Conheça soluções que oferecem eficiência acústica a empreendimentos residenciais
Custo é viável desde que o uso seja previsto ainda na fase de projeto
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
O mercado brasileiro de materiais acústicos começa a ganhar fôlego embalado pela exigência dos moradores que buscam mais conforto ambiental e pelos novos parâmetros regulamentadores, como a NBR 15.575-3, que entra em vigor no próximo ano.
Conheça produtos que contribuem para a criação de ambientes livres dos incômodos do barulho excessivo. Para a especificação precisa, é sempre indicado contar com a consultoria de especialistas em acústica.
Mantas
São produzidas a partir de materiais como lã de vidro, lã de rocha, lã de PET e até borracha de pneu reciclado e têm diversas aplicações. “Existem produtos desenvolvidos para coberturas, pisos, tetos e paredes”, informa Fernando Neves, coordenador técnico-comercial da Isover Saint-Gobain. Em pisos, são utilizadas para evitar a passagem de ruídos de impacto (por exemplo, passos de salto alto, bater bola, móveis sendo arrastados) entre andares das unidades habitacionais, e devem ser aplicadas entre a laje e o contrapiso durante a construção do edifício.
Débora Barreto, arquiteta da Audium e conselheira da Sociedade Brasileira de Acústica (Sobrac), recomenda: a manta deve abraçar o contrapiso, para evitar a transmissão sonora entre as estruturas (laje, paredes e pilares).
Vantagens
Essa é a solução mais eficiente para tratamento acústico de ruídos de impacto para pisos. “O mercado brasileiro do produto vem crescendo, há cerca de 10 fornecedores, com produtos de diversos preços e desempenhos”, revela o arquiteto Marcos Holtz, da Associação ProAcústica.
Cuidados e manutenção
A definição do tipo de manta e da densidade do produto depende de itens como o tipo e a espessura da laje, a espessura do contrapiso e a altura do pé-direito da unidade. Segundo Fernando Neves, a instalação é simples, mas exige profissionais habilitados e treinados.
PainÉis
Funcionam como absorvedores acústicos, amortecendo as ondas sonoras e diminuindo a reflexão destas para o ambiente. Diferentes materiais são utilizados na composição dos sistemas: há painéis de MDF (revestidos em madeira ou melanina), de fibras minerais (lã de vidro ou lã de rocha) e fibras sintéticas. Em empreendimentos residenciais, são indicados para o tratamento acústico de salões de festa, salões de jogos e salas de cinema. Outra aplicação é em home theaters, com o objetivo de evitar vibrações excessivas e abafamento sonoro. O mercado oferece atualmente modelos com revestimentos decorativos, que podem ser fixados diretamente nas paredes ou no teto, além de produtos vendidos sob a forma de kits.
Vantagens
Além dos atributos acústicos, os produtos proporcionam conforto térmico, resultando em economia de energia.
Cuidados e manutenÇÃo
A especificação do tipo de painel, da densidade e do posicionamento dos painéis no ambiente deve ser alvo de consulta com especialista em acústica para alcance dos resultados pretendidos.
Drywall
Compostas de chapas de gesso acartonado e estrutura de aço galvanizado, as paredes de drywall, que ganharam o mercado em função de atributos como leveza e economicidade, também apresentam vantagens acústicas. Segundo a Associação Brasileira do Drywall, uma parede de 73 mm de espessura gesso acartonado absorve entre 36 e 38 decibéis (dB), o mesmo que uma similar de meio tijolo (140 mm). O desempenho é mais satisfatório quando o sistema conta com recheio de lã mineral (de vidro ou de rocha): neste caso a absorção alcança entre 42 e 44 dB. Além da construção de paredes internas, o drywall pode ser empregado em unidades já habitadas como reforço em paredes e tetos de alvenaria, visando a diminuição de ruídos externos, principalmente os provenientes de apartamentos vizinhos. “É preciso ter em mente que serão adicionados, no mínimo, 6 cm à estrutura, o que implica em perda de espaço”, alerta Débora Barreto.
Vantagens
Os sistemas são de rápida instalação, além de adaptáveis a diferentes necessidades de projetos, uma vez que é possível determinar o número de placas e a inclusão dos elementos termoisolantes.
Cuidados e manutenÇÃo
Atenção ao número de juntas entre as placas e de pontos elétricos que, em excesso, pode prejudicar o desempenho acústico do sistema.
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Esquadrias antirruÍdo
Elas se diferenciam dos modelos tradicionais pela vedação superior, resultante da fabricação a partir de materiais de alta densidade, da existência de perfis mais robustos que permitem a colocação de vidros especiais, e de design inteligente que praticamente elimina frestas de entrada de ar (e ruídos). “Há modelos em madeiras, PVC, aço e alumínio, todos sujeitos à NBR 10821/2011. E cabe ao fabricante compensar eventuais deficiências do material para atender à finalidade projetada. Por exemplo, o PVC, mesmo sendo um material de boa redução acústica, necessita de uma ‘alma de aço’ para suportar os esforços constantes. Assim como o alumínio que, devido à alta condutividade, demanda câmaras de absorção e, em alguns casos, preenchimento dos vazios internos dos perfis com material inerte para evitar reverberação”, informa o empresário Antonio Molina, conselheiro da Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal).
Vantagens
Solução para tratamento acústico de fachadas, pois a vedação funciona como um barramento ao ruído externo urbano.
Cuidados e manutenção
A orientação do arquiteto Marcos Holtz é que o entorno do empreendimento tenha os níveis medidos ainda na fase de projeto, de forma a embasar os cálculos desse tipo de isolamento. A colocação das esquadrias também deve ser cuidadosa, com aferição do nível e prumo do ponto de instalação.
Vidros acÚsticos
O mercado oferece atualmente vidros especiais bastante eficientes para barrar o som – alguns exemplos são os insulados duplos e os laminados. Os primeiros são compostos por duas lâminas de vidro separadas por uma camada de ar ou gás desidratado. Os laminados, por sua vez, contam com duas ou mais folhas interligadas, sob calor e pressão, por camadas de polivinil butiral ou resina. Nas duas soluções o isolamento é favorecido pela existência de diferentes materiais, que constituem diferentes meios, dificultando a transmissão sonora. “Em média, um vidro duplo de composição 4 mm+12mm+4mm instalado numa boa janela acústica pode reduzir até 38 dB. Já um laminado 4mm+12mm+8mm pode abater até 41 dB”, exemplifica Molina.
Vantagens
Solução para o abatimento de ruídos aéreos, possui também propriedades térmicas, de transmissão de luz e calor.
Cuidados e manutenção
Quando instalados em esquadrias é importante garantir boa vedação, com o preenchimento das frestas de janelas e portas com materiais como silicone.
EPS
Na Construção Civil a principal aplicação do poliestireno expandido ou isopor, como é popularmente conhecido, é como isolante térmico. Porém, sistemas construtivos que utilizam o material como núcleo (painéis monolíticos, por exemplo) podem contribuir para barrar ruídos indesejáveis. “Isoladamente o EPS não tem atributos acústicos. O material contribui para barrar a propagação das ondas sonoras quando combinado a outros materiais, como concreto e argamassa”, esclarece Odair Teixeira, gerente de Negócios de Construção Civil da Termotécnica. A lógica é a mesma aplicada aos vidros insulados: superfícies multicamadas dificultam a passagem do som, devido aos padrões vibratórios diferenciados dos materiais.
Vantagens
Isolamento térmico e acústico. Chapas com diferentes densidades que podem ser especificadas de acordo com a necessidade do projeto.
Cuidados e manutenção
A principal recomendação é que o EPS seja antichamas.
“Tratamento acústico não custa muito, desde que as soluções sejam previstas na fase de projeto e executadas preferencialmente durante a incorporação do empreendimento”, diz a arquiteta Débora Barreto, da Audim. Marcos Holtz, da ProAcústica, faz coro: segundo o profissional, em edifícios existentes as soluções não só têm custo superior, como podem ser até inviáveis, caso do tratamento do ruído de impacto nas lajes, que deve ser executado na construção. A partir de 2013, a expectativa dos especialistas é que se estabeleça no país um novo patamar de conforto acústico nos edifícios residenciais. Isso porque está marcada para março a entrada em vigor da norma de desempenho NBR 15575. A norma, que vem gerando intensos debates na cadeia produtiva da Construção Civil, estabelece parâmetros mínimos de desempenho, intermediários e superiores para pisos, paredes, coberturas, materiais hidrossantários, esquadrias, entre outros produtos. “Outro fator significativo é que a norma estabelece uma metodologia objetiva para medição do desempenho acústico dos sistemas, algo realmente novo no Brasil, apesar de já existir em países europeus há mais de quarenta anos. Isso facilitará a avaliação de juízes nas demandas entre construtoras e moradores”, afirma Marcos. Outros avanços esperados para os próximos anos são nas normas técnicas de acústica, com as atualizações da ABNT NBR 10.151 (última versão em 2000) e da NBR 10.152 (1987). Esta última estabelece em 45 dB o índice de conforto acústico em dormitórios e 50 dB em salas de estar. Um dos objetivos da revisão é reduzir esses índices, equiparando-os a padrões internacionais.