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Construsummit 2024: Digitalização e produtividade na indústria

Sócia de Infraestrutura e Projetos de Capital da Deloitte, Fernanda Tauffenbach relacionou evolução na construção civil à tecnologia. Entenda!

Publicado em: 10/09/2024Atualizado em: 11/09/2024

Texto: Naíza Ximenes

(Foto: Agência J.Somensi)

(Foto: Agência J.Somensi)

Com mais de 14 anos de experiência no setor de infraestrutura, Fernanda Tauffenbach, sócia de Infraestrutura e Projetos de Capital da Deloitte, conduziu a plateia do Construsummit 2024 por uma imersão em transformação digital na indústria da construção civil.

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Com a tarefa de esmiuçar o futuro da digitalização, industrialização e produtividade no setor, a palestrante deixou claro que todos esses elementos dependem dos avanços tecnológicos na indústria.

Ela convidou o público a refletir sobre como essas transformações podem modificar o universo da construção – especialmente quando aplicadas de maneira estratégica para aumentar a produtividade. A ideia central era discutir como as inovações já estão sendo implementadas e como ainda existe um longo caminho a ser trilhado em termos de adoção e amadurecimento dessas ferramentas no Brasil.

Tecnologia da construção no Brasil

Antes de apresentar soluções, Tauffenbach contextualizou a plateia em relação aos desafios que a indústria enfrenta atualmente. Segundo ela, a baixa maturidade orçamentária e os constantes atrasos em cronogramas são problemas recorrentes, que precisam ser abordados com urgência e não demandam iniciativas tão complexas em comparação a outros empecilhos.

Além disso, a produtividade (tanto no campo, quanto na gestão de projetos) é um gargalo que ainda impede o setor de avançar de forma significativa. Ela destacou que é necessário parar de encarar a digitalização como uma opção e começar a vê-la como um ativo, indispensável para o sucesso dos negócios.

Outro grande impeditivo para a evolução tecnológica citado por Fernanda Tauffenbach é a falta de padronização no setor — um problema que impacta diretamente a eficiência das obras. A ausência de fluxos consistentes e a pressão de fornecedores são fatores que limitam a inovação e a implementação de novas tecnologias, uma vez que muitas empresas não têm o investimento necessário para acompanhar essa transformação.

“Quando olhamos para a fase de construção, a contenção está no processo construtivo. Quando há tecnologia envolvida em todo o processo, a redução é de 10% a 15% nos custos de construção em um canteiros de obras”, explica a sócia de Infraestrutura e Projetos de Capital da Deloitte.

Soluções tecnológicas e futuro da construção

Reforçando a frase de Steve Jobs, que diz: “a tecnologia move o mundo”, a solução para esses desafios não poderia ser outra senão a tecnologia. Neste caso, Tauffenbach elencou como principais alternativas o uso de ferramentas como o BIM (Building Information Modeling), a integração desse instrumento com o Digital Twin (uma versão digital de um produto real de uma empresa), a aposta em realidade aumentada e virtual, a inteligência artificial e os sistemas de sensoriamento.

Quando implementadas desde o início de um projeto essas tecnologias têm o potencial de gerar ganhos substanciais em todas as fases da construção — desde a engenharia e suprimentos até a operação e manutenção.

Ela ressaltou que o BIM, por exemplo, é subutilizado no Brasil, e muitas vezes limitado ao uso de um modelo 3D, enquanto seu verdadeiro potencial está em sua aplicação como metodologia colaborativa. A inteligência artificial também foi destacada como uma aliada na gestão de projetos, permitindo que dados de projetos anteriores sejam usados para prever riscos e melhorar a eficiência. “Não existe mais como desenvolver engenharia sem pensar no ambiente colaborativo, nos dados da nuvem, onde você possa simular e digitalizar seus projetos de engenharia”, afirma.

Apostando em inteligência artificial, Fernanda reservou um tempo da palestra para exemplificar uma aplicação direta na área de manutenção, através do engenheiro virtual. “Ao invés de ter um ambiente com um profissional operador, que precisa ter acesso a uma série de documentos, notas de manutenção e procedimentos estáticos de dentro da organização, essa equipe resolveu apostar no engenheiro virtual, que faz a conexão entre toda a obra, incluindo sistemas de bancos de dados e procedimentos normativos”, diz.

Ela continua. “Os utilitários perguntam, de forma totalmente livre, o que precisarem — já que o robô está preparado para isso, ao ter acesso a todo esse conteúdo. Se houver algum problema com qualquer equipamento, o robô vai pesquisar no banco de dados, compilar todas as informações e já retornar com uma análise. Você pode ter um colaborador que faça tudo isso? Pode! Mas de uma maneira muito mais lenta, com um risco muito maior de deixar passar alguma informação. Aqui, estamos falando de todo um relatório em cerca de 50 segundos, com um volume de dados para tomada de decisão muito maior”, comenta.

Imagem da palestrante Fernanda Tauffenbach em cima do palco(Foto: Agência J.Somensi)

Impacto e resultados

Soluções apresentadas, hora de apresentar os resultados das aplicações na prática. Ela mencionou que a adoção dessas ferramentas pode resultar em reduções de custo de até 45% e melhorias na produtividade de até 15%. A grande mensagem é: quanto mais cedo uma empresa adotar a tecnologia, maior será seu potencial de redução de custos e aumento da competitividade.

No entanto, ela reconheceu que ainda há barreiras a serem superadas, como o desenvolvimento de habilidades e o custo inicial da adoção tecnológica. A capacitação da força de trabalho é essencial, e as empresas precisam estar dispostas a assumir riscos e investir na digitalização para garantir sua sobrevivência e crescimento no longo prazo. “A tecnologia não vem para excluir essa força humana, mas para provocar a força de trabalho a revisitar os seus moldes”, explica.

Fernanda Tauffenbach fez um chamado para que as empresas da construção civil adotem uma nova mentalidade e comecem a enxergar a tecnologia como uma aliada indispensável. O futuro da construção passa pela transformação digital, e as empresas que se adaptarem a essa realidade terão um papel de destaque no mercado.

“O assunto é extenso, mas eu queria chamar a atenção para a relevância de tudo isso. A adoção digital não é uma opção. É uma necessidade, para que as empresas se mantenham competitivas no mercado. Se nós não olharmos para tecnologia dentro desse ambiente que vem sendo atropelado por grandes mudanças, nós vamos continuar como um setor que está atrasado em relação à adoção da tecnologia. Nós vamos precisar agregar agilidade, inovação, qualidade nos nossos projetos — e com um foco muito importante para a sustentabilidade”, finaliza.