Construtora Plaenge cresceu 40% em 2023
Confira a entrevista com o gerente regional da empresa que vem se destacando no mercado residencial de luxo no Brasil e no Chile
Edifício One Batel (Foto: Guilherme Pupo)
Com 54 anos de atuação, a construtora paranaense Plaenge consolidou sua presença em empreendimentos de médio e alto padrão no Brasil e no Chile. Seus projetos chegaram a São Paulo e a Santiago em 2023, ano em que as vendas líquidas atingiram R$ 2,777 bilhões.
Em entrevista ao Portal AECweb, o engenheiro Daniel Turchetti, gerente regional da empresa, comenta que a companhia conta atualmente com 79 canteiros simultâneos e prevê 28 lançamentos nos dois países ainda em 2024.
Confira entrevista exclusiva!
AECweb – A Plaenge comemora números exponenciais alcançado em 2023. Quais são eles?
Daniel Turchetti – Em 2023, lançamos 20 projetos, alcançando R$ 2,917 bilhões em VGV (Valor Geral de Vendas). As vendas líquidas somaram R$ 2,777 bilhões, ou seja, registramos um crescimento de 40% em relação a 2022. O plano de expansão no Brasil e no Chile prevê o lançamento até o final deste ano de 28 projetos nos dois países, com vendas entre R$ 2,9 bilhões e R$ 3,2 bilhões.
AECweb – Quais fatores influenciaram esse crescimento?
Turchetti – São alguns fatores, a começar pelo sucesso nas praças onde temos uma atuação consolidada – Porto Alegre (RS), Joinville (SC), Curitiba, Londrina e Maringá (PR), Campo Grande (MS) e Cuiabá (MT). Temos, ainda, atuação em Temuco, sul do Chile, e na capital Santiago. Colaborou para esse crescimento a nossa chegada à capital paulista, com um lançamento exitoso no bairro de Moema. Agora, lançaremos um segundo empreendimento na cidade.
AECweb – A Plaenge está bem-posicionada no ranking das grandes empresas do país?
Turchetti – De acordo com o ranking anual do jornal Valor Econômico, este é o terceiro ano que a construtora ocupa a segunda posição de maior operação de imóveis de médio ou alto padrão no Brasil. Já entre as empresas de capital fechado, a Plaenge é líder absoluta nesse tipo de operação.
AECweb – Quantas são as obras em execução hoje e quais os planos para 2024?
Turchetti – Temos 79 obras em andamento simultaneamente. Além dessas, serão 28 novos lançamentos neste ano.
Temos 79 obras em andamento simultaneamente. Além dessas, serão 28 novos lançamentos neste anoDaniel Turchetti
AECweb – A empresa investe também em condomínios horizontais?
Turchetti – Começamos a atuar em loteamentos há cerca de oito anos e já entregamos dois em Campo Grande. Fizemos outro lançamento na cidade que, inclusive, recebeu o Prêmio Master em velocidade de vendas. A empresa tem um grande land bank para empreendimentos do tipo também em Londrina e Curitiba. Esse, no entanto, é um segmento em que a aprovação e licenciamento pelas prefeituras demora entre seis e oito anos. Porque depende de uma legislação nacional e, muitas vezes, envolve mudanças na destinação da área quando ela passa de rural para urbana. Em alguns casos, pode exigir a implantação de obras de infraestrutura de acesso, como rodovia e até viaduto.
AECweb – Quais as características arquitetônicas dos projetos da Plaenge?
Turchetti – Cada terreno é tratado de forma única, desde a concepção do projeto, de maneira que a arquitetura de uma torre nunca se repete. São todos projetos autorais de escritórios renomados, que assinam a arquitetura, o paisagismo e, nos empreendimentos maiores, há projetos luminotécnicos específicos. Entre os escritórios parceiros, estão o Bohrer, de Londrina; o LW Design Group, escritório global de arquitetura; e o Studio Ronaldo Rezende.
AECweb – Alguns desses projetos já foram premiados?
Turchetti – Sim, vários, como os empreendimentos Paseo Santos, em Londrina, e o Aughe de Cuiabá, e dois no Chile, o Brasilia View e Cuiabá Elegance, premiados no International Property Awards, uma das premiações mais prestigiosas do mercado mundial. O condomínio Lieu Unique, em Campo Grande, tem colecionado reconhecimentos consistentes ao longo do tempo. No ano passado, recebeu um prêmio internacional de arquitetura e design na categoria de Design Arquitetônico pelo OPAL – Outstanding Property Award London. Essa premiação, com 35 anos de tradição, reconhece projetos de arquitetura, design de interiores e desenvolvimento imobiliário de todo o mundo.
AECweb – A empresa se orgulha de embarcar recursos sustentáveis em seus empreendimentos.
Turchetti – Verdade. Isso se explica pela história da Plaenge, criada há 54 anos por Ézaro Fabian que, com sua cultura de engenheiro industrial, imprimiu nas construções métodos de processos e procedimentos. A empresa sempre procurou construir produzindo menos resíduos e levando para os edifícios soluções sustentáveis, como sistemas de tratamento e reuso de água de chuva. Em cidades muito quentes, como Cuiabá, fazemos o reaproveitamento até mesmo da água do ar-condicionado e optamos por esquadrias e vidros que colaboram com o conforto térmico.
AECweb – Esses empreendimentos recebem certificações de impacto ambiental?
Turchetti – Sim, como o Landhous que conquistou o selo EDGE concedido pela Corporação Financeira Internacional (IFC), do Banco Mundial. É a garantia de que o edifício é construído gerando menos energia, água e resíduos. Para se ter uma ideia da política de edifícios verdes da Plaenge, em 2002, quando pouco se falava no assunto, já produzíamos aquecimento de piscina com placa solar. Temos, é claro, implantado sistemas fotovoltaicos para geração de energia em nossos empreendimento.
AECweb – Quais as diferenças de mercado entre o Brasil e o Chile?
Turchetti – Entramos no Chile em 2010 e observamos que, até há pouco tempo, o mercado era bastante estável, com taxas de juros baixas de em média 4,5%, entre 1995 e janeiro de 2024. Depois da pandemia elas subiram, como ocorreu em todo o mundo. Há, no entanto, grande disponibilidade de crédito. Os compradores, mesmo de apartamentos de alto e médio padrão, podem pagar apenas 10% do valor total durante o período de obras – aqui, é de em média 40% – e financiar o restante.
AECweb – A arquitetura chilena é semelhante à nossa?
Turchetti – Não, porque ela é determinada por dois fatores. O primeiro deles são os terremotos que, por legislação, impacta os sistemas construtivos, especialmente a exigência de paredes de concreto e fundações mais robustas. O outro aspecto é a necessidade de atender o conforto térmico diante das temperaturas bastante baixas no sul do país, onde iniciamos nossa operação. Isso fez com que tivéssemos que aprender e implementar soluções. Para além dessas preocupações, a Plaenge levou para lá a arquitetura brasileira, principalmente com fachadas mais bonitas e áreas comuns bem equipadas. Fomos pioneiros e, hoje, é mandatório no mercado.
AECweb – As obras da empresa utilizam produtos e mão de obra chilena ou levam daqui?
Turchetti – O Chile é um país predominantemente importador. Portanto, levamos para as obras materiais brasileiros. Já os projetos em boa parte são desenvolvidos aqui, mas também contratamos escritórios de lá. Para o primeiro empreendimento que estamos tocando em Santiago, por exemplo, o paisagismo é assinado por Benedito Abbud e o projeto de interiores pela Boher. Já o estrutural está nas mãos de um escritório chileno, por sua especialização nas exigências quanto a terremotos. Os gestores são brasileiros e chilenos e a mão de obra de produção é contratada localmente.
Em relação à economia brasileira, estamos confiantes no prosseguimento da queda dos juros, que deve chegar a 8,5 ou 9% ao ano, o que é muito bom para nosso mercado. Portanto, nossa expectativa é boaDaniel Turchetti
AECweb – Os consumidores têm perfil e desejos semelhantes nos dois países?
Turchetti – Há algumas diferenças. Essa questão da sofisticação das áreas comuns e de um produto de qualidade e bem-acabado é semelhante nos dois países. No Chile, o comprador tem uma preocupação e até mesmo conhecimento da parte técnica do conforto térmico muito maior do que o brasileiro. Aqui ainda é incipiente. Uma curiosidade: os chilenos têm um olhar muito positivo para os produtos brasileiros. Daí que nossos empreendimentos adotam nomes que remetem ao Brasil, como Ipanema, Brasília e Cuiabá, entre outros.
AECweb – Qual dos dois mercados é mais promissor?
Turchetti – Cada mercado tem características diferentes. Nossa operação no Chile representa entre 10 e 15% de nossa atuação no Brasil. A taxa de juros lá de 8,5% pode ser baixa para os brasileiros, mas para eles é muito alta, com algum impacto no mercado imobiliário. Em relação à economia brasileira, estamos confiantes no prosseguimento da queda dos juros, que deve chegar a 8,5 ou 9% ao ano, o que é muito bom para nosso mercado. Portanto, nossa expectativa é boa. Tanto que os 28 empreendimento de que falei vão sair do papel, estão na esteira de produção para lançamento.
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Colaboração técnica
- Daniel Turchetti – É Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Paraná – UFPR, com MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. Há 12 anos na Plaege, atuou nas áreas de engenharia de obra, incorporação e gerência regional de Campinas. Atualmente, é gerente regional de Curitiba.