Conheça as soluções mais indicadas para academias de ginástica
Pisos de PVC e emborrachados, LED, sistemas de climatização, forros de gesso e divisórias piso-teto de vidro duplo com camada interna de ar são boas opções
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Cada vez mais únicas em suas propostas e múltiplas pela diversidade de modalidades esportivas que abrigam, as academias de ginástica demandam soluções que atendam a requisitos de desempenho e garantam o conforto e a segurança dos atletas sejam eles amadores ou profissionais.
Revestimentos
Pisos e demais revestimentos devem ser compatíveis com as modalidades que serão praticadas na academia de ginástica. Devem, ainda, ter fácil manutenção – já que o estabelecimento demanda limpeza constante –, além de simples reposição. Uma das tendências atuais é o funcionamento em vários turnos e nos sete dias da semana. Há até academias de ginástica que ficam abertas 24 horas.
Em áreas de musculação, pisos de alta resiliência, como os de PVC e emborrachados, são os mais apropriados, diz a arquiteta Patricia Toraro, diretora do escritório Patricia Totaro Arquitetura de Resultados, especialista em projetos para o mercado esportivo. Isso porque nesses locais é recorrente a queda de pesos e anilhas. Outra situação comum é a mudança de layout dos equipamentos.
O PVC é opção também para salas de ginástica, bem como a madeira. “Os dois permitem que o tênis deslize”, justifica a profissional. Ambientes dedicados à prática de lutas marciais pedem tatames sintéticos. Já a madeira flutuante é indicada para áreas de dança.
Banheiros, vestiÁrios e piscinas
Além da facilidade de limpeza, a segurança contra escorregamentos é fator a considerar na definição do piso de banheiros e vestiários. Por isso, características antiderrapantes são desejadas. Uma referência para avaliação é o índice de Coeficiente de Atrito dinâmico (CA), firmado pela norma ABNT 13.818:1997. Sua escala vai de 0 a 1 e, quanto maior o índice, mais antiderrapante é o piso.
O mesmo vale para áreas de piscinas. Segundo Patricia, o ideal é que o piso além de antiderrapante absorva água facilmente. “Há poucas opções no mercado que se adéquam a essa demanda. Mas sugiro que não seja feita economia nesse caso”. A profissional indica a utilização dos materiais antiderrapantes também no chão da piscina. Nas paredes, revestimento impermeável. Seja pintura com tinta epóxi, ou aplicação de cerâmicas, pastilhas e porcelanatos.
IluminaÇÃo
Para Patricia, a iluminação é o ponto de projeto que sofreu mais modificações nos últimos anos. Com o advento do LED, foi possível multiplicar as possibilidades de cenografia, adaptando os ambientes da academia às expectativas do público de cada horário e às necessidades das diferentes práticas.
“Pela manhã, em geral, o cliente que vai para a academia precisa treinar rápido, pois tem o dia todo pela frente. Por isso, ele espera um ambiente que transmita agilidade e energia. Já o cliente da noite usa a academia também para relaxar. A iluminação neste período pode ser menos intensa e as cores podem aparecer”, exemplifica a profissional.
A lógica para as salas de ginástica é a mesma. Espaços para aulas mais agitadas, como o spinning, ganham globos e luzes mais fortes. Já ambientes para aulas mais tranquilas pedem iluminação indireta, com luz azul ou âmbar.
Vinculada ao bem-estar, a iluminação natural também tem espaço. Tanto que muitos dos projetos atuais de academias buscam amplificar sua entrada, por meio do uso de fachadas de vidro, claraboias e esquadrias. Outra razão do aproveitamento da luz natural ao longo do dia é a eficiência energética, item importante quando consideradas as atuais exigências de sustentabilidade.
Um detalhe que deve ser considerado na escolha das luminárias para áreas de piscina e vestiários é a resistência à corrosão, em função da umidade ser mais elevada nesses locais. Em espaços onde há a possibilidade de realizar atividades com bola, orienta Patrícia Totaro, as luminárias devem contar com tela de proteção na frente.
Transformar uma construção de madeira e vidro, concebida inicialmente para abrigar um restaurante, em um clube moderno para toda a família. Eis o desafio do escritório da Patricia Totaro Arquitetura de Resultados no projeto da academia Unique Fitness, localizada em Brasília, em área próxima ao Parque da Cidade. Para ampliar o espaço, foram anexados dois ‘braços’ de concreto, que acomodam os programas para as crianças de um lado e os vestiários de outro. Já no edifício principal foram instaladas as salas de ginástica e de musculação. O uso de elementos neutros na decoração, revestimento e texturização criam uma atmosfera aconchegante, intensificada pelo projeto luminotécnico, que foi mantido como o original. “Uma iluminação totalmente indireta, acrescida com luminárias diretas e econômicas para manter o clima. Todas as lâmpadas são de cor amarelada e as fontes de luz são ocultas”, afirma a arquiteta Patricia Totaro. Nos lounges, luminárias com aspecto residencial à mostra ressaltam a questão da convivência familiar.
Academia Unique - Salas de conveniência e musculação
Divulgação: Patrícia Totaro
AcÚstica
Como cada vez mais as academias se propõem a ser espaços múltiplos, é importante contar com um projeto acústico compatível. Aulas diferentes podem ocorrer ao mesmo tempo, com músicas diferentes e em diferentes volumes, condição que exige tratamento acústico para evitar a propagação do som entre os ambientes.
No projeto da academia Edge, a escolha da arquiteta Betty Birger, do escritório Betty Birger Arquitetura e Design, foi por divisórias piso-teto de vidro duplo com camada interna de ar, sem montantes verticais, para a delimitação das salas de spinning, luta, pilates, ioga e ginástica que dividem um mesmo andar (veja detalhes do projeto no quadro ‘Integração Visual’). Também pensando no conforto acústico, o teto ganhou forros de gesso perfurado que contam com propriedades de absorção sonora e ainda possuem capacidade para melhorar a qualidade do ar. “Foi realmente um produto escolhido a dedo para esse projeto”, conta a profissional.
Com 7,5 mil metros quadrados de área construída, a academia Edge, localizada na Zona Norte de São Paulo, conta com oito pavimentos, sendo dois subsolos e uma cobertura – nesta há uma quadra coberta, com pé-direito de 8,6 metros. O projeto arquitetônico é assinado pela arquiteta Patricia Totaro Arquitetura de Resultados. Já ao escritório Betty Birger Arquitetura e Design coube a tarefa de desenvolver a arquitetura de interiores e da fachada, dando à academia um jeito de clube, capaz de agradar a públicos de todas as idades. A solução foi a valorização dos diferentes espaços integrados visualmente, seja por meio do uso da transparência, seja pela repetição de elementos inspirados no repertório urbano, como o grafite. A fachada mescla concreto aparente, pele de vidro reflexivo e brises metálicos. O pavimento destinado aos exercícios de musculação é totalmente aberto. Em outro andar, as salas de spinning, luta, pilates, ioga e ginástica ganharam pisos esportivos com densidades adequadas a cada modalidade esportiva e cores diferentes. A sala de lutas, por exemplo, tem paredes e piso vermelhos. “A cor é refletida no teto, criando um efeito impactante”, comenta a arquiteta Betty Birger. A academia é totalmente acessível a portadores de necessidades especiais, com rampas em todas as entradas, elevadores e cabines adaptadas nos banheiros.
Academia Edge - Transparência garante integração entre os espaços
Divulgação: Betty Birger Arquitetura e Design
ClimatizaÇÃo
O conforto térmico é fundamental para a prática de exercícios físicos. Não à toa, a climatização é um dos itens críticos do projeto de academias de ginástica. Presidente do Departamento Nacional de Empresas Projetistas e Consultores da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), o engenheiro Fábio Takacs alerta que as próprias condições de uso das academias interferem diretamente na qualidade do ar interior.
Primeiro, em razão de serem ambientes de alta densidade de ocupação. Segundo porque nesses espaços os frequentadores encontram-se em estado metabólico acelerado, consumindo grande quantidade de oxigênio (que precisa ser reposto) com respectiva descarga de CO2 e H2O da respiração, e eliminado fluídos corpóreos e odores. “A umidade tende a ficar elevada em função da água rejeitada na respiração e na transpiração. E umidade relativa elevada ajuda na proliferação de micro-organismos que podem ser também patogênicos”, detalha.
Assim, os equipamentos de climatização devem, além de controlar a temperatura ambiente, ser capazes de adequar a umidade relativa – seja removendo o excesso de umidade nas estações úmidas, ou umidificando o espaço nas estações secas, uma vez que o ar excessivamente seco também é fonte de desconforto e de doenças respiratórias. Outra característica importante é a capacidade de renovação e filtragem do ar.
O uso de equipamentos do tipo split de parede ou teto, muito comuns em academias, é desaconselhada pelo especialista por não atender a essas necessidades. “Em função das densidades de ocupação elevadas e das próprias características dos ambientes, os volumes de ar exterior para renovação exigíveis são elevados. A única forma de garantir a entrada e a obrigatória saída do ar de renovação é por meios mecânicos, utilizando-se de sistemas com ventiladores de insuflação e exaustão dedicados e dutos complementares, se necessário. No caso da insuflação, a renovação de ar pode estar integrada aos sistema de ar-condicionado central”, explica Fábio Takacs.
Como referenciais para o projetista, o especialista Fábio Takacs, diretor da Abrava, indica as normas ABNT 15848:2010 (Sistemas de ar-condicionado e ventilação – Procedimentos e requisitos relativos às atividades de construção, reformas, operação e manutenção das instalações que afetam a qualidade do ar interior) e 16.401:2008 (Instalações de ar-condicionado – Sistemas centrais e unitários), partes 1, 2 e 3. Além dessas, a portaria 3523/GM/1998 do Ministério da Saúde, e a resolução RE-09/2003 da Anvisa, que regulamenta a portaria 3523.