menu-iconPortal AECweb

Conheça soluções para reúso de água em empreendimentos corporativos

Embora o principal objetivo seja a redução de custos, a iniciativa também traz vantagens ambientais

Publicado em: 28/03/2014

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

ETEOs sistemas de captação, tratamento e distribuição de água potável são onerosos, já que a implantação e manutenção destas técnicas exigem infraestrutura dispendiosa. Uma solução inteligente e racional, é promover alternativas de fornecimento de água dentro ou a partir de placas solares (cogeração), instaladas na própria edificação, aperfeiçoando a infraestrutura do sistema e tornando o consumo mais econômico. “Algumas indústrias e empresas já começaram a entender que a água é um recurso que está se tornando cada vez mais escasso, por isso têm apostado em soluções de reúso”, afirma Wilson Falcão, engenheiro civil e especialista em construções sustentáveis. O principal objetivo, segundo o profissional, é a redução de custos, mas a iniciativa também impacta na diminuição da pressão sobre os recursos naturais e, consequentemente, sobre os tratamentos para tornar a água potável.

Conheça algumas soluções:

REATORES ANAERÓBIOS

As estações compactas de tratamento de esgoto utilizam reatores anaeróbios e podem tratar até 500 m³ por dia, com áreas de implantação a partir de 20 m², pouca infraestrutura e baixa manutenção. A água vertida por estas estações pode ser reusada em irrigações, vasos sanitários, lavagens de áreas externas ou ainda em processos em que a potabilidade não é pré-requisito. “Estas estações não possuem a fase aerada no processo de tratamento, pois a degradação do esgoto ocorre por meio de bactérias que não necessitam de oxigênio para sobreviver”, esclarece Falcão. Além disso, são compostas basicamente por reatores e filtros biológicos anaeróbios, sendo a maioria de fluxo ascendente. Portanto, não usam nenhum equipamento elétrico acoplado – uma das grandes vantagens do sistema, porque reduzem os custos de funcionamento, a operação e manutenção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). “Estes equipamentos conseguem remover até 85% da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), o que atende plenamente aos padrões estabelecidos pelos órgãos ambientais”, afirma o profissional.

ÁGUAS CINZAS

Muito mais simples é a proposta de reúso das águas cinzas ou residuais – utilizadas em lavatórios, tanques, máquinas, pias e chuveiros. As estações de tratamento desse tipo de água ocupam um espaço menor ainda, podendo ser instaladas, inclusive, em prédios comerciais, abastecendo até 40% do consumo.

CHUVA

Algumas indústrias e empresas já começaram a entender que a água é um recurso que está se tornando cada vez mais escasso, por isso têm apostado em soluções de reúso

Para o engenheiro Sergio Botassi dos Santos, o reúso da água de chuva também é bastante aplicável em locais onde há constância de precipitação que justifique o custo da construção de um reservatório. “Regiões onde o ciclo de chuva é bem definido e concentrado em determinadas épocas do ano, como o Centro-Oeste, inviabilizam a estrutura de reservatório de atenderem à demanda por muito tempo no período de estiagem, tornando essa solução questionável sob o aspecto operacional”, explica Sergio. No entanto, para reutilizar bem a matéria-prima dessa forma não há nenhuma recomendação especial, a não ser descartar alguns minutos iniciais da água da chuva, já que parte dela pode estar contaminada com partículas de sujeira e materiais patogênicos do próprio sistema de captação.

CONDENSAÇÃO

Outra forma de captação de água muito praticada em grandes complexos industriais e comerciais é a condensação de água das centrais de refrigeração para condicionamento de ar. Os volumes de água gerados a partir deste procedimento podem ser facilmente destinados a outros fins, como irrigação de áreas verdes, limpeza de áreas comuns, uso em vasos sanitários etc. Uma grande vantagem do sistema é a perenidade do fornecimento de água que estará, na maioria das vezes, disponível para consumo, evitando a subutilização das instalações hidrossanitárias projetadas para este objetivo, diferentemente do sistema de aproveitamento de água pluvial, que pode se encontrar inutilizado em épocas de seca.

É BOM SABER

Todo sistema de reúso requer inspeções, manutenções preventivas e corretivas criteriosamente definidas e executadas, a fim de garantirem o correto funcionamento das soluções implantadas.

Algumas cidades como Curitiba (PR), Niterói (RJ), Camboriú (SC) e Uberlândia (MG) já criaram a ‘lei da água cinza’, obrigando prédios comerciais a instalarem sistemas de separação para tratamento e reúso de água. Para o engenheiro Wilson Falcão, esta medida será uma tendência, um caminho natural para todo o Brasil. Entretanto, é importante ressaltar que mais do que uma imposição legal, a implantação de soluções de reúso deve ser entendida como alternativa que agregue benefícios de ordem econômica e ambiental.

 

Colaboraram para esta matéria

Wilson Falcão – Engenheiro civil, especialista em Construções Sustentáveis. Mestrando em Estudos Ambientais LEED Green Associate pelo USGBC. Consultor e Instrutor de Sustentabilidade para o SEBRAE. Professor da Disciplina de Gestão Ambiental em Construções pelo IPOG - Instituto de Pós-Graduação e Professor da Pós-Graduação na Universidade de Fortaleza.
Sergio Botassi dos Santos – Engenheiro civil há 14 anos, mestre e doutor em construção civil formado pela UFRGS. Possui empresa de consultoria (SBS Consultoria em Engenharia) direcionada a soluções estruturais e análise de patologias em concreto, além de realização em gestão de risco. Atua como perito em engenharia em causas judiciais e pelo Ministério Público há mais de 5 anos. É professor e coordenador de cursos de pós-graduação latu sensu do IPOG e na PUC-Goiás. É coautor de 2 livros relacionados a estruturas de concreto pelo Instituto Brasileiro do Concreto - IBRACON, e possui mais de 30 artigos técnicos publicados em eventos e revistas nacionais e internacionais. Foi agraciado com o prêmio de melhor tese pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República em 2011.