Cuidado com equipamentos vai além da manutenção
Empresas ficam atentas para a boa operação e zelo dos responsáveis durante o trabalho
A boa conservação dos equipamentos é essencial em períodos de pouco trabalho. Embora proprietários saibam que deixa-los “azeitados” seja importante para o bom funcionamento, cuidados vão além da manutenção preventiva ou reajustes de alguns componentes. Eles incluem o zelo no dia a dia, a boa operação e o olhar atento dos responsáveis para as necessidades da máquina.
O diretor da Terramix Terraplenagem, Antônio Nunes Filho, conta que faz revisões dos equipamentos no período correto e manutenção preventiva com 200 horas de uso. “Ao completar 500 horas de trabalho, é feita uma checagem completa em ferramentas de penetração de solo, esteiras, filtros, óleo e no que mais for necessário”, explica.
“Quando máquinas completam 5 mil horas, parecem zeradas”, empolga-se Antônio, que faz parte de uma família com vocação para trabalhar com máquinas. Além de estar há 45 anos no setor da construção, seu genro é proprietário da Roma Terraplenagem e seu avô trabalhava com terraplanagem numa época em que máquinas não tinham os recursos de hoje.
“Era um desconforto terrível. Hoje as máquinas têm tudo e precisam ser bem cuidadas por quem opera e receber atenção constante dos proprietários ou responsáveis pela frota”, ressalta. O xodó com o equipamento é nítido: “Os operadores da Terramix engraxam a máquina em dias intercalados, sempre usam meias no trabalho e operam com joystick. São impecáveis e experientes no cuidado com a máquina, eu exijo isso”, confessa Antônio.
Na manutenção, o cuidado ambiental deve ser considerado
Além dessa atenção com o equipamento em si, é importante destacar o cuidado com o ambiente em que manutenções preventivas ou corretivas são realizadas, principalmente se elas são feitas no local da obra e em regiões de elevada preservação ambiental. Os controles são rígidos na obra Contorno de São Sebastião, por exemplo, realizada num local paradisíaco e de rica biodiversidade entre a Serra do Mar e a praia.
O engenheiro Euzair Rodrigues Siqueira, gerente industrial dos Lotes 3 e 4 da obra, explica que cuidados são permanentes. “Todos os equipamentos da Queiroz Galvão seguem planos de manutenção preventiva com inspeções periódicas para evitar excesso de fuligem gerado pelos motores diesel, vazamentos de óleo e graxa”, informa. “Utilizamos também detergentes biodegradáveis durante a lavagem de equipamentos entre outras ações, visando sempre reduzir impacto ambiental”, acrescenta.
Treinamento de operadores
Para o gerente industrial da Fertilizantes Heringer, José Paulo Pereira, o treinamento evita a má operação do equipamento, bem como uma eventual quebra ou desgaste. “Com manutenção preventiva, nos adiantamos aos problemas e evitamos paradas de máquina, deterioração de peças ou gasto excessivo de combustível”.
A companhia em 2014 entregou um volume de 5,5 milhões de toneladas de fertilizantes para mais de 46 mil clientes, o que corresponde a 17% do mercado brasileiro. Atualmente, 90% da frota da Heringer é composta por máquinas Case e a empresa utiliza o serviço Case Care para manutenção preventiva e treinar mão de obra.
As máquinas movimentam em média 300 toneladas de fertilizantes a cada turno de sete a oito horas e, na avaliação da Heringer, cuidar bem da máquina de construção traz outro retorno importante, além da produtividade: a garantia do valor de revenda do produto.
Máquinas usadas e sem manutenção não competem
A idade média do parque brasileiro de máquinas é de 17 anos, avaliada em 1,3 trilhões de reais, sendo que 30% dos equipamentos têm 20 anos de uso, segundo Carlos Pastorizza, presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos). Esse montante não diz respeito apenas aos equipamentos de construção, nele estão incluídas todas as máquinas utilizadas nos setores da cadeia produtiva.
“Isso significa quase um sucateamento de equipamentos, o que prejudica a produção e representa um atraso tecnológico para manter o Brasil na rota do desenvolvimento”, alerta Pastorizza. “Para se ter ideia, o parque fabril alemão tem sete anos, o que explica o avanço operacional e competitivo desse país”, compara.
Colaboraram para esta matéria
Antônio Nunes Filho – Diretor da Terramix Terraplenagem
Carlos Pastorizza – Presidente da Abimaq
Euzair Rodrigues Siqueira – Gerente industrial da obra Contorno de São Sebastião
José Paulo Pereira – Gerente industrial da Fertilizantes Heringer