Concreto compactado com rolo adiciona velocidade na execução da pavimentação
Solução de uso consagrado no Brasil requer cuidados especiais quanto à sua dosagem, preparo e aplicação. Saiba mais:
Esse tipo de concreto é amplamente utilizado como base ou sub-base de pavimentos (Foto: Mumemories/Shutterstock)
O concreto compactado com rolo (CCR) não é uma novidade em obras de pavimentação. Também conhecido como concreto rolado, trata-se de uma solução amplamente utilizada como base ou sub-base de pavimentos e, também, como camada de rolamento ou camada de revestimento.
O concreto rolado é um concreto seco com consistência e trabalhabilidade que permite sua compactação através de rolos compressores. Ele se caracteriza por alta resistência à compressão e custo mais baixo quando comparado ao concreto convencional. Em função de sua consistência, o CCR permite o lançamento de uma camada de concreto logo após a anterior ter sido finalizada. Com isso, a velocidade de execução da obra aumenta.
Embora tenha outras utilizações, a principal aplicação do concreto rolado em pavimentação é como sub-base de pavimentos rígidosRubens Curti
"Embora tenha outras utilizações, a principal aplicação do concreto rolado em pavimentação é como sub-base de pavimentos rígidos. Nesses casos, ele agrega vantagens como grande capacidade de uniformizar o suporte da fundação, ser incompressível e não bombeável, aumentado a durabilidade da estrutura", comenta o engenheiro Rubens Curti, supervisor técnico na Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
DOSAGEM CUIDADOSA
Embora tenha aplicação simples e práticas de amplo domínio da comunidade técnica, o CCR deve ser produzido e aplicado acompanhado de algumas boas práticas. Atualmente ele é aplicado com vibroacabadoras de asfalto e compactado com rolos compressores metálicos lisos e de pneus.
O controle da dosagem de água é um ponto crítico na produção desse concreto e está relacionada diretamente à densidade, resistência mecânica, trabalhabilidade e comportamento mecânico após endurecimento.
A quantidade de água é a máxima possível até a obtenção da massa específica aparente máxima. O cálculo dessa quantidade é obtido através de uma metodologia denominada curva de compactação. "Essa quantidade de água pode variar em função da curva granulométrica do CCR, da destinação, da energia de compactação, etc, mas se situa geralmente entre 5,5% a 7% em relação à massa total do CCR", explica José Vanderlei de Abreu, gerente de produtos da LafargeHolcim.
CONTROLE DE EXECUÇÃO
O controle tecnológico do concreto compactado com rolo deve se atentar à qualidade e dosagem dos materiais, à granulometria de cada agregado, ao tempo de mistura, à umidade para transporte no estado fresco, e à massa específica aparente máxima.
É necessário ter na frente de serviços uma balança e um fogareiro para verificar a umidade do concreto e só descarregar o caminhão se a umidade estiver de acordo com o que foi definido em laboratórioMarcos Dutra de Carvalho
Em especial sobre o controle da água do traço é fundamental a realização de ensaios logo que o concreto chega na obra. "É necessário ter na frente de serviços uma balança e um fogareiro para verificar a umidade do concreto e só descarregar o caminhão se a umidade estiver de acordo com o que foi definido em laboratório", explica Marcos Dutra de Carvalho, líder do Núcleo de Especialistas em Pavimentação da ABCP.
Segundo ele, também é importante que seja medido o grau de compactação, a resistência mecânica, a espessura final do pavimento, e a taxa de aplicação da emulsão asfáltica. "O controle de execução é feito pelo grau de compactação da camada, pela medição da resistência mecânica e pelo controle da espessura e das cotas da camada acabada por meio do plano cotado", diz Dutra, ressaltando que todos esses procedimentos estão estabelecidos na norma DNIT 056/2013.
Como ocorre com outros tipos de concreto, a cura deve ser cuidadosa. O mais usual, nos casos em que o concreto rolado vai receber uma placa de concreto, é a execução de uma pintura com emulsão betuminosa (emulsão catiônica).
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
Todos os concretos e derivados de cimento estão suscetíveis a manifestações patológicas quando cuidados básicos e boa técnica de aplicação não são observados. Em especial no concreto rolado há três situações que merecem atenção especial, segundo Abreu:
• Falha de compactação quando a umidade ideal não é observada com rigor. Isso resulta em baixa resistência, escamação, desgaste superficial, desagregação, dependendo da faixa granulométrica utilizada;
• Falta de compactação por falha na energia de compactação. Desrespeitar a espessura da camada e a quantidade de passadas do rolo sobre o pavimento gera problemas estruturais e desgaste prematuro;
• O excesso de passadas de rolo pode induzir à quebra dos agregados graúdos e alteração no comportamento mecânico da camada compactada;
• A cura deficiente resulta em desgaste superficial e perda de desempenho quando o CCR é utilizado como revestimento;
• Fissuras de retração podem surgir diante da falta de juntas quando o CCR é utilizado como revestimento de pisos e pavimentos.
Dividida em três partes, a ABNT NBR 16.312 – Concreto compactado com rolo é a principal referência técnica quando o assunto é CCR. Há, também, a norma DNIT 056/2013 – Pavimento rígido – Sub-base de concreto de cimento Portland compactado com rolo – Especificação de serviço –, que regulamenta as intervenções em rodovias.
Veja mais:
Colaboração técnica
- Marcos Dutra de Carvalho – Engenheiro civil, autor de mais de 70 trabalhos e artigos técnicos, publicados no Brasil e no exterior. É líder do Núcleo de Especialistas em Pavimentação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
- José Vanderlei de Abreu – Engenheiro civil com mestrado em engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. É gerente de produtos da LafargeHolcim.
- Rubens Curti – Engenheiro civil é supervisor técnico na Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), com atuação em tecnologia de concreto e argamassa. Ministra cursos de formação, atualização e gerenciamento no segmento de tecnologia de materiais.