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Concreto pigmentado garante resistência a intempéries e baixa manutenção

Com estética diferenciada, solução substitui o uso de revestimentos, como tintas ou pastilhas

Publicado em: 24/11/2014Atualizado em: 17/10/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Redação AECweb / e-Construmarket

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Montinhos de pigmentos. Foto: LANXESS IPG

O concreto pigmentado traz aos arquitetos a possibilidade de ir além do cinza, ter projetos únicos em várias cores e tons sem perder propriedades essenciais do material, como a robustez e personalidade características do concreto tradicional. De quebra, a solução substitui o uso de revestimentos, como tintas ou pastilhas. “Além de seu caráter estético, o concreto colorido apresenta outras propriedades que o tornam ainda mais interessante. A baixa necessidade de manutenção e alta resistência a intempéries são duas dessas qualidades”, afirma Givanildo Ferreira, gerente regional de vendas e produtos da Lanxess.

Além de proporcionar beleza à obra, o uso da cor no concreto também é feito com outros objetivos, por exemplo, em áreas com alta incidência de neblina ou trechos de maior risco para o motorista, a coloração do pavimento de concreto ou do asfalto pode ser útil para ajudar na visualização ou trazer a atenção do motorista para o perigo. “Concreto ou asfalto colorido para demarcar áreas de circulação exclusivas para ônibus e/ou bicicletas também são muito comuns fora do Brasil e têm se tornado cada vez mais populares por aqui, uma vez que a alta durabilidade desta solução, quando comparada à pintura tradicional, reduz substancialmente o custo de manutenção destes projetos”, complementa Ferreira.

Além de seu caráter estético, o concreto colorido apresenta outras propriedades que o tornam ainda mais interessante. A baixa necessidade de manutenção e a alta resistência a intempéries são duas dessas qualidades
Givanildo Ferreira

Vantagem também proporcionada pela solução é a diversidade em seu leque de cores. “Existe uma gama muito grande de possibilidades, como vermelho, amarelo, preto, verde, azul cobalto, entre outros”, completa o engenheiro Rubens Curti, especialista em concreto da ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland. Essa variedade de tons é possibilitada pelos pigmentos misturados ao concreto para dar coloração, sendo que os mais utilizados mundialmente são os óxidos de ferro e os óxidos de cromo. “O óxido de ferro permite as cores amarelo, vermelho, preto e suas derivações (marrons), já o óxido de cromo cria o efeito de cor verde. A partir dessas primárias, é possível desenvolver uma série de outras tonalidades”, afirma Ferreira.

Ferreira também ressalta que quando os pigmentos são utilizados para coloração de uma estrutura de concreto, é importante estar atento a quatro características. “Como acontece no caso dos pigmentos inorgânicos, o pigmento tem que ser inerte para não interferir nas propriedades do concreto, em especial em sua resistência; ser insolúvel, ou seja, quando integrado à matriz do concreto não pode ser extraído (lixiviado) do produto final; deve ter alto poder de tingimento, permitindo que se alcance cores intensas mesmo quando adicionadas pequenas quantidades de pigmentos; e, por último, deve ter alta resistência a intempéries e a ação da luz do sol, para que a cor não desbote com o passar dos anos", detalha. Curti complementa, lembrando que apesar de a maioria dos pigmentos ser à base de óxidos, há também os orgânicos.

PREPARANDO O CONCRETO PIGMENTADO

Segundo Curti, os pigmentos não devem, mas podem interferir na qualidade do concreto quando utilizados em desacordo com as recomendações do fabricante. Para evitar esse problema, o recomendável é usar os pigmentos apropriados respeitando sua dosagem no concreto. Outro item que também influencia no resultado final é a preparação do concreto. “A mistura deve ser feita por agitação, preferencialmente por uma betoneira”, informa Curti.


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Edifício em concreto aparente pigmentado na Praça das
Artes, em São Paulo. Foto: Fábio Chiba

Os pigmentos inorgânicos podem ser adicionados ao concreto em percentuais que variam de 1 a 7% sobre o peso do cimento no traço. “Não existem cuidados especiais quando se prepara um concreto colorido que não se deva ter ao misturar o concreto tradicional. Contudo, é possível mencionar como ponto de atenção o uso controlado da água, uma vez ajustado o traço e o volume de água, a quantidade deve se manter em todas as produções a fim de garantir a reprodução da cor desejada”, adverte Ferreira.

O concreto colorido pode ser empregado de diversas formas, desde pré-fabricados, passando pelo piso intertravado, blocos e telhas de cimento até as grandes estruturas em paredes de concreto moldadas in loco ou industrializadas. “Desde que atenda as recomendações do fabricante, o concreto agregado de pigmentos pode ser preparado tanto pela indústria quanto na própria obra”, informa Curti.

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MANUTENÇÃO E MERCADO

A grande vantagem do concreto pigmentado é que a solução dispensa a manutenção, já que o efeito é permanente. “Entretanto, é recomendado aplicar uma proteção mecânica, podendo ser verniz ou acrílico, que não reaja com o cimento e nem com o pigmento”, afirma Curti. “Vale lembrar que característica dos pigmentos à base de óxido de ferro é a alta resistência à luz e a intempéries. Não havendo desgaste com o tempo, esse efeito é permanente e, por essa razão, o custo da manutenção é extremamente baixo. Especialmente se comparado a outros revestimentos, como as fachadas pintadas, que devem ser renovadas periodicamente”, afirma Ferreira.

É recomendado aplicar uma proteção mecânica, podendo ser verniz ou acrílico, que não reaja com o cimento e nem com o pigmento
Rubens Curti

No caso do concreto arquitetônico (ready mix) o uso de pigmentos é uma grande novidade que vem aparecendo constantemente na arquitetura brasileira. “O Brasil descobre tendências mundiais da arquitetura em concreto colorido, especialmente nos últimos cinco anos”, avalia Ferreira.

CONCRETO PIGMENTADO NA PRÁTICA

O museu Cais do Sertão Luiz Gonzaga é construído em concreto colorido amarelo e faz parte do projeto Porto Novo, desenvolvido pela secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado de Pernambuco. Com a construção do museu, o porto ganha uma obra sofisticada e que intensifica a cultura local, já que apresenta aspectos regionais em sua concepção.

Os arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci, sócios do escritório Brasil Arquitetura, assinam a obra do museu Cais do Sertão Luiz Gonzaga. O empreendimento conta a vida e a cultura do sertão nordestino, o cotidiano dos moradores desta região, os sertanejos, e de Luiz Gonzaga. Segundo Marcelo Ferraz, a escolha pelos pigmentos se deu pela semelhança que o concreto em ocre garante em relação às pedras do sertão. “Optamos por um material que representasse o arenito do Piauí e contrastasse com o cobogó rendado branco que recobrirá todo o edifício”, destaca Ferraz.

O complexo cultural Praça das Artes, em São Paulo, também desenvolvido pela Brasil Arquitetura e integralmente construído em concreto colorido vermelho e marrom, é outro exemplo bem-sucedido da solução aplicada na prática. Além da baixa manutenção, garante estética e personalidade à obra.

Colaboraram para esta matéria

Givanildo Ferreira – Tem mais de 20 anos de experiência em vendas B2B, gestão de negócios e desenvolvimento de mercado, atuando principalmente em empresas multinacionais. Amplo conhecimento em vendas de matérias-primas químicas para diversas áreas industriais, como tintas e revestimentos, plásticos, borracha, construção, têxtil, papel, tratamento de água e óleo & gás. Em 2007, foi convidado para assumir, em São Paulo, a gestão de vendas e produtos da unidade de negócios Inorganic Pigments da Lanxess para o Brasil e, em 2010, para o Mercosul. Além disso, gerencia os Centros de Competência técnica dos pigmentos para a América Latina.
Rubens Curti – Engenheiro civil da área de Tecnologia da ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland -, com atuação em tecnologia de concreto e argamassa. Ministra cursos de formação, atualização e gerenciamento no segmento de tecnologia de materiais.