A área construída do Yachthouse by Pininfarina será de 142 mil m² (foto: divulgação)

Balneário Camboriú é local com forte apreço por empreendimentos de luxo e muito altos. Com um dos metros quadrados mais valorizados do Brasil, o município no litoral catarinense vem assistindo à construção de uma série de edifícios com mais de 240 metros de altura. Não à toa, a cidade já vem sendo apelidada de "Dubai brasileira".

É neste cenário que está sendo erguido o mais alto residencial da América Latina, o Yachthouse by Pininfarina. Ao todo serão duas torres gêmeas com 81 andares, 281 metros de altura e 264 apartamentos que somam uma área construída de 142 mil m².

Construído junto à Marina Tedesco, com vista para o mar e para a Mata Atlântica, o empreendimento de luxo tem design assinado pelo badalado estúdio italiano Pininfarina - o mesmo de marcas como Ferrari, Maserati e Rolls Royce, com inspiração na vida náutica.

FUNDAÇÕES E ESTRUTURA

Diante das dimensões do projeto, os construtores optaram pelo uso intensivo de concreto. Ao todo foram aplicados cerca de 100 mil m³ do material, o que corresponde a 12.500 viagens de caminhões-betoneira. As várias fases de concretagem das torres consumiram 59 tipos de concreto.

Nas fundações, decidiu-se pela execução de um radier estaqueado, que consiste em um bloco de fundação de grandes dimensões apoiado sobre um berço formado por estacas tipo hélice contínua. A concretagem de um grande volume de concreto com até 50 MPA exigiu cuidados extraordinários para controle da temperatura. Foram utilizados cerca de 100 kg de gelo por m³ de concreto para resfriar a massa de concreto do radier, segundo informações da Pasqualotto & GT, responsável pelo empreendimento.

Na superestrutura, as torres utilizaram concreto protendido elaborado a partir de estudos detalhados de dosagem. Para viabilizar a concretagem em uma altitude tão alta, foram utilizados uma bomba de alta pressão e tubulações especiais com dois mastros de distribuição.

CONTRAVENTAMENTO CRÍTICO

Em edifícios altos, os deslocamentos laterais provocados pela ação dos ventos demandam atenção especial do projeto de estruturas. Entre as soluções disponíveis está a construção de um outrigger, dispositivo para absorver os efeitos dinâmicos que pode ser formado por uma treliça horizontal, por uma parede cortante ou por uma viga de grande altura.

No Yachthouse by Pininfarina cada torre recebeu dois pavimentos com lajes reforçadas localizadas nos pavimentos 30 e 53 de cada um dos prédios. Para preenchimento dessas lajes especiais, foram utilizados concretos fluidos e autoadensáveis, que permitiram o preenchimento de todos os espaços entre as armaduras, com altíssima concentração de ferragens.

O edifício contará com 264 apartamentos (foto: divulgação)

FACHADAS E ELEVADORES

Para viabilizar a execução das fachadas de vidro, a construtora optou pela instalação de uma central de montagem dentro do canteiro. “Essa opção não é comum na construção civil brasileira, mas se fez necessária devido à complexidade do sistema”, explica o engenheiro Davi Rotilli, da Pasqualotto & GT. Na central, o alumínio, o vidro e o alumínio composto (ACM), já cortados e usinados, passam por uma linha de produção que abrange a montagem dos painéis, colagem dos vidros e fixação do ACM. Ao todo serão utilizados mais de 32 mil m² de vidro e 830 toneladas de alumínio. “Uma vez prontos, os painéis com 3,24 m de altura são acoplados à estrutura do prédio através de ancoragens previamente fixadas”, acrescenta Rotilli. Para atestar o desempenho do sistema de fachadas do Yachthouse by Pininfarina foi construído um protótipo submetido a um simulador de pressão de vento e água.

MOVIMENTAÇÃO VERTICAL

De modo geral, outro ponto de alta criticidade em arranha-céus é a circulação vertical. No caso do empreendimento em Balneário Camboriú serão instalados 22 elevadores. Desse total, 10 equipamentos serão destinados para atendimento direto dos apartamentos e terão capacidade para até 14 pessoas, com um deslocamento de seis metros por segundo. Outros elevadores serão instalados para uso exclusivo dos usuários do heliponto, para acessar as garagens da marina e para servir a boate e o restaurante.

Davi Rotilli conta que a casa de máquinas conta com uma monovia (espécie de guincho) utilizada para o içamento dos motores que são muito pesados. “Este mesmo equipamento possibilitará manutenções e possíveis reparos futuros, com toda segurança necessária”, comenta o engenheiro.

Iniciada no final de 2012, a construção do Yachthouse by Pininfarina estavam em fase de acabamento, com 98% da estrutura concluída, em março de 2020.

Colaboração técnica

Davi Rotilli – Engenheiro Civil, mestrando em gestão da construção pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Atua na Pasqualotto & GT, acompanhando as obras do Yachthouse by Pininfarina.

Contraventamento e concretagem complexa marcam arranha-céu catarinense