Conheça vantagens do BIM para projetos de estruturas metálicas
Building Information Modeling permite detalhar da infraestrutura até a parte visual, com informações que vão desde a capacidade da força do aço, propriedades mecânicas e fornecedor, até a tinta usada na parede de revestimento final
BIM é ideal para estrutura metálica graças à sua precisão e detalhamento (Nikonaft/Shutterstock)
O sistema CAD (Computer Aided Design, em português Desenho Assistido por Computador) chegou há cerca de 30 anos no mercado e revolucionou a maneira de projetar. Os desenhos saíram das pranchetas, foram para os computadores e, por décadas, o CAD esteve como principal ferramenta usada no desenvolvimento dos projetos. Usado em geografia, geologia, design, engenharia, construção civil e arquitetura, a plataforma viu sua hegemonia ameaçada com a chegada de um novo sistema no mercado, o BIM (Building Information Modeling, em português é traduzido para Modelagem da Informação da Construção).
De acordo com o professor Eduardo Toledo Santos, especialista do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), a plataforma BIM é um avanço do CAD. “Sistemas CAD são aplicativos para desenho 2D ou modelagem 3D. Apenas a geometria e, eventualmente, as relações geométricas entre as partes do desenho são registradas e gerenciadas. Já o BIM, além da geometria e das relações, também contém informações sobre os elementos representados e, principalmente, semântica – isto é, o significado do objeto que está sendo representado. Por conta dessa diferença, principalmente em estruturas que necessitam de maior grau de detalhamento, como metálicas, modelos BIM têm muito mais aplicação do que os sistemas CAD”, explica Santos.
BIM PARA ESTRUTURAS METÁLICAS
Tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, e em ascensão na América Latina, os softwares desenvolvidos em plataforma BIM são os mais usados na elaboração de projetos de estruturas metálicas. Isso porque o modelo permite detalhar toda a infraestrutura até a parte visual, com informações que vão desde a capacidade da força do aço, propriedades mecânicase fornecedor, até a tinta usada na parede de revestimento final.
O BIM para estruturas metálicas foi um dos primeiros a surgir, devido à crescente complexidade e precisão desses materiaisEduardo Toledo Santos
“O BIM para estruturas metálicas foi um dos primeiros a surgir, devido à crescente complexidade e precisão desses materiais, e torna a disciplina ideal para esses sistemas. Mas agora também é usado em outros tipos de projeto e desenhos”, diz o professor.
Com a implantação do sistema BIM, as empresas também conseguiram proporcionar integração entre os diferentes profissionais envolvidos no projeto, como o projetista, o calculista e o responsável pelo detalhamento. Todos trabalham em uma mesma base de dados.
Para o especialista técnico-sênior da Autodesk Brasil, Ricardo Bianca, “o BIM oferece suporte para uma documentação mais ágil e automatizada, bem como análise integrada ao desenvolvimento de projeto, que são algumas das vantagens mais evidentes. Assim, minimiza inconsistências, agilizando revisões e garantindo mais qualidade ao projeto”. Ele também acredita que os softwares com base em CAD desempenharão papel menor e coadjuvante nos processos do futuro, em relação aos softwares em BIM.
O BIM oferece suporte para uma documentação mais ágil e automatizada, bem como análise integrada ao desenvolvimento de projeto, que são algumas das vantagens mais evidentesRicardo Bianca
“Todas as informações produzidas durante o projeto são armazenadas e usadas para futuras revisões, se necessário. A parte de obras é a etapa de execução, e não mais de resolução de problemas. Um projeto bem resolvido garante uma obra mais assertiva, sem estouro de cronograma ou orçamento. E cada vez mais as tecnologias estão impactando positivamente na produtividade e na qualidade dos projetos. Isso traz benefícios à execução, ao comissionamento e à operação e qualquer ação complementar ou corretiva posterior”, conclui.
Já para Rafaella da Silva Ribas, arquiteta e urbanista responsável pelo setor de vendas da HAVE-IT, empresa de capacitação tecnológica de Curitiba (PR), a precisão das informações e a possibilidade de automatizar processos, com extração de dados para orçamentação e planejamento, nem sempre é exigida de um projeto, no qual apenas o desenho técnico tradicional já é suficiente. Nesse sentido, a arquiteta acredita que o CAD não vai desaparecer.
Também não podemos deixar de levar em consideração projetos de pequena escala, como detalhamentos de marcenaria e design de produtos que podem ser facilitados pela maneira de concepção do CADRafaella da Silva Ribas
“O CAD funciona como uma parte do BIM. Com ele é possível extrair informações de um projeto e trabalhar de maneira pontual em porções de projetos de grande porte. Também não podemos deixar de levar em consideração projetos de pequena escala, como detalhamentos de marcenaria e design de produtos que podem ser facilitados pela maneira de concepção do CAD. E, além disso, existem outros profissionais que não atuam necessariamente com construção civil e metálica, como mecânicos industriais e designers gráficos, os quais não se beneficiariam de alguns recursos dos softwares em BIM”, diz Ribas.
bim x cad
O sistema BIM é um avanço processual com foco na informação de projeto e na consistência dos dados. Os recursos tecnológicos que suportam a plataforma são, de fato, mais sofisticados, pois possibilitam não somente documentar, como também analisar, testar e subsidiar processos de fabricação. A comunicação é ágil e inclui agentes que não estão versados na linguagem do desenho técnico, uma vez que entrega modelos tridimensionais fotorrealistas. A precisão das informações e a possibilidade de automatizar processos, como os de extração de dados para orçamentação e planejamento, também é uma das vantagens do uso do BIM em relação ao desenho técnico tradicional.
Por outro lado, o CAD tem maior expressão no gráfico e na representação. Quando se fala de especificações complexas internas e estruturantes, não tem o detalhamento que o BIM oferece, mas se torna ideal para projetos de pequeno porte, design e desenhos 2D e 3D.
ColaboraÇÃo TÉcnica
- Eduardo Toledo Santos – professor e especialista do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Rafaella da Silva Ribas – arquiteta e urbanista responsável pelo setor de vendas da HAVE-IT.
Ricardo Bianca – especialista técnico-sênior da Autodesk Brasil.