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Cravação de estacas é etapa crítica na construção de usinas solares

Com instalação mecanizada, estacas de aço servem de suporte para os painéis fotovoltaicos. No projeto Apodi, no Ceará, foi usada uma cravadora autopropelida com martelo hidráulico

Publicado em: 26/06/2018

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket


As estacas são as resposáveis por suportar as placas fotovoltaicas (foto: divulgação / Vermeer)

Com investimentos cada vez mais consistentes e regulares, a construção de usinas de grande porte é determinante para que a energia fotovoltaica adquira mais importância na matriz energética brasileira. Entre os empreendimentos que prometem ampliar a geração de energia renovável no país está o projeto Apodi, desenvolvido pela norueguesa Statoil em joint-venture com a Scatec Solar no município de Quexeré, a 218 quilômetros de Fortaleza, no Ceará. Com capacidade para gerar 162 MW de energia – o suficiente para atender a 160 mil residências –, as obras do complexo estão em andamento, com previsão de entrega até o final de 2018. Em execução pela ENGM Energia, o projeto prevê a cravação de 36 mil estacas, a 1,60 m de profundidade, capazes de suportar as placas fotovoltaicas.

Geralmente, as usinas são construídas em, no máximo, um ano, e o prazo para a cravação das estacas não passa de 90 dias
Flávio Leite

ASPECTOS CONSTRUTIVOS

As obras civis para a construção de uma usina fotovoltaica de solo envolvem a realização de uma série de montagens eletromecânicas e elétricas. O início de tudo, porém, é a realização de um estudo aprofundado sobre as condições geológicas locais. Só a partir daí é possível determinar a profundidade e o método para a cravação dos perfis de aço que irão estruturar os painéis solares. As estacas precisam ser cravadas no solo sem que as condições do tempo (principalmente vento), o formato da estaca ou a composição do solo interfiram no potencial energético, gerando sombras ou outras barreiras.

De modo geral, solos arenosos apresentam baixa coesão e estabilidade para cravação de perfis metálicos, ao contrário dos solos mais argilosos. No caso cearense, as condições do terreno não eram das mais favoráveis. Paulo César Möller, diretor da ENGM, conta que havia trechos com rocha calcária que demandaram a mobilização de perfuratriz hidráulica para a realização de pré-furos.

CRAVAÇÃO DE ESTACAS

Uma particularidade da construção de usinas solares é a cravação de um amplo número de estacas, em distâncias e profundidades uniformes ao longo de todo o terreno. Outra característica muito comum a essas obras é o tempo de execução enxuto. “Geralmente, as usinas são construídas em, no máximo, um ano, e o prazo para a cravação das estacas não passa de 90 dias”, diz Flávio Leite, gerente geral da Vermeer.

Tais condições tornam fundamental a especificação e o uso corretos de um cravador de estacas que garanta alta produtividade, confiabilidade e robustez. “Para assegurar a precisão na instalação vertical das estacas, os cravadores devem ser dotados de recursos como autoprumo, laser ou GPS”, cita Leite.

Há máquinas mais pesadas, que são consequentemente mais lentas, e modelos mais leves e velozes. Em Apodi, o modelo mais pesado acabou se mostrando mais adequado por oferecer maior capacidade de pressão diante de um solo mais compactado
Paulo César Möller

Na hora de escolher e dimensionar esse tipo de equipamento, outros fatores a serem considerados são a ergonomia, a facilidade de operação, a manutenção simplificada, além do suporte e da reposição de peças por parte do fornecedor.

Em Apodi, visando a assegurar a produtividade necessária e racionalizar custos operacionais, foi utilizado um modelo autopropelido composto de martelo hidráulico com potência de 1.350 joules, capaz de instalar estacas de três tamanhos. Com eletrônica embarcada, o equipamento informa ao operador os dados em tempo real do ângulo e da altura das estacas à medida que elas vão sendo inseridas no solo.

Segundo Möller, a especificação da cravadora de estacas não pode deixar de levar em conta as condições do local da obra. “Há máquinas mais pesadas, que são consequentemente mais lentas, e modelos mais leves e velozes. Em Apodi, o modelo mais pesado acabou se mostrando mais adequado por oferecer maior capacidade de pressão diante de um solo mais compactado”, revela o diretor da ENGM.

AUMENTO DA ENERGIA LIMPA

A expectativa é de que a geração de energia elétrica fotovoltaica no Brasil alcance 7 mil MW até 2024, sem contar com a geração distribuída. Segundo o planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME), na próxima década, a potência instalada de energia proveniente do sol representará quase 4% da potência total brasileira. Atualmente, a fonte é responsável por apenas 0,02% da potência elétrica do país.

Colaboração técnica

Paulo César Möller – Diretor técnico e comercial da ENGM Energia
Flavio Leite – Gerente geral da Vermeer Brasil e presidente do Conselho Deliberativo da Abratt (Associação Brasileira de Tecnologia Não Destrutiva)