Cresce o uso de caixilhos de PVC em habitações e hotéis
Reflexo disso é o aumento de 20% na produção de perfis de PVC para esquadrias nos últimos 5 anos. Quantidade de importações já é maior do que a de exportações
Redação AECweb
Elas foram apresentadas ao mercado brasileiro de arquitetura, fechando amplos vãos de residências de alto padrão. Com o passar do tempo, as esquadrias de PVC ganharam espaço no setor hoteleiro. “Os hotéis tem optado pelos caixilhos de PVC por sua eficiência na isolação térmica e acústica, além da baixa manutenção requerida, facilidade de limpeza e conservação, e apelo estético. Nos hotéis o consumo de energia é um componente muito importante nos custos de operação e o PVC confere importante redução nesses custos. O conforto acústico é outro diferencial muito apreciado”, afirma Luciano Nunes, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Unidade de Vinílicos da Braskem. Esse avanço permitiu o crescimento da produção, nos último cinco anos, a taxas superiores a 20%, de acordo com Marino Kobayashi, consultor de esquadrias de PVC. “A participação no mercado nacional de esquadrias é de cerca de 2,5%, o equivalente a 2,7 mil ton/ano”, estima ele.
“As importações superam as exportações de perfis de PVC para esquadrias. O Brasil vende apenas para países vizinhos, enquanto as importações da China predominam, embora também haja importações da Europa e Argentina”, revela Nunes. Internamente, a produção tem escala suficiente para atender outros segmentos de obras. “As janelas com persianas de enrolar integradas vem sendo cada vez mais utilizadas em prédios habitacionais, inclusive no segmento de médio-baixo padrão”, diz Kobayashi, acrescentando que os fabricantes desenvolvem produtos também para o segmento de moradias populares, com qualidade e preços compatíveis. “A médio-longo prazo estará competitivo para atuar em obras de interesse social”, antecipa Nunes.
Especificação
Segundo o consultor, os caixilhos de PVC têm aplicação ideal em vãos de grandes dimensões, de ambientes que pedem alto desempenho termoacústico. E, também, nas edificações litorâneas, onde sua resistência á maresia é comprovadamente superior . Luciano Nunes complementa, dizendo que “o elevado isolamento térmico e acústico é conferido, não apenas pelo material dos perfis, mas também pela construção da esquadria que possui seus cantos soldados por temperatura, formando um monobloco”.
“Para bem especificar caixilhos de PVC, é preciso saber comparar produtos, e não se guiar apenas por preço. O que mais vemos no mercado é uma comparação de preços com produtos de qualidade totalmente diferente”, observa Kobayashi. Sua recomendação é cotejar porta e janela de PVC com produtos do mesmo padrão, em alumínio ou madeira. E verificar os diferenciais, os pontos positivos e negativos de cada um. “É importante ressaltar que o PVC cresceu primeiro nas obras residenciais, pois nela o cliente é o usuário que valoriza a facilidade de manutenção, o bom desempenho térmico e acústico, a segurança e facilidade de instalação”, diz. Os perfis permitem a fabricação de todas as tipologias de portas e janelas, inclusive, o de acabamento madeirado que, segundo o consultor, apresenta grandes vantagens em relação à própria madeira.
Qualidade
Por vários anos, os fabricantes de esquadrias de PVC se organizaram no Programa Setorial da Qualidade, no âmbito do PBQP-H. Porém, o programa se desfez. Luciano Nunes entende que os PSQ´s são fundamentais para produtos que têm consumidores difusos, ou seja, o consumidor e o fabricante não possuem relação e o consumidor não é um especialista. “As esquadrias de PVC são fornecidas sob encomenda e, inclusive, instaladas na obra. A discussão entre o fornecedor e o especificador, notadamente um arquiteto, é bastante técnica. Nesse caso, o PSQ não necessariamente se aplica. Espero que, no futuro, as esquadrias de PVC sejam vendidas em tipologias padronizadas e em larga escala nas lojas de materiais de construção. Nessa situação, teremos que criar um PSQ para proteger o consumidor difuso”, diz ele.
Desprovidos de uma organização setorial, os fornecedores norteiam a qualidade de seus caixilhos pelo atendimento às normas técnicas. “Ensaios de laboratório são realizados, quando exigidos, e sob condições negociadas entre as partes”, destaca Nunes. Apesar de sua produção ser regida pela NBR 10821, o setor do PVC não participa ativamente da sua revisão. “Para nós, qualquer revisão que eleve o patamar de desempenho exigido é positiva, pois as esquadrias de PVC possuem um desempenho compatível com as normas européias”, diz.
Segundo Kobyashi, a maioria dos arquitetos conhece as características superiores do PVC para esquadrias, assim como os grandes consumidores e o usuário final. E, mais ainda, as construtoras atentas às tecnologias de construção. “O fator preço é o que estava barrando o crescimento dos caixilhos de PVC”, comenta, e continua: “Entre os fatores que influenciam a conquista de maiores fatias do mercado estão as necessidades humanas de isolamento acústico; os preços da energia aumentando; os fabricantes de sistema de perfis e de ferragens desenvolvendo, dia a dia, produtos mais econômicos e mais adequados ao mercado brasileiro. Assim, o custo x benefício do PVC está se tornando mais interessante”.
Luciano Nunes acrescenta que “a disponibilidade das esquadrias de PVC é crescente e, por conseqüência, ficou mais fácil para o especificador e comprador ter acesso a um fornecedor. Isso por si só contribui no crescimento do PVC”. Ele diz, no entanto, que apesar do uso crescente por arquitetos e construtores, um número ainda maior desconheça os atributos do produto e o considerem caro. “Essa percepção está mudando, graças ao esforço de divulgação e promoção feito pelos fabricantes”, destaca.
Esquadrias de aço, fornecimento qualificado
O país consome 12 milhões de portas e janelas de aço anualmente, o que equivale a 50% do mercado nacional, se considerados todos os tipos de materiais. Dados da Afeaço – Associação Nacional dos Fabricantes de Esquadrias de Aço revelam que 90% da produção se destinam a construções habitacionais e, em sua maioria, para o segmento popular. “Independente de ser moradia popular, o setor trabalha para fornecer produtos em conformidade com as normas técnicas e de maior valor agregado”, afirma Catia Mac Cord Simões Coelho, superintendente do IBS - Instituto Brasileiro de Siderurgia e gerente nacional do PSQ - Programa Setorial da Qualidade de Portas e Janelas de Aço.
O setor foi um dos primeiros a aderir a PBQP-H, em 1998. Na prática, foi criado um ano antes, quando firmado o acordo setorial entre o IBS e a CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo. Com esse histórico e detentor de linhas produtos populares, é forte candidato a atender o programa Minha Casa, Minha Vida que deverá erguer um milhão de moradias. “Acreditamos que esse programa ajudará a reduzir o déficit habitacional do país, principalmente na faixa de renda de 0 a 3 salários mínimos, ou cerca de 91% do déficit. Entretanto, o governo não estabeleceu prazo, o que é negativo. O setor de esquadrias de aço tem um parque fabril com ociosidade de aproximadamente 40%, portanto, está preparado para atender o aumento da demanda”, comenta. Hoje, são 22 empresas participantes do PSQ, com sete certificadas e outras 15 em processo de qualificação pela ABNT – entidade de terceira parte. Considerando a produção total dessas empresas, representam cerca de 75% da produção nacional.
Salto qualitativo
O processo de adequação das indústrias aos critérios do programa exigiu grandes investimentos em máquinas, equipamentos, projeto e pessoal qualificado. “Porém, a adequação de cada empresa é feita de acordo com suas possibilidades e tempo de implantação do programa para a obtenção da certificação”, ressalta Catia Mac Cord. Ela lembra que a NBR 10821, a que as esquadrias de aço e de outros materiais estão submetidas, passa por revisão que visa sua modernização, excluindo itens passíveis de interpretações inadequadas que possam dar margem a erros na sua utilização pelos laboratórios de ensaios.
O esforço da indústria participante do PSQ levou à evolução técnica dos caixilhos de aço. Mas, nem sempre foi assim. A superintendente do IBS relata que, quando o programa foi iniciado, o setor de esquadrias de aço, salvo algumas empresas, vivia sua pior fase, produzindo esquadrias de baixa qualidade, sem qualquer tipo de proteção, utilizando matérias-primas de qualidade duvidosa, como sucata de sobras de capas de bobinas. “Com a participação do setor de esquadrias de aço no Programa Qualihab da CDHU, começa a ocorrer uma mudança nesse cenário. As empresas passam a investir em qualidade e na melhoria de seus processos para atender os requisitos estabelecidos pelo PSQ e obterem a sua qualificação. Podemos afirmar que o PSQ organizou o setor, fez com que cada fabricante de esquadria desenvolvesse seu projeto, seu processo produtivo, seu sistema de tratamento e pintura e, principalmente, conscientizou cada fabricante da importância de produzir com qualidade. O PSQ realmente criou um conceito de qualidade do setor. A certificação do produto, realizada por um organismo de terceira parte e acreditado pelo INMETRO, oferece um diferencial de qualidade e confiabilidade para o mercado consumidor das esquadrias de aço”, argumenta a gerente nacional do programa.
Ferramentas
Os ensaios realizados para avaliar o desempenho final das esquadrias, permitem saber em que estado se encontram os produtos, possibilitando ações corretivas já no processo de fabricação. Com o início da realização dos ensaios, exigidos para atender os requisitos do PSQ, os fabricantes passaram a conhecer com mais precisão, as reais condições de desempenho de suas esquadrias, num determinado projeto. Muitos ensaios foram realizados, ainda na etapa de desenvolvimento, até se obter a aprovação final dos produtos. “Portanto, podemos afirmar que os ensaios, em um programa de qualidade, são uma ferramenta importante para aferir a conformidade do produto com os padrões estabelecidos, além de criar uma consciência da importância para o fabricante de produzir sempre de acordo com os padrões estabelecidos”, comenta.
O consumidor, no entanto, ainda não consegue identificar produtos conformes e não-conformes, apesar de estar mais exigente. O Código do Defesa do Consumidor é um poderoso instrumento para tal, mas ainda precisa ser mais praticado. “A identificação da marca de conformidade nos produtos certificados cria, pelo menos, a possibilidade de o consumidor reconhecer um produto diferenciado, e assim, ter maior garantia que aquele produto foi fabricado em conformidade com as normas técnicas. Uma ação conjunta entre fabricantes e revendas seria muito importante para a evolução deste processo de conscientização do consumidor. Também entendemos ser necessária uma ação firme dos órgãos governamentais para a utilização somente de produtos que atendam as normas, nas obras que utilizem seus recursos, coibindo assim a prática da não-conformidade intencional de ambas as partes, fabricantes e compradores”, recomenda.
Colaboraram para esta matéria:
Marino Kobayashi - Engenheiro Químico, pós-graduado pela Fundação Getúlio Vargas, com 22 anos de experiência no mercado de materiais de construção civil. Atuou em empresas nacionais e multinacionais como ICI do Brasil; Replaex; Global Mobilinea; Alcan; Tecnosystem; Veka. Atua há cinco anos no mercado de sistema de perfis de PVC para esquadrias. Desde 2008, presta serviços de consultoria em esquadrias em PVC. Também desenvolve consultoria para empresas estrangeiras de estudo de mercado e viabilidade de negócios no Brasil.
Luciano Nunes - Engenheiro de Materiais pela UFSCar, pós-graduado em Administração pela FGV-SP e MBA pela FEA/USP. Gerente da Braskem, 24 anos de atuação no mercado de PVC em áreas como Assistência Técnica, Marketing, Inovação e Desenvolvimento de Mercado.
Catia Mac Cord Simões Coelho - Engenheira Metalúrgica pela UFRJ, pós-graduada em Economia. Iniciou sua experiência profissional na Tecnometal - Estudos e Projetos Industriais, em 1971. Entre 1978 e 1981, integrou a equipe do Conselho Interministerial de Preços, no cargo de Chefe da Divisão de Siderurgia e Metais Não Ferrosos. Retornou à iniciativa privada, na Associação das Siderúrgicas Privadas-ASP. Em 1993, passou a exercer a Secretaria de Mercado e Economia do Instituto Brasileiro de Siderurgia - IBS, onde, desde 2006 é superintendente, responsável pela estatística, estudos de mercado e econômico-financeiros, questões tributárias, e de segurança e saúde no trabalho. Desde maio de 2002 exerce, também, a gerência executiva do CBCA - Centro Brasileiro da Construção em Aço, com o objetivo de fomentar o uso do aço na construção, tendo o IBS como gestor.
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