Construção civil x dengue | Quais cuidados nos canteiros de obras?
Neste início de 2024, a dengue já é considerada epidêmica em vários estados brasileiros. Todo esforço deve ser empregado na eliminação de focos do vírus na construção civil. Confira recomendações
(Foto: IMRON HAMSYAH/Adobe Stock)
A construção civil e os canteiros de obras são altamente propícios ao acúmulo de água e, portanto, à disseminação da dengue. Barrar o avanço da doença depende principalmente de ações de controle dos focos. Atento ao problema de saúde pública, o Seconci-SP (Serviço Social da Construção) vem oferecendo palestras com objetivo de conscientizar as equipes quanto à gravidade da situação e os cuidados na prevenção.
As principais recomendações para evitar a propagação da dengue nos canteiros de obra da construção civil são:
- Prevenir permanentemente o acúmulo de água, pois os ovos da fêmea do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue, se desenvolvem em recipientes de todos os tamanhos, desde reservatórios até baldes e tampinhas de garrafas.
- Prestar atenção a locais como bolsões formados por lonas, carrinhos de mão, betoneiras, lajes e fossos de elevadores.
- Verificar todos os locais da obra, principalmente as áreas onde os trabalhadores já não estão mais mexendo todos os dias.
- Manter recipientes sempre limpos e tampados, uma vez que os ovos depositados poderão se manter vivos por mais de um ano, esperando pela água para se desenvolverem.
- Instituir uma rotina de rondas diárias de inspeção e abordar a prevenção nos Diálogos Diários de Segurança.
- Ficar atento a possíveis criadouros no entorno da obra, como em terrenos baldios e residências desocupadas, e acionar a prefeitura para que entre em contato com o responsável pelo local.
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Cuidados contra dengue na construção civil
Com mais de 4 mil unidades em construção distribuídas por 16 canteiros simultaneamente em sete cidades do interior de São Paulo, o Grupo ADN investe na redução dos riscos e na proteção dos funcionários. O engenheiro Diego Piva, gerente-executivo de Excelência Operacional, identifica como pontos mais críticos da obra que tendem a acumular água as áreas como valas de drenagem, recipientes de embalagens, como latas e baldes, e até mesmo equipamentos e materiais estocados da obra. Ele cita, ainda, eventuais locais com vazamentos de água, caixas d´água destampadas e áreas de descarte de resíduos, entre outros.
“Lidar com a contenção da transmissão da dengue no dia a dia requer uma abordagem abrangente e proativa. Em nosso cotidiano, adotamos uma série de medidas preventivas para minimizar o risco de proliferação do mosquito transmissor. Isso inclui ações como eliminar possíveis criadouros de mosquitos, promover a conscientização entre os colaboradores sobre as medidas preventivas, como o uso de repelentes e roupas adequadas, e manter a limpeza e higiene em todas as áreas de trabalho”, explica.
É preciso, segundo ele, que exista no canteiro de obras uma cultura de responsabilidade compartilhada em relação à identificação e prevenção de possíveis focos. Isso envolve diversos profissionais, com destaque para a equipe de limpeza, mestre de obras, engenharia, técnico de segurança do trabalho e até mesmo os estagiários.
“Embora todos os membros da equipe tenham um papel a desempenhar nesse aspecto, esses são os grupos que estão mais diretamente envolvidos na supervisão e implementação das medidas preventivas”, relata Piva.
Ele assegura que existe uma forte cultura dentro da equipe de limpeza em relação aos cuidados com a água estagnada. “Nossa equipe compreende a importância de evitar a criação de ambientes propícios para a proliferação de mosquitos transmissores da dengue. Todos os membros da equipe estão comprometidos em realizar suas tarefas de limpeza de forma diligente, especialmente quando se trata de áreas onde a água pode acumular e se tornar um potencial foco de reprodução de mosquitos”, diz.
Semanalmente, a empresa realiza orientações por meio do DSS (Diálogo Semanal de Segurança), destacando a importância da precaução em relação aos possíveis pontos de foco de dengue, discutindo as consequências que podem surgir e fornecendo orientações sobre como evitá-las. “Incentivamos ativamente os colaboradores a levarem esses cuidados e precauções para casa, garantindo a segurança não apenas no ambiente de trabalho, mas também em suas residências”, relata Piva.
Dengue, sintomas e tratamento
O Seconci-SP lembra que o vírus da dengue é transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti e tem como principais sintomas: febre alta, dor de cabeça, nas articulações e atrás dos olhos, náuseas, tontura, cansaço extremo, manchas pelo corpo e perda de apetite e paladar.
Não há apenas uma forma da doença, mas quatro variações do vírus. A pessoa que foi infectada ficará imune apenas àquele tipo da doença, portanto, poderá contrair até quatro vezes a dengue. Os sintomas são iguais, exceto o do vírus tipo 4, hemorrágico e mais grave, podendo levar a óbito.
“Os primeiros sinais costumam aparecer de dois a nove dias após o contágio, que é o período de incubação da doença. Já a detecção da dengue ocorre por meio de exame de sangue, realizado preferencialmente a partir do sexto dia de contaminação, quando os resultados são mais conclusivos”, informa a entidade.
Como não há cura para a dengue, o tratamento se baseia na atenuação dos sintomas e na hidratação do paciente. Um alerta importante do Seconci-SP é: “não devem ser usados medicamentos à base de ácido acetil salicílico e anti-inflamatórios, como aspirina e ibuprofeno, pois podem aumentar o risco de hemorragias”.
Colaboração técnica
- Diego Piva – É formado em Engenharia Civil e de Segurança pelo Centro Universitário Central Paulista e pós-graduado em Gestão Estratégica de Pessoas – Desenvolvimento Humano de Gestores pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com mais de 16 anos dedicados à segurança do trabalho, atualmente também liderando a área de qualidade, tecnologia, processos e projetos, desempenha a função de gerente-executivo de Excelência Operacional no Grupo ADN.