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Conheça as soluções de proteção contra o fogo em estruturas metálicas

Divididas em ativas e passivas, as opções devem ser previstas em projeto e analisadas por profissional capacitado. Entre os materiais mais empregados está a argamassa projetada

Publicado em: 25/04/2018Atualizado em: 20/01/2020

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Existem dois tipos de proteção contra o fogo para estruturas metálicas: passiva e ativa (foto: shutterstock/Bokic Bojan)

As elevadas temperaturas provocadas por incêndios impactam as estruturas metálicas, comprometendo sua resistência e podendo ocasionar o colapso total ou parcial da construção. Para garantir que a edificação suporte o calor das chamas, existem diversas soluções que devem ser incorporadas ao projeto e execução da obra. “As proteções contra o fogo aplicáveis às estruturas metálicas são divididas entre passivas e ativas”, informa o engenheiro Mauri Resende Vargas, consultor do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA).

As proteções passivas, que devem ser previstas já na etapa de projeto, são aquelas usadas diretamente sobre a superfície metálica, proporcionando maior isolamento térmico ao material. Nesse grupo estão produtos como as pinturas intumescentes, placas e mantas pré-fabricadas, além dos revestimentos de argamassa projetada. “Esse tipo de proteção é capaz de diminuir a velocidade com que o aço se aquece durante situações de incêndio”, comenta o especialista.

As proteções contra o fogo aplicáveis às estruturas metálicas são divididas entre passivas e ativas
Mauri Resende Vargas

Já as proteções ativas são complementares aos passivos, entrando em ação somente quando as chamas se espalham pela edificação. “Podemos mencionar os chuveiros automáticos, hidrantes, extintores, ente outros”, enumera Vargas.

Um especialista com conhecimentos na área de engenharia de incêndio deve recomendar as soluções ideais para cada projeto. “Esse profissional deverá avaliar o projeto arquitetônico no que tange às saídas de emergência e ventilações, para indicar as proteções ativas. A especificação das soluções passivas passa pela análise do projeto estrutural”, complementa.

INDICAÇÕES DE USO

Cada tipo de solução passiva tem aplicação para determinados casos específicos. As pinturas intumescentes, por exemplo, são ideais para estruturas metálicas aparentes. “O produto é aplicado juntamente com a base (primer) e a tinta de acabamento. Além de garantir a proteção contra o fogo, o material também funciona como revestimento”, fala o engenheiro. Em meio a um incêndio, a pintura intumescente se expande em até dez vezes o tamanho da camada aplicada, criando uma barreira contra as chamas.

Tendo como matéria-prima o gesso, a lã de rocha ou a fibra cerâmica, as placas e mantas pré-fabricadas são indicadas para proteger as superfícies metálicas de difícil acesso. “Já a argamassa projetada é alternativa interessante para as estruturas posicionadas acima de forro ou para ambientes com menor exigência visual, como estacionamentos”, diz Vargas.

Entre os materiais, o mais utilizado no Brasil é a argamassa projetada, devido a sua fácil execução e custo menor, se comparada às demais soluções. Apesar de contarem com bom desempenho, as pinturas intumescentes necessitam de maior investimento, por isso, não são tão especificadas quanto a argamassa projetada. “As proteções menos usadas pela construção civil nacional são as placas e mantas pré-fabricadas”, informa o especialista, indicando que a baixa popularidade desse tipo de produto se deve à exigência de mão de obra especializada para aplicação.

EXECUÇÃO

A aplicação das tintas intumescentes é feita de maneira semelhante à execução das pinturas tradicionais. O procedimento começa com a preparação da superfície metálica, deixando-a limpa e livre de imperfeições. Na sequência, é criada uma camada de primer antes de a intumescente ser aplicada. Para finalizar o procedimento, é usada outra tinta para o acabamento. Já as placas e mantas pré-fabricadas são fixadas à estrutura através de pinos de aço soldados por meio de anilhas de pressão.

“A execução da argamassa projetada deve seguir as recomendações das normas técnicas, como a ABNT NBR 14323 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios em situação de incêndio”, ressalta o engenheiro. A aplicação dessa solução também começa com a preparação da superfície metálica. É recomendável que a execução ocorra no mesmo momento em que a estrutura vai sendo montada, sendo que o ponto mais crítico no procedimento é garantir que seja atingida a espessura da argamassa prevista em projeto. O controle do tamanho da camada é realizado com uso do paquímetro.

“Para não ficar dúvidas sobre a qualidade da solução e, consequentemente, de seu desempenho em um eventual incêndio, é importante assegurar-se da origem do material”, destaca Vargas. Adquirir produtos de fornecedores com boa reputação no mercado é ação importante para garantir que as propriedades físicas e térmicas do material sejam idênticas àquelas ensaiadas previamente em laboratório.

Mesmo sem qualquer revestimento contra as chamas e dependendo de fatores como carga de incêndio e ventilação, há estruturas de aço que suportam o fogo
Mauri Resende Vargas

OBRIGATORIEDADES

Existem alguns tipos de edificações que são isentas dos requisitos de resistência ao fogo, estabelecidos pela ABNT NBR 14432 ou nas Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros. Nessas construções mais simples, não é necessário aplicar soluções de proteção ao fogo nas estruturas metálicas. “Mesmo sem qualquer revestimento contra as chamas e dependendo de fatores como carga de incêndio e ventilação, há estruturas de aço que suportam o fogo”, afirma o especialista.

NORMAS TÉCNICAS

Além da ABNT NBR 14432, existem outras normas que devem ser consultadas para elaboração do projeto e execução das proteções contra incêndio. “Podemos mencionar a ABNT NBR 14323 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios em situação de incêndio”, fala o engenheiro. Outros documentos importantes são as Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros, como a IT 08 - Resistência ao fogo dos elementos de construção –, publicada pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo.

“Os engenheiros têm à disposição uma rica literatura, como os livros ‘A segurança contra incêndio no Brasil’, ‘Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio’ e ‘Segurança contra incêndio em edificações’. Há, ainda, os manuais técnicos do CBCA: ‘Prevenção contra incêndio no projeto de arquitetura’ e ‘Resistência ao fogo das estruturas de aço’, ambos disponíveis no site www.cbca-acobrasil.org.br”, recomenta o profissional.

NOVIDADES NO SETOR

Segundo o engenheiro, não há novidades em relação a produtos nesse segmento. “Porém, existem outras inovações importantes, como a confirmação, em outubro de 2016, da ABNT NBR 15200 - Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio -, além de avanços na área de ensaios de materiais de revestimento contra fogo graças às instalações de fornos em algumas universidades”, finaliza Vargas.

Colaboração Técnica

Mauri Resende Vargas – Engenheiro Civil formado pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP). Trabalhou na Companhia Siderúrgica Paulista – Cosipa, atualmente do Grupo Usiminas, exercendo em determinado período, atividades de assessoria técnica e comercial em construções metálicas, para engenheiros, arquitetos, empresas de construção e órgãos governamentais. Em 1994, fundou a Tecsteel Engenharia, desde então participou da elaboração de inúmeros projetos e cálculos de estruturas de aço para edificações. Atualmente, atua também como professor do curso ‘Introdução ao Projeto e Cálculo de Light Steel Framing’ do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA). É coautor de manuais do CBCA sobre segurança ao fogo das estruturas.