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Confira dicas para projetar varandas confortáveis e funcionais

Projeto de interiores desses espaços deve adotar cuidados especiais com os dutos, exaustores e coifas, revestimentos e mobiliário. Cortinas solares são sempre bem-vindas para trazer conforto térmico e privacidade

Publicado em: 23/07/2019Atualizado em: 09/11/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket


As varandas podem adotar uma linguagem própria ou seguir o estilo dos demais ambientes (foto: Arquiteta Selma de Sá Moreira)

As varandas são espaços de descanso e lazer, extensão do living ou ambiente de leitura. Dependendo dos moradores, se transformam em cozinha completa e até mesmo industrial, ou simplesmente cumprem sua vocação original de local para churrasco nos finais de semana. O projeto desenvolvido pelo arquiteto de interiores privilegia o desejo e o perfil do cliente, adequando as exigências à área disponível e providenciando a infraestrutura necessária aos usos.

Os mesmos conceitos adotados nos projetos de grandes varandas podem ser usados em imóveis pequenos, com algumas particularidades. “Em até 90% dos casos, levar a sala de jantar para o terraço é a melhor alternativa. Não faz sentido, num apartamento de 70 m², ter duas salinhas de jantar – uma interna e outra na varanda”, observa Karen Pisacane, do escritório Karen Pisacane Arquitetura de Interiores.

A infraestrutura deve considerar os itens que vão atender a cada uma das situações. E são várias: “Alguns clientes que integram a varanda ao living querem a área gourmet, mas não desejam a churrasqueira a carvão, preferem a elétrica ou mesmo retirar a churrasqueira e deixar somente uma grelha e um cooktop de apoio. Outros optam por fazer da varanda um living com lareira, um canto de jogos ou mesmo uma sala de jantar”, comenta arquiteta Selma de Sá, titular do Studio Sá Arquitetura & Interiores.

A varanda pode, ainda, sediar a cozinha do apartamento. De acordo com Pisacane, se o morador cozinha pouco, não é necessário instalar ponto de gás, apenas um cooktop ou forno elétrico. “Tenho clientes que jamais vão para o fogão, compram comida pronta e têm apenas um micro-ondas para aquecer o prato. Outros, querem uma área gourmet sofisticada, industrial”, conta Pisacane.

ESTILO

O projeto da varanda pode ser uma continuidade do estilo dos demais ambientes ou adotar uma linguagem própria. “Cada projeto é único, portanto, tudo depende muito do estilo, metragem e função da varanda”, indica Sá, que continua: “Podemos ter varandas integradas ao living que sejam uma extensão da sala e, com isso, mais formal. Mas, também, podem ser mais casuais, não deixando de ser aconchegantes”.

Pisacane alerta que os estilos não devem ser completamente opostos. “Num apartamento extremamente clássico, não preciso projetar uma varanda que siga a mesma linguagem, com moldura na porta do armário, por exemplo – até porque não será tão prático no dia a dia. Mas o ideal é usar elementos com traços clássicos que se misturam à nova proposta”, diz, defendendo que esse é um ambiente mais despojado, onde os moradores recebem com certa informalidade, sem mesa posta e serviço à francesa.

TUBULAÇÕES

Providenciar dutos e sistemas hidráulicos e elétricos é tarefa que exige a análise de engenheiro, para evitar problemas em paredes estruturais ou interferências desnecessárias. As tubulações podem, inclusive, ser externas e não embutidas. “Varandas utilizadas por moradores que fazem fritura com frequência pedem dutos para coifa. Mas, dependendo da planta do imóvel, nem sempre é possível. A solução são os bons equipamentos de sucção disponíveis no mercado, como os exaustores”, diz Pisacane.

O dimensionamento da coifa deve considerar a área que vai cobrir e os equipamentos que deverá atender. Selma de Sá conta que existe um cálculo de vazão por metro cúbico, feita pelas empresas de coifas, que inclui a potência do motor. “É importante comparar preços e opções, pois peças mais baratas podem ter motores mais fracos e não serem funcionais para a demanda necessária”, adverte.

Um cuidado complementar é instalar um exaustor no duto da churrasqueira, que puxa a fumaça com mais força. Isto porque o duto executado pelas construtoras nem sempre é eficiente. “Gosto de inserir, também, um dumper (portinhola), que evita o retorno da fumaça para o ambiente. Muitas vezes, o morador sente o cheiro do churrasco de outros apartamentos, por deficiência na vedação do duto. Pior é quando a cliente que passa por isso é vegetariana”, diz.

CHURRASQUEIRA

A churrasqueira pode ser feita in loco, pré-moldada, elétrica ou a gás. No caso de não haver churrasqueira na varanda, a sugestão de Sá é colocar a elétrica ou substituir por um dominó de grelhas ou char broiler. “Digo isso, pois a questão da fumaça para uma churrasqueira a carvão deve ser considerada de forma efetiva, principalmente no caso de varandas integradas”, ressalta.

De acordo com Pisacane, as churrasqueiras convencionais, construídas in loco ou pré-moldadas, têm preços menores – estas últimas contam com a vantagem do prazo, pois chegam à obra semiprontas. O ideal é considerar os equipamentos a gás no início da execução do projeto da varanda, por ser mais fácil instalar a canalização. “Mas fica inviável quando o morador já tem o piso pronto, que pretende manter”, diz ela.

Por não utilizar carvão, a grande vantagem da churrasqueira a gás é dispensar a trabalhosa limpeza do equipamento. Porém, chega a custar dez vezes mais do que uma convencional.

“Fiz recentemente a varanda gourmet para um cliente argentino que rejeitou a ideia de uma churrasqueira a gás, porque o sabor da carne não fica igual ao proporcionado pela convencional. Ele optou pela tipicamente argentina, que é plana e utiliza lenha, que vira carvão e, depois, brasa”, conta Karen Pisacane. Tudo depende do dia a dia do cliente, de quanto ele quer investir e de sua disponibilidade para a manutenção do equipamento. Se for o caso, a opção elétrica – churrasqueira ou grelha – é muito prática, podendo ser transportada para qualquer lugar.

REVESTIMENTOS DE PISO E PAREDE

De acordo com as profissionais, os porcelanatos são imbatíveis para revestir pisos de varandas gourmet. “Ao redor da churrasqueira sempre opto por pedras – granitos, quartizitos ou os quartzos de alta resistência como o Neolith e o Dekton. Para o piso, pensando em funcionalidade, os porcelanatos são incríveis”, fala Selma de Sá.

A regra adotada por Pisacane são os materiais não porosos, daí o porcelanato para piso. Para bancadas, o granito é a melhor solução em custo-benefício, mas tem alguma porosidade. Outros produtos com poros mais fechados e com variedade maior de cores são Silestone, Dekton e Neolith, superfícies sólidas conhecidas como “pedras industrializadas”. A variação de preços é muito grande: vai de R$ 600/m² do granito até R$ 4 mil/m² dessas “pedras”.

Esteticamente, há várias opções para a rodabanca. Entre elas, o espelho, que permite a quem está na pia e na churrasqueira ver e conversar com os convidados. E, também, os tijolos e revestimentos cerâmicos, com infinidade de opções. Karen Pisacane não recomenda o uso de madeira e de ladrilho hidráulico no piso ou na parede, por se tratar de material poroso que mancha e exige mais manutenção. Segundo Selma de Sá, uma solução seria impermeabilizar esses materiais ou usar porcelanatos que remetem à sua padronagem.

Os decks de madeira se popularizaram para o revestimento do piso de varandas e são encontrados facilmente no mercado. Para Sá, essa pode ser uma opção, desde que não tenham vãos entre as réguas e recebam tratamento impermeabilizante. Pisacane complementa, dizendo que os decks não são nada higiênicos e devem ser removidos periodicamente para lavagem do contrapiso. “Nada prático”, diz.

VIDRO DE FECHAMENTO

O fechamento de vidro da varanda merece atenção redobrada. “É importante observar qual o sistema que está sendo sugerido pelo fornecedor, principalmente para a vedação entre as placas de vidro. O ideal é a borracha e não a escova”, recomenda Selma de Sá. Pisacane orienta verificar as travas de segurança que evitam que os painéis de vidro caiam. “O ideal é visitar o showroom de vários fabricantes e se inteirar de todos os detalhes, como espessura do vidro e qualidade das ferragens”, diz.

Caso o envidraçamento da varanda fique na face ensolarada na maior parte do dia, o ideal é instalar cortina solar. O elemento reduz a temperatura interna do espaço, evitando que vire uma estufa. “Prefiro que os vidros já venham com uma película de controle solar aplicada externamente. Mas, se há prédios próximos, a cortina solar é a solução mais completa, porque também garante a privacidade”, afirma.

MOBILIÁRIO

Na hora de escolher os móveis para a varanda, deve-se observar se eles vão receber muita luz solar, que pode danificar tecidos e madeira, ou mesmo se vão ficar em local sujeito a intempéries. Nesses casos, o ideal é usar móveis de área externa e, até mesmo, recobri-los com capa plástica.

“No caso de apartamento de cobertura que tenha piscina, as varandas gourmet devem adotar mobiliário com tecidos acrílicos e resistentes ao sentar molhado”, conclui Selma de Sá.

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Colaboração técnica

Karen Pisacane – Formada em Design de Interiores pela Academia Brasileira de Arte, em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pós-graduada em Administração de Empresas pela Fundação Armando Alvares Penteado, com diversos cursos no Brasil e no exterior. Comanda, desde 2003, o escritório Toda arquitetura que, em 2017, mudou de nome e passou a se chamar apenas Karen Pisacane. Acumula mais de 500 projetos realizados.
Selma de Sá Moreira – É arquiteta e urbanista formada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas. Após passagens por grandes escritórios de São Paulo, no ano de 2000 segue carreira solo criando o escritório Studio Sá Arquitetura e Interiores. Desenvolvendo projetos de arquitetura e arquitetura de interiores nas áreas residencial, comercial e de saúde, já assinou mais de 300 projetos.