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Conheça os recursos da arquitetura para iluminação zenital

Claraboias, domus, sheds, lanternins. Aprenda a diferenciar as propriedades de cada um e saiba encontrar o mais adequado para cada tipo de projeto

Publicado em: 24/09/2019

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Cada tipo de iluminação zenital possui suas particularidades (Foto: Luiz Bortolosso)

A iluminação natural que vem do teto de qualquer tipo de edificação inunda o ambiente, promovendo luz e sombra e integrando o interior com o que está fora. São vários os recursos arquitetônicos capazes de criar essas aberturas, envidraçadas ou não. Veja quais são e conheça as principais diferenças entre eles:

Claraboias: elementos que proporcionam, além da iluminação, ventilação, pois podem ser abertos ou cobertos, fixos ou retráteis.

Lanternins devem ser projetados e calculados para cada situação específica, com o objetivo de resolver por meios naturais problemas de exaustão e ventilação mecânicas
Pedro Taddei Neto

Domus: assemelham-se às claraboias, mas em forma de cúpula. Recobertos por material translúcido, como vidro, acrílico ou policarbonato, podem ter ventilação permanente, controlada ou sem ventilação.

Sheds: usados normalmente em galpões industriais, são telhados em forma de ‘serra’, com uma das faces em vidro, em geral vertical, visando iluminação e ventilação.

Lanternins: são dispositivos aerodinâmicos aplicados nas cumeeiras de telhados de edificações que concentram emanação de gases, calor ou poeira em suspenção. Aumentam a convecção do ar no interior, melhorando a exaustão e a temperatura.

Átrios: pátios centrais descobertos empregados para proporcionar ventilação cruzada e iluminação natural nos ambientes que o contornam.

Iluminação natural tubular: modalidade de domus dotados de lente, é usada para ampliar a iluminação natural interna, mesmo em dias de céu encoberto. Proporciona, portanto, redução do consumo energético em iluminação artificial e pode ser aplicada em telhados e em lajes. Uma boa aplicação é a substituição da iluminação difusa de grandes ambientes, em que se usa a leitura, mantendo-se a iluminação artificial modulável sobre os planos de trabalho.

AJUSTANDO OS CONCEITOS PARA PROJETAR

O arquiteto e mestre Pedro Taddei Neto, professor doutor aposentado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), chama a atenção para o fato de que no léxico contemporâneo do mercado da construção civil, o significado de claraboias e domus confundem-se. “Tratando-os como sinônimos, esses dispositivos são multifuncionais, uma vez que oferecem iluminação, insolação, ventilação, redução de carga térmica e controle de quaisquer desses atributos”, comenta. Assim, ambos se prestam a edificações destinadas a todo tipo de uso e executadas em qualquer sistema construtivo. Não é o caso dos átrios, sheds e lanternins, que têm aplicações específicas.

“Lanternins devem ser projetados e calculados para cada situação específica, com o objetivo de resolver por meios naturais problemas de exaustão e ventilação mecânicas. Quando desenhados como replicações das cumeeiras, podem receber vidros fixos em forma de venezianas, acrescentando alguma iluminação natural”, ensina. Além do uso industrial, servem para piscinas cobertas, para aumentar a vazão de gases dos produtos de depuração da água, e edificações para grupos geradores a diesel, caldeiras e lavanderias.

Taddei lembra que os átrios, originalmente empregados em residências, escolas e conventos, por proteger os ambientes à sua volta de ruídos externos, funcionam hoje para centros de compras abertos, restaurantes e bibliotecas, entre outras edificações. Muito além dos galpões industriais, os sheds também se prestam a inúmeros usos de grandes dimensões, que exigem distribuição uniforme de iluminação natural. Exemplo foi o “Ateliê” demolido do edifício original da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, na rua Maranhão (SP), onde eram ministradas as aulas de projeto.

INSTALAÇÃO

Qualquer tipo de telhado pode receber soluções de iluminação zenital, porém a especificação deve considerar alguns fatores. “As escolhas criteriosas dos produtos face às necessidades de iluminamento, ventilação, insonorização e redução da incidência de raios solares devem ser orientadas pela análise do sistema estrutural do telhado”, recomenda Taddei, referindo-se à armação, perfis, capacidade de suporte e reforços necessários. Esse cuidado resulta na obtenção da melhor relação custo-benefício, preservando e valorizando o resultado plástico esperado.

É preciso, também, observar o aspecto de segurança do edifício quando instalados dispositivos maiores, que permitem a passagem de pessoas, como sheds ou claraboias de grande porte. Nesse caso, as aberturas devem receber reforço interno ou sistemas de detecção e alarme.

A colocação de sheds e lanternins depende da estrutura dos telhados e sua orientação Norte-Sul, para evitar a insolação direta nos elementos e beneficiar-se dos ventos dominantes
Pedro Taddei Neto

“Telhados de telhas de barro podem receber esses produtos. Basta substituir as unidades correspondentes aos orifícios necessários por chapas de aço ou alumínio, com isolamento termoacústico, de modo a acomodar o espaço requerido pelo produto à modulação das telhas. Nos telhados em chapas de aço ou alumínio, com ou sem isolamento ou forro, o orifício pode ser feito na medida exigida para a instalação do produto. Os acessórios complementam a instalação”, detalha.

A montagem desses elementos depende de cada fabricante ou fornecedor, que, em geral, tem seus próprios processos de instalação. Os dispositivos sob medida são produzidos, montados e desmontados em fábrica e, após confirmação dimensional, remontados in loco. Aqueles padronizados ou modulares devem ser recebidos na obra para, verificadas suas dimensões, preparar o local de instalação. A maioria dos produtos oferece acessórios para fixação, estanqueidade, desvio de águas pluviais e acabamento.

Em obras de reforma, é preciso examinar o sistema construtivo do empreendimento e as destinações dos ambientes. “A colocação de sheds e lanternins depende da estrutura dos telhados e sua orientação Norte-Sul, para evitar a insolação direta nos elementos e beneficiar-se dos ventos dominantes”, diz Taddei. Lajes em concreto prestam-se a claraboias ou domus, que podem ser cortadas e reformadas nos bordos do orifício. Os átrios, porém, só se aplicam em casos de reforma integral da edificação, com remanejamento de alvenarias e aberturas.

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Colaboração técnica

Pedro-Taddei
Pedro Taddei Neto – É formado pela Universidade de São Paulo em 1967 e pós-graduado no Institut de I´Environnement da França e na Universidade de Paris I-Panthéon-Sorbonne. Vem, há mais de 40 anos, atuando nas áreas do planejamento, da elaboração de projetos e gerenciamento de empreendimentos, no Brasil e no exterior. O escritório "Taddei e Associados" angariou um expressivo currículo de realizações e atende importantes clientes públicos e privados.