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Confira dicas para projetar escadas seguras, ergonômicas e acessíveis

Dimensionamento dos elementos que compõem as escadas deve seguir diretrizes do Corpo de Bombeiros e da ABNT. Veja recomendações, normas técnicas e evite erros de projeto

Publicado em: 02/05/2019Atualizado em: 12/11/2019

Texto: Juliana Nakamura

escadas
O projeto de escadas deve atender a requisitos de segurança, conforto e beleza (foto: Federico Rostagno/shutterstock)

Um bom projeto de escadas em residências, edifícios comerciais e institucionais precisa atender a uma série de requisitos, como segurança, conforto e beleza. Além de possibilitar a circulação vertical para vencer desníveis, as escadas podem se tornar protagonistas, seja por seu impacto estético no ambiente, seja por permitir aos seus usuários ângulos e vistas especiais.

Mas antes de pensar em materiais nobres ou em formatos arrojados, é preciso saber calcular uma escada para que ela atenda às normas técnicas e seja minimamente confortável para seus usuários.

PROJETO DE ESCADAS – RECOMENDAÇÕES

As escadas são compostas pelos seguintes elementos:

• Piso: superfície horizontal onde o usuário pisa ao subir ou descer
• Espelho: superfície vertical entre um piso e outro
• Patamar: superfície horizontal maior que o piso. Serve como descanso ao subir uma escada que vence uma grande altura
• Guarda-corpo: elemento vertical ao longo das escadas que serve para proteger as pessoas contra quedas
• Corrimão: elemento presente no guarda-corpo da escada para as pessoas apoiarem as mãos ao subir ou descer

Independentemente do tamanho ou da tipologia (reta, em L, em U, curva), as escadas devem ser concebidas em consonância com referências técnicas como:

• ABNT NBR 9077 – Saídas de emergência em edifícios (atualmente em revisão)
• ABNT NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos
• Instruções técnicas do Corpo de Bombeiros estadual

A definição do local de implantação da escada e a escolha do desenho são os primeiros pontos a serem analisados pelo projeto. A localização deve ter como base um estudo capaz de impedir que haja a ocorrência de cantos sem uso e/ou de problemas de circulação no ambiente.

“Já o desenho é definido de acordo com o uso que a escada irá ter naquele projeto específico”, diz o arquiteto Luiz Paulo Andrade, lembrando que a escada pode assumir a função de elemento formal e escultórico, ou ser algo meramente funcional, quando enclausurada.

FÓRMULA DE BLONDEL

Detalhes como um piso muito curto ou espelho muito alto tornam a subida e a descida extremamente desconfortável para o usuário
Patrícia Bergantin

“Detalhes como um piso muito curto ou espelho muito alto tornam a subida e a descida extremamente desconfortável para o usuário”, alerta a arquiteta Patrícia Bergantin. “Para evitar esse problema, é necessário compatibilizar a pisada com o degrau. Para isso, existe a fórmula de Blondel que estabelece uma relação entre piso e espelho”, acrescenta a arquiteta Claudia Alionis.

A fórmula desenvolvida pelo francês Nicolas François Blondel estabelece, de forma empírica, o cálculo da largura do piso em função do espelho através da equação 2E + P = 64 cm, sendo “E” a altura do espelho e “P” a profundidade.

Essa fórmula deve ser compatibilizada com as normas de acessibilidade para pessoas com dificuldades de locomoção. A partir daí é possível definir alguns requisitos e medidas mínimas para orientar o projeto de escadas:

• Pisos: 28 cm
• Espelhos: 16 cm. Deve-se evitar espelhos acima de 18 cm
• Largura mínima: 1,20 m
• O primeiro e último degrau de um lance de escada devem ter pelo menos 0,30 cm de distância da circulação adjacente
• Escadas fixas devem ter, no mínimo, um patamar a cada 3,20 m de desnível e também sempre que houver mudança de direção
• Corrimão e guarda-corpo devem ser produzidos com material rígido e instalados a uma altura de 0,92 cm em relação ao piso
• Os corrimãos devem permitir boa empunhadura e deslizamento da mão, sendo preferencialmente de seção circular. É preciso deixar 4 cm de distância entre a parede e o corrimão

EVITE ERROS DE PROJETO

De acordo com o arquiteto Leonardo Junqueira, um problema que denuncia falhas de dimensionamento em escadas é uma relação de espelho/piso errada. “Isso normalmente acontece por uma necessidade de economizar área, mas implica em uma pisada desconfortável para o usuário”, alerta o arquiteto, lembrando que outra falha a ser evitada é especificar um revestimento escorregadio.

Escadas curvas são uma solução interessante quando se prioriza a estética. “No entanto, esse tipo de elemento requer atenção redobrada em relação às dimensões dos degraus para que fiquem confortáveis e seguros”, salienta Junqueira.

Para uma casa com crianças ou idosos, podemos pensar em escadas menos inclinadas
Luiz Paulo Andrade

Dentro dos parâmetros estipulados pelas normas, a altura dos degraus pode ser trabalhada em projeto para que o acesso aos espaços seja mais rápido ou lento, ditando o ritmo de subida e descida do usuário. Da mesma forma, segundo Luiz Paulo Andrade, é possível aumentar o conforto diminuindo a inclinação da escada. “Para uma casa com crianças ou idosos, por exemplo, podemos pensar em escadas menos inclinadas”, diz Andrade, ponderando que quanto menor a inclinação, mais espaço a escada tende a ocupar.

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Colaboração técnica

claudia-alonis-arquiteta-urbanista
Claudia Alionis – Arquiteta e urbanista formada pela Universidade de Belas Artes de São Paulo. Desde 2002 mantém escritório próprio, onde desenvolve projetos residenciais, corporativos, comerciais e decorativos.
leonardo-junqueira-arquiteto-urbanista
Leonardo Junqueira – Arquiteto e urbanista formado pela Universidade de São Paulo, tem escritório próprio desde 1990 com um portfólio que inclui residências, restaurantes, lojas, casas noturnas e escritórios.
luiz-paulo-arquiteto-urbanista
Luiz Paulo Andrade – Arquiteto e urbanista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua há 17 anos no segmento de arquitetura e design. É diretor do escritório de arquitetura que leva o seu nome.
Patrícia Bergantin – Arquiteta formada pelo Mackenzie, pós-graduada em História da arte na FAAP. Desde 2011 mantém escritório próprio onde desenvolve projetos para o mercado imobiliário de alto padrão.