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Decoração do hall de entrada pode valorizar edifícios comerciais e residenciais

Regra básica da especificação dos materiais é adotar os mais nobres, resistentes ao alto tráfego e de fácil manutenção

Publicado em: 19/05/2014Atualizado em: 30/10/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Hall de comércio e residências

O hall de edifício corporativo que recebe um bom projeto de interiores colabora para a valorização do empreendimento, o que se reflete nos preços de venda e locação dos pavimentos. A opinião é compartilhada pelo arquiteto Jayme Bernardo, de Curitiba, e a designer de interiores paulistana Camilla Matarazzo. “Fiz o projeto de interiores do hall de um prédio comercial e, depois de um tempo, o proprietário veio me contar que estava alugando os andares por preço 30% além do previsto, porque o hall valorizou o edifício”, relata Camila.

Contemporâneo ou clássico, minimalista e prático, ou rico em detalhes, o conceito do projeto de interiores, segundo os profissionais, segue a arquitetura do edifício, seja ele corporativo ou residencial. “Eu gosto de imprimir detalhes contemporâneos a um projeto mais clássico”, diz Bernardo. Porém, antes de qualquer definição é preciso conhecer os limites impostos pelo orçamento. Isto explica porque muitos edifícios do final da década de 1990 e início dos anos 2000 apresentam um hall suntuoso de piso de granito, balcão de madeira e ponto final. “Com certeza, existiu um projeto de mobiliário, mas o dinheiro acabou antes”, comenta.

Fiz o projeto de interiores do hall de um prédio comercial e, depois de um tempo, o proprietário veio me contar que estava alugando os andares por preço 30% além do previsto, porque o hall valorizou o edifício

Há alguns anos, o mercado adota o conceito norte-americano, em que o empreendedor trabalha com orçamentos e projetos completos, sabendo o que vai gastar em todas as fases até o projeto de interiores das áreas comuns do edifício, que é contratado logo no início, junto com os demais. Mas, quando isto não ocorre, um caminho apontado por Jayme Bernardo é especificar os materiais por custo, deixando margem maior para ampliar a abrangência do projeto. “Por exemplo: podemos substituir o uso de granito no piso por material resistente a alto tráfego, porém mais econômico, e ter verba para uma obra de arte forte que poderá ter um impacto visual maior no conjunto. É preciso buscar o equilíbrio”, recomenda.

MATERIAIS

Halls decorados nas garagens começam a ser tratados como hall de passagem, uma área decorada e agradável. Porém, não dispensam o projeto do hall principal do edifício

Regra básica da especificação dos materiais é adotar aqueles mais nobres, resistentes ao alto tráfego e de fácil manutenção. Bernardo lembra que, no Brasil, não há a cultura de usar o mármore no piso que se desgasta com o tempo, mas revestimentos com muito brilho, liso, polido. “Lá fora, principalmente na Itália, o mármore é amplamente utilizado porque esse desgaste da pedra tem valor estético. Aqui, evitamos e partimos para o granito e para os porcelanatos”, diz ele, acrescentando que é fundamental o arquiteto conhecer os materiais e suas propriedades.

Em seus projetos, o único material que Camilla Matarazzo jamais emprega é aquele que imita outro. “Gosto de madeira, mármore, porcelanatos que lembram o concreto e o granito, mas tem que estar sempre misturado com outro elemento. Nos sofás, couro ou sintético, com grande resistência e de fácil limpeza”, afirma. Para ela, a Iluminação valoriza ou destrói o projeto. As escolhas e formas de uso são variadas: geral ou indireta, em vários planos, no teto, parede e piso, arandelas e lustres, e ainda o LED.

AMBIENTES

Os profissionais identificam a tendência, hoje, de incorporação de cafeterias no térreo dos edifícios corporativos. “O que reflete a necessidade de segurança dos ocupantes do prédio que têm, no térreo, uma opção para um café e, até mesmo, um momento de lazer. Mas isto não substitui um ambiente de espera bem projetado no hall”, ressalta Bernardo. Já para Camilla, as cafeterias funcionam como um atrativo nos edifícios comerciais, porque os condôminos podem reduzir a sua área de espera, otimizando o espaço dos andares. “E ainda entram novos recursos para o condomínio”, sugere.

Outra novidade é a criação de hall decorado nas garagens dos edifícios comerciais ou residenciais de alto padrão, para o conforto dos condôminos que sobem direto para os andares. “Esses ambientes começam a ser tratados como hall de passagem, uma área decorada e agradável. Porém, não dispensam o projeto do hall principal do edifício”, afirma o arquiteto.

QUANTO MAIS TARDE, PIOR

Segundo Camilla Matarazzo, há hoje um grande número de imóveis antigos renovando sua recepção. “Uma entrada bem cuidada, seja de prédio comercial ou residencial, revela a tendência de valorização do modo de vida de seus ocupantes”, diz. Projetar a decoração para um edifício já pronto, novo ou não, é considerado por ambos um sério problema para o arquiteto de interiores. “Quando o construtor lembra de chamar o decorador, o piso já está revestido, e não se pode mexer. O problema é que o piso geralmente ‘amarra’ o projeto de interiores, engessando novas ideias”, comenta ela.

Jayme Bernardo já não atende mais condomínios depois de o prédio pronto, diante da pesada interferência dos condôminos quanto ao investimento pretendido e gostos pessoais. “A grande preocupação do arquiteto de interiores são as áreas de circulação, tanto nos projetos de edifícios comerciais quanto residenciais. É muito ruim quando assumo o design do hall de um edifício pronto, porque vai ter que quebrar parede ou ter a surpresa de uma coluna em área de trânsito de pessoas. O ideal, portanto, é que o arquiteto que assina o projeto arquitetônico seja também responsável pelo interior”, propõe.

Colaboraram para esta matéria

Jayme Bernardo
Jayme Bernardo – Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná, o arquiteto destaca-se pelo traço contemporâneo e mantém escritórios em Curitiba e em São Paulo. Há 30 anos se dedica a projetos residenciais e comerciais de alto padrão. Em 2011 passou a desenvolver uma linha de mobiliário com a assinatura Jayme Bernardo Design, com repercussão nacional ganhando o prêmio Idea Brasil 2012, inaugurando em dezembro de 2013 no Museu Oscar Niemayer a exposição de design do arquiteto, chamada Jayme Bernardo Design. Sua trajetória inclui trabalhos nas áreas de hotelaria, restaurantes e casas noturnas, além de projetos no exterior, como apartamentos nos Estados Unidos (Nova York, Paris e Miami) e Centro Cultural Agostinho Netto, em Angola.
Camilla Matarazzo
Camilla Matarazzo – Formada em História e Crítica de Arte (1973) pela Faculdade Ibero-americana e especializada em interior designer. Participou das exposições: Casa Cor de 1994 a 2002 e 2011; CAD - Casa Arte Design (2007 e 2008); Equipotel; e Projeto Casa da Criança (2002 e 2003). É titular do escritório que leva seu nome, há 18 anos no mercado, diferenciando-se pelo trabalho personalizado em projetos comerciais e residenciais. Com um portfólio extenso, assina projetos que se destacaram no cenário paulistano nos últimos anos, sendo considerado um dos mais respeitados escritórios da área, graças ao talento e ao profissionalismo com que atua.