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Concreto fora de especificação prejudica obras de fundação

Concretagem da fundação precisa seguir determinações técnicas específicas e traços padronizados para aplicação com hélice contínua e parede diafragma

Publicado em: 16/04/2015Atualizado em: 21/01/2020

Texto: Redação PE

Problemas como baixa resistência no concreto, grandes exsudações e falta de trabalhabilidade comprometem o resultado das operações de concretagem nas obras de fundações. Da mesma forma, as alterações no tempo de início de pega do concreto causam entupimentos nas bombas, dificuldade no lançamento ou demora no início do endurecimento.

A fim de evitar esses revezes, foram criadas especificações de concreto para hélice contínua e parede diafragma para as empresas de fundação. A Essas determinações técnicas são creditadas a ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) em parceria com a ABEF (Associação Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundações e Geotecnia) e a ABEG (Associação Brasileira de Empresas de Projetos e Consultoria em Engenharia Geotécnica).

Atualmente, as especificações estão sendo aperfeiçoadas para considerar, entre outros aspectos, questões de resistência à compressão, durabilidade e temas específicos como exsudação. Com elas, é possível entender, por exemplo, que o uso de areia industrial com pequenas variações é um dos fatores preocupantes na qualidade dos concretos utilizados em obras de fundação.

“O grande problema é que ainda elas não são conhecidas por muitas empresas, acarretando problemas que poderiam ser evitados”, destaca o consultor da ABESC, Arcindo Vaquero y Mayor.

Padronização necessária

Com o aperfeiçoamento das técnicas nas obras, os especialistas identificaram que algumas operações de concretagem na fundação apresentavam problemas. Eles se organizaram para disponibilizar ao setor as especificações usadas em determinadas estruturas de concreto armado. A partir daí, surgiram dois novos traços de concreto – um traço padrão para estacas hélice contínua e outro para parede-diafragma e estacas escavadas.

“As prestadoras de serviço de concretagem entenderam quais são as necessidades numa obra e as facilidades em cotação de preços, já que todos orçam o mesmo serviço. Com as novas especificações, a probabilidade de haver problemas é remota”, explica Arcindo.

Concreto inadequado acarreta consequências

De acordo com José Luiz de Paula Eduardo, da Apoio Assessoria e Projeto de Fundações, quando o concreto está fora das especificações, os resultados negativos aparecem imediatamente. Ocorre o entupimento dos tubos de lançamento e a perda da peça concretada, ou mesmo, o recebimento dos baixos resultados de resistência para o concreto.

“Isso implica em atraso nas obras e na necessidade de verificações e reforços. Há casos, por exemplo, em que a peça concretada não apresenta um material de boa qualidade na cota de arrasamento, ou as paredes de contenção. Elas podem perder a capacidade de serem impermeáveis, aumentando a umidade em subsolos”, alerta José Luiz.

As repercussões se estendem ao longo do tempo. Para José Luiz, alguns problemas seriam resolvidos com o uso das especificações. É importante que elas sejam implementadas em todo o Brasil por meio da divulgação junto às empresas envolvidas.

“Entendemos que, embora as normas atuais já permitam a produção de um concreto satisfatório, novas especificações em estudo podem produzir resultados ainda melhores, tanto para o executor como para o contratante das fundações. Os problemas devem ser colocados em pauta no SEFE 8. Só com ampla conscientização da existência dos problemas nas várias regiões do Brasil trará adesão maciça das empresas envolvidas às especificações que defendemos”, arremata José Luiz.

Precauções para os serviços de concretagem

A ABESC recomenda alguns cuidados antes de se contratar os serviços de concretagem, como envolver o engenheiro da obra e a empresa de consultoria, além da escolha da empresa idônea. Deve-se avaliar também quesitos como fornecimento de concreto, condições de acesso aos canteiros, sondagens, etapas de execução, equipamentos adequados e produtivos para o trabalho, capacidade de produção e capacitação técnica da equipe de operação.

“O uso das estacas hélice contínua deve ser previsto em projeto. Portanto, avalie a adequação correta do equipamento às condições do terreno e ao perfil e porte da edificação, faça corpo-de-prova para ruptura a fim de avaliar a perfeita adequação do concreto. Adicionalmente, avalie o porte e a capacidade da bomba de concretagem, que devem estar de acordo com os diâmetros das estacas”, informa Arcindo.

Para discutir esses assuntos e propor soluções, será realizada uma mesa redonda no dia 23 de junho, durante o SEFE 8 – 8º Seminário de Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnia. A mesa em que o tema é “Gestão, especificação, aplicação e controle do concreto em obras de fundação”, será presidida por José Luiz, da Apoio Assessoria e Projeto de Fundações.

O SEFE 8 é o principal evento de fundações do Hemisfério Sul e acontecerá de 23 a 25 de junho de 2015, nos pavilhões D e E do Transamérica Expo Center, em São Paulo.

 

Novas especificações de traços padrão de concreto para fundações determinadas em conjunto com a ABEF e ABESC : 
(Fonte: ABESC*)

Aplicação: Parede Diafragma; Estação; Barrete Código SB ​ 30​

  • Relação água/cimento ≤ 0.​55​
  • fck ≥​30  MPa
  • Idade de Controle: 28 dias​
  • Pedra 1 (9,5/25​)
  • Slump na nota fiscal: 220 ± 30 mm
  • Consumo mínimo de Cimento: 400 kg/m³​
  • Tempo para sacar o perfil ou chapa junta: entre 4 e 6 horas após a chegada da primeira betoneira na obra (só para parede diafragma)
  • Porcentagem de Argamassa em massa = 55 % [Massa do cimento + Massa dos agregados miúdos]*100/[Massa cimento +Massa dos agregados miúdos + Massa dos agregados graúdos] 
  • E​xsudação máxima de 4% do volume total de água conforme a ABNT NBR 15.558
  • Podem ser usados aditivos plastificantes
  • Permitido o uso de agregados miúdos artificiais conforme a NBR 7211
  • Especificar na nota fiscal a quantidade máxima de água a ser
    adicionada na obra considerando a água retida na central mais uma
    estimativa de água perdida por evaporação.
  • As notas fiscais de simples remessa devem ter o Código SB 30​
 
Aplicação: Hélice Contínua Código HC 30
  • Relação água/cimento ≤ 0.​55​
  • fck ≥ ​30 MPa
  • Idade de controle: 28 dias​
  • Pedra 0  (4,75/12,5)
  • Slump na nota fiscal: 220 ± 30 mm
  • Consumo mínimo de ​cimento​ 400 kg/m³
  • A colocação da ferragem na estaca hélice deve ser de no máximo 2 horas após a chegada do Caminhão Betoneira na obra, respeitando a NBR 7212
  • Porcentagem de Argamassa em massa = 55 % [Massa do cimento + Massa dos agregados miúdos] *100/ [Massa do cimento + Massa dos agregados miúdos + Massa dos agregados graúdos]
  • Exsudação máxima de 4% do volume total de água conforme a ABNT NBR 15.558
  • Traço tipo bombeado
  • Podem ser usados aditivos plastificantes
  • Permitido o uso de agregados miúdos artificiais conforme a NBR 7211
  • Especificar na nota fiscal a quantidade máxima de água a ser adicionada na obra considerando a água retida na central mais uma estimativa de água perdida por evaporação
  • As notas fiscais de simples remessa devem ter o Código ​HC​ 30​

Colaboraram para esta matéria

Arcindo Vaquero y Mayor – consultor técnico da ABESC
 
José Luiz de Paula Eduardo – Apoio Assessoria e Projeto de Fundações