Construção civil investe em máquinas de obra híbridas
Escavadeiras e carregadeiras sobre rodas que utilizam mais de uma fonte de energia economizam combustível e reduzem a emissão de gases poluentes
Máquinas da linha amarela com sistemas de propulsão híbridos (Divulgação/ Volvo CE)
Aumentar a eficiência e reduzir o custo de operação dos equipamentos são alguns dos principais focos de desenvolvimento da indústria da linha amarela. Tanto é que uma das tendências que se firmam nesse mercado é o lançamento de modelos equipados com sistemas de propulsão híbridos, que utilizem mais de um tipo de fonte de energia – geralmente elétrica e diesel – para seu funcionamento.
O que justifica esse movimento são alguns benefícios trazidos pela hibridização, como a economia de combustível e a redução de emissões de poluentes, que pode gerar às empresas a possibilidade de utilizar créditos de carbono. Há, ainda, ganhos acústicos. “Temos a diminuição de ruídos entre 3 e 4 decibéis nessas máquinas, gerando maior conforto operacional e atendimento à legislação”, afirma o engenheiro Vladimir Machado Filho, executivo de marketing de produtos da Komatsu no Brasil.
Temos a diminuição de ruídos entre 3 e 4 decibéis nessas máquinas, gerando maior conforto operacional e atendimento à legislaçãoVladimir Machado Filho
VANTAGENS EM NÚMEROS
Segundo Machado, a emissão de poluentes pode chegar a cerca de 25%. A economia de combustível pode chegar a 25% na comparação com uma máquina de mesmo porte. Em alguns casos, a economia pode subir para até 40%, lembrando que a redução de combustível é impactada por uma série de fatores, como tipo de atividade, carga, utilização e nível de habilidade de operadores.
A redução do tamanho dos motores é outro benefício atribuído à propulsão híbrida. “Por utilizarem energia elétrica para suprir parte da potência vinda dos motores diesel, estes motores tendem a ser mais compactos. Isso significa que em escavadeiras de 20 toneladas é possível substituir o tradicional motor de 6 cilindros por um motor de 4 cilindros com auxílio elétrico”, comenta o engenheiro da Komatsu.
Equipamentos menores também podem utilizar mais de uma fonte de energia (Divulgação/ Volvo CE)
COMO FUNCIONAM OS MOTORES HÍBRIDOS?
Os equipamentos híbridos possuem um sistema de armazenamento de energia que permite utilizá-la quando necessário. Isto pode ser realizado mediante o uso de acumuladores, de supercapacitores ou mesmo de baterias.
“Por serem alimentados por um sistema de armazenamento de energia, os motores com propulsão híbrida, além de menores, podem trabalhar em uma faixa otimizada e ter maior durabilidade. Além disso, eles apresentam menor necessidade de sistemas de pós tratamentos de gases de exaustão graças à menor variabilidade das condições de operação”, comenta o engenheiro Boris Sanchez, gerente de suporte a vendas e aplicações da Volvo Construction Equipment Latin America.
Por serem alimentados por um sistema de armazenamento de energia, os motores com propulsão híbrida, além de menores, podem trabalhar em uma faixa otimizada e ter maior durabilidade. Além disso, eles apresentam menor necessidade de sistemas de pós tratamentos de gases de exaustão graças à menor variabilidade das condições de operaçãoBoris Sanchez
APLICAÇÕES DE MOTORES HÍBRIDOS
De modo geral, um sistema híbrido pode ser instalado em praticamente todo tipo de equipamento autopropelido para construção. Mas os benefícios podem ser maiores ou menores dependendo do tipo de equipamento e o ciclo de trabalho.
“Os equipamentos que oferecem maiores oportunidades para hibridização são aqueles cujo ciclo de trabalho inclui movimentos da máquina que permitam armazenar energia. Por exemplo, os movimentos de abaixamento de lança ou braço de uma escavadeira, ou o próprio movimento de giro dela”, comenta Sanchez. O executivo da Volvo conta que as carregadeiras sobre rodas e as escavadeiras de esteiras são os equipamentos com maior potencial para isso. “Para outros equipamentos, as soluções tendem a passar por sistemas com uma fonte de energia única como, por exemplo, máquinas completamente elétricas”, explica.
QUANDO VALE À PENA?
Escavadeira híbrida (Divulgação/ Komatsu)
Por conta de todas as complexidades tecnológicas, o valor de aquisição de uma máquina híbrida ainda é mais alto que um exemplar de mesmo porte com motorização tradicional. “Os sistemas híbridos requerem mais componentes, mais tecnologia e controles mais avançados. Tudo isto nos leva a analisar e focar naqueles equipamentos com a maior oportunidade de retorno sobre o investimento”, explica Boris Sanchez, da Volvo.
Segundo Machado, devido ao alto custo de investimento, o mercado nacional ainda está bem retraído, mas no exterior, este tipo de tecnologia é bem difundido, o que faz com que o custo de investimento de aquisição seja mais baixo.
Também limita a aplicação dos motores híbridos o fato de que, para se ter efeito do retorno da economia sobre o valor investido, a utilização do equipamento deva ser grande, em torno de 70% do período total da máquina. Para o engenheiro da Komatsu, no entanto, a tendência é a de que a legislação e a sociedade se tornem cada vez mais exigentes com relação a emissões atmosféricas. Isso deve induzir o aumento da demanda por equipamentos mais eficientes e reduzir o custo das tecnologias movidas a energias alternativas.
Colaboração técnica
- Boris Sanchez – Engenheiro formado pela Pontificia Universidad Católica del Peru. É gerente de suporte a vendas e aplicações da Volvo Construction Equipment Latin America
- Vladimir Machado Filho – Engenheiro de produção, é executivo do departamento de marketing de produtos da Komatsu Brasil International