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Critérios de desempenho influenciam especificação de kits de porta pronta

Produto deve ser escolhido com base no isolamento acústico, resistência à umidade e características compatíveis com a área em que será instalado

Publicado em: 23/11/2016

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Montagem em fábrica dos componentes dos kits portas prontas (dade72/ Shutterstock.com)

A norma de desempenho (NBR 15575:2013), publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), alterou o critério de especificação dos kits portas prontas. O engenheiro civil Roberto Pimentel Lopes, diretor técnico da Multidoor e coordenador da comissão de estudos da norma de portas de madeira relembra que, antes da norma de desempenho, a aquisição dos kits só se baseava no modelo construtivo de fabricação do material, como porta de colmeia, porta sólida, porta semissólida, porta sarrafeada, entre outros.

“Agora, o principal passo é seguir as especificações de projeto conforme a norma de desempenho, qualificando o fornecedor e seus produtos de acordo com os requisitos da norma de portas de madeira para edificações (NBR 15930:2011)”, destaca Lopes. A mudança garante maior isonomia entre os fornecedores no processo de compra e elimina a busca só por menores preços por parte dos especificadores.

Apesar do novo método, a cultura de especificação da porta por seu modelo construtivo de fabricação ainda prevalece. “Esse é o erro mais comum que ocorre hoje”, afirma Lopes. “Quando se especifica por desempenho, o que importa é alcançar determinados requisitos da norma, independentemente de como a porta foi construída”, reforça o coordenador da comissão de estudos da norma de portas de madeira.

ISOLAMENTO ACÚSTICO

O isolamento acústico entre a unidade habitacional e a área comum do empreendimento é uma das principais exigências da norma de desempenho. Além disso, de acordo com a parte 4 da NBR 15575 (requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas), o nível de ruído aceitável para portas internas é de até 30 dB.

O vão precisa ser 8 cm maior que a porta na largura e 5 cm maior que a porta na altura, considerando o piso acabado
Raíssa D’Agnoluzzo

A parte 3 da NBR 15930, ainda em fase de estudos, estabelece as classes de desempenho para isolamento acústico das portas de madeira. Para que a porta de entrada receba a classificação mínima de desempenho, ela deve isolar entre 21 e 24 dB. A classe mais avançada do regulamento prevê isolamento acima de 41 dB.

“Cabe ao projetista fazer a avaliação do ruído incidente no seu projeto para determinar a classe de desempenho necessária para a porta de madeira e garantir o isolamento exigido para o conforto acústico dos ambientes”, orienta Lopes. “Uma opção para maior isolamento acústico é a borracha amortecedora, que ajuda a vedar as frestas”, sugere a engenheira de produção Raíssa D’Agnoluzzo, gerente de qualidade da Concrem Wood.

ÁREA DE USO E VÃO

Outro erro comum que acontece na especificação dos kits portas prontas é não diferenciar os ambientes de aplicação do material, deixando de lado a necessidade de resistência à umidade que algumas áreas requerem. “Se for cozinha ou banheiro, precisa ser um kit resistente à umidade”, aponta D’Agnoluzzo.

De acordo com o Lopes, as classificações de uso das portas e suas respectivas siglas são: porta interna (PIM), porta de entrada (PEM), porta externa (PXM), porta interna resistente à umidade (PIM RU) e porta de entrada resistente à umidade (PEM RU).

Também é importante verificar o vão adequado, previsto na parte 2 da norma de portas de madeira (requisitos), atualmente em revisão. “O vão precisa ser 8 cm maior que a porta na largura e 5 cm maior que a porta na altura, considerando o piso acabado. A largura da parede também é importante para especificação da largura do marco”, conta D’Agnoluzzo. A falta de padronização dos vãos pode comprometer a instalação da porta.

VANTAGENS DOS KITS PORTAS PRONTAS

Os kits portas prontas são entregues na obra já preparados para a montagem. Ou seja, os batentes, folhas de portas, fechaduras, espaçadores plásticos e dobradiças são montados em fábrica. Dessa forma, eliminam-se etapas do processo de instalação, reduzindo o cronograma, a necessidade de mão de obra e a geração de resíduos no canteiro.

COMO PROTEGER OS KITS NA OBRA

Como regra geral, deve ser evitada a armazenagem [dos kits porta pronta] no canteiro de obras por período superior a 60 dias
Roberto Pimentel Lopes

Os kits portas prontas devem ser transportados e armazenados nas embalagens, protegidos contra as variações climáticas. “Por ser um material higroscópico, a madeira sofre variações dimensionais com a variação da temperatura e umidade, fato que exige um cuidado especial no planejamento e que ainda é pouco presente nas obras do Brasil”, ressalta Lopes.

Também é importante utilizar paletes na armazenagem para evitar o contato direto com o piso. “O produto não deve ser arrastado e nem sofrer impactos bruscos” adverte D’Agnoluzzo. “Como regra geral, deve ser evitada a armazenagem no canteiro de obras por período superior a 60 dias”, acrescenta Lopes.

A instalação do kit deve ser a última etapa da obra, para evitar danos ao material já acabado. “O serviço requer ferramentas corretas e, de preferência, mão de obra especializada” assinala D’Agnoluzzo.

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Colaboração técnica

Roberto Pimentel Lopes – Engenheiro civil, pesquisador, consultor, coordenador da comissão de estudos de norma de portas de madeira na ABNT CB31-CE12 e diretor técnico da Multidoor.
Raíssa D’Agnoluzzo – Engenheira de produção e gerente de qualidade da Concrem Wood.