Construção da linha 13-Jade da CPTM transpõe rodovias, rios e parque ecológico
Com 12,2 km de extensão e três estações, com trechos elevados e em superfície, nova linha de trem metropolitano liga o Aeroporto de Guarulhos à malha metroferroviária da Grande São Paulo
Viaduto estaiado da Linha 13-Jade da CPTM (foto: digulgação/Governo do Estado de São Paulo)
Com 12,2 km de extensão e três estações, a Linha 13-Jade da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) foi construída para ser uma conexão entre a malha metroferroviária da capital paulista e o Aeroporto Internacional de São Paulo. A expectativa é de que o novo trecho beneficie cerca de 130 mil pessoas por dia, entre turistas, moradores e trabalhadores de Guarulhos, segunda cidade mais populosa do Estado. As obras começaram no final de 2013 e receberam investimento de R$ 2,3 bilhões. Dividido em quatro lotes, o trabalho foi concluído em março de 2018, quase três anos depois da data prometida pelo Governo do Estado.
As obras civis incluíram a construção da via permanente, da rede aérea de tração, das obras de arte especiais e das novas estações Engenheiro Goulart (reconstruída), Guarulhos-Cecap e Aeroporto-Guarulhos. A implantação contemplou, ainda, contratos relacionados aos sistemas de suprimento de energia, sinalização, telecomunicações e monitoramento de vias, bem como a implantação de um sistema de atenuação de vibrações no trecho que passa pelo campus da USP Leste.
DESAFIOS CONSTRUTIVOS
Da extensão total da Linha 13-Jade, 4,3 km de trilhos são em superfície e 7,9 km em via elevada. A implantação do maior trecho da via férrea elevada tinha como objetivo preservar parte da área do Parque Ecológico do Tietê e minimizar transtornos aos usuários das rodovias Ayrton Senna, Presidente Dutra e Hélio Smidt.
A geologia ao longo do maior trecho é composta de solo mole nas regiões de várzea do Tietê e rochas ou rocha mista em outros trechos. Tais condições induziram a construção do trecho em elevado com fundações compostas de estações ou estacas-raiz consolidadas em um bloco de fundação, de onde sai um pilar com travessa capaz de suportar quatro vigas longitudinais. “A altura dos pilares foi definida de modo a garantir os gabaritos das vias e rodovias ultrapassadas pelo elevado, conjugados com os limites de rampa que os trens têm capacidade de vencer, de até 2%”, diz o engenheiro Jackson Teixeira Eugênio, gerente de obras e expansão da CPTM.
A altura dos pilares foi definida de modo a garantir os gabaritos das vias e rodovias ultrapassadas pelo elevado, conjugados com os limites de rampa que os trens têm capacidade de vencer, de até 2%Jackson Teixeira Eugênio
Ele conta que uma série de ocorrências e desafios contribuiu para a alteração do cronograma da obra. A começar pela execução do trecho em superfície concomitantemente com o início da operação da Linha 12-Safira, o que reduziu drasticamente o tempo disponível para algumas intervenções.
A demora para a obtenção das licenças ambientais e o prazo maior do que o estimado para aprovação do projeto de transposição das rodovias Presidente Dutra e Ayrton Senna junto às agências reguladoras também foram complicadores. “Adicionalmente, tivemos de realizar o ajuste geométrico do traçado da linha, em virtude de demandas externas, como o projeto futuro de ampliação do campus da USP Leste”, revela o engenheiro.
Trecho elevado da Linha 13-Jade da CPTM (foto: digulgação/Governo do Estado de São Paulo)
OBRAS DE ARTE ESPECIAIS
O projeto da nova linha da CPTM previu, ao todo, seis transposições. Uma delas deu-se por meio de um viaduto estaiado composto de dois mastros com aproximadamente 70 m de altura. Novo cartão-postal da região, o viaduto vence um vão de 180 m no entroncamento entre as rodovias Ayrton Senna e Hélio Smidt. Ao todo, foram utilizados 24 estais de cada lado das pontes, totalizando 96 cabos instalados.
Tivemos de realizar o ajuste geométrico do traçado da linha, em virtude de demandas externas, como o futuro projeto de ampliação do campus da USP LesteJackson Teixeira Eugênio
Outras cinco transposições foram viabilizadas pelo método balanço sucessivo. A principal delas, vencendo um vão livre de 120 m, está na rodovia Presidente Dutra. Para a sua construção foram utilizados conjuntos de fôrma e escoramento equipados com sistema hidráulico de movimentação e nivelamento, além de consoles trepantes para a execução das abas do tabuleiro.
Entre as obras de arte especiais da Linha 13-Jade chamam a atenção, ainda, duas passagens inferiores que dão acesso ao bairro Piratininga e ao Parque Ecológico Tietê. Localizadas no trecho que antecede a Estação Engenheiro Goulart, essas passagens foram criadas para atender a reivindicações da comunidade local.
EQUIPAMENTOS PESADOS
Nas etapas de escavação, movimentação de terra e construção de viadutos e elevados foram empregadas máquinas de diferentes tipos e portes. Entre elas, destacam-se escavadeiras com torres de escavação rotativas para a execução de estacas com diâmetro variando de 0,5 m a 2,5 m.
Também foram mobilizados guindastes telescópicos com capacidade para içar cargas entre 80 t e 450 t (para deslocamento de materiais, especialmente das vigas de concreto com 96 t). Segundo o gerente de obras e expansão da CPTM, o transporte dessas vigas exigiu o uso de um fischietti para movimentação transversal no pátio de produção de pré-moldados e de carretas de grande porte para conduzir as peças do canteiro de fabricação até o ponto de lançamento.
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Colaboração técnica
- Jackson Teixeira Eugênio – Engenheiro-civil formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), é gerente de obras e rxpansão da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos)