreto celular é três vezes mais leve em comparação ao modelo convencional (foto: IvanovRUS/shutterstock)
Os blocos de concreto celular são uma alternativa às peças de concreto convencional e de cerâmica para a execução de alvenaria sem função estrutural. Seu uso se explica principalmente pelo peso específico, em torno de 500 kgf/m³, valor até três vezes menor do que os equivalentes em concreto convencional. Isso torna o manuseio dos blocos mais fácil, eleva a produtividade no canteiro e, ainda, reduz o peso global da estrutura.
O desempenho térmico é outro ponto que justifica o interesse por esse material. “A baixa densidade dos blocos é proporcionada pela incorporação de micro bolhas de ar no processo de fabricação. Tal característica resulta em um material de baixa condutividade térmica e consequentemente baixa transmitância térmica, proporcionando um ótimo desempenho térmico na parede”, explica o engenheiro Cláudio Oliveira Silva, gerente da área de inovação e sustentabilidade da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
Outra particularidade dos blocos de concreto celular está em suas dimensões. Por serem mais leves, as peças podem possuir dimensões maiores, o que também colabora para uma maior produtividade na execução da alvenaria. Os blocos costumam ser oferecidos nas medidas 60 x 30 cm e 30 x 25 cm em quatro espessuras diferentes: 7,5 cm, 10 cm, 15 cm e 20 cm.
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BLOCOS AUTOCLAVADOS
Os blocos de concreto celular são produzidos a partir de agregados (areia e brita), cimento Portland e água. Diferente dos blocos convencionais, em sua mistura há o acréscimo de um agente expansor, responsável por criar as bolhas de ar.
O concreto celular pode ser produzido pelo processo de autoclave ou pela incorporação de espuma. Os do primeiro grupo devem cumprir às especificações da norma ABNT NBR 13.438 – Blocos de concreto celular autoclavado. Já os blocos de concreto celular espumoso são fabricados a partir da geração de espuma ou pela incorporação de aditivos. Não existe uma norma específica para este tipo de bloco. “Mas é possível se basear nos mesmos requisitos exigidos para os blocos de concreto celular autoclavados”, comenta o gerente da ABCP.
Com resistência à compressão em torno de 2,5 MPa, os blocos de concreto celular são bastante aproveitados em vedações e em situações que exigem redução de peso, como na composição de shafts e no enchimento de lajes nervuradas. Os blocos também podem ser aproveitados na construção de paredes corta-fogo.
COMO COMPRAR?
Há uma série de requisitos para a seleção de blocos de concreto celular. Dimensões nominais e tolerâncias, resistência à compressão e desempenho estrutural são algumas delas. Características visuais, ou seja, a presença de defeitos como trincas, quebras e superfícies irregulares, bem como a qualificação ou certificação do produto são outros fatores que merecem ser considerados no momento da compra. “É importante verificar se os requisitos da NBR 13.438 estão sendo atendidos em relação à variação dimensional, modulação, densidade e resistência à compressão”, salienta Cláudio Oliveira.
As paredes com blocos de concreto celular são levantadas de forma similar às de alvenaria comum, inclusive com relação à amarração e aos encontros dos blocos. Assim como nos outros sistemas, a parede executada deve atender aos requisitos relacionados à segurança estrutural, desempenho térmico, desempenho acústico, estanqueidade, e segurança ao fogo prescritos na ABNT NBR 15.575 - Edificações habitacionais - Desempenho. “Nesse caso, o conjunto de componentes utilizados na parede é avaliado e não o bloco individualmente, considerando-se o conjunto formado com a argamassa de assentamento e os revestimentos aplicados na parede”, diz Oliveira.
LOGÍSTICA NO CANTEIRO
Em função de suas características, os blocos de concreto celular exigem cuidados no recebimento e no armazenamento no canteiro para evitar perdas. Recomenda-se, em primeiro lugar, a realização de testes visuais em pelo menos uma amostra de cada lote com dez blocos. Também deve-se verificar se as dimensões das peças estão de acordo com o pedido.
Uma vez no canteiro, os blocos precisam ser armazenados em local coberto, seco e ventilado. Quando isso não é possível, a orientação é proteger as pilhas com lonas plásticas. Mas é importante evitar, de toda maneira, o contato direto dos blocos com o solo.
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Colaboração técnica
- Cláudio Oliveira Silva – Engenheiro civil com mestrado pela Universidade de São Paulo. É gerente da área de inovação e sustentabilidade da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e professor no curso de engenharia da Universidade São Judas Tadeu.