Diálogo Diário de Segurança é estratégico para prevenção de acidentes
Simples de ser implementada, ferramenta ajuda a disseminar conhecimento sobre saúde e segurança. Saiba mais:
As conversas reúnem todo o pessoal da obra (Foto: Sallehudin Ahmad/Shutterstock)
O Diálogo Diário de Segurança (DDS) consiste em uma rotina de conversas rápidas com todo o pessoal da obra focada na prevenção de acidentes de trabalho. Realizados antes do início das atividades, o DDS também é uma oportunidade para olhar cada trabalhador nos olhos e verificar se ele realmente está apto para desempenhar suas funções naquele dia.
O importante é que haja uma periodicidade regular e que o diálogo seja realmente assertivoJosé Bassili
Com duração de 5 a 15 minutos, as reuniões geralmente são diárias. Há construtoras, contudo, que preferem realizar esse encontro semanal ou quinzenalmente. “O importante é que haja uma periodicidade regular e que o diálogo seja realmente assertivo”, comenta o engenheiro José Bassili, gerente de segurança ocupacional do Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo (Seconci-SP).
Ele explica que todos ganham quando os DDS são bem aplicados. As empresas tendem a minimizar afastamentos, gastos com indenização, desperdícios de materiais, multas e embargos. Há, também, impacto positivo na imagem da construtora, que passa a ser reconhecida como uma empresa que cuida de seus colaboradores. Os trabalhadores, por sua vez, ao terem maior consciência sobre os riscos envolvidos nas atividades, podem atuar preventivamente para evitar danos à sua integridade física e à sua qualidade de vida.
“Na rotina das construtoras, o DDS é importantíssimo”, acrescenta Ricardo Nunes Castro, coordenador de Segurança do Trabalho na SKR. Segundo ele, além de ajudar no cuidado com os funcionários, o diálogo permite alinhar definições e dificuldades nos canteiros, aproximando as equipes e fortalecendo o senso de responsabilidade de todos.
COMO FAZER UM DDS EFETIVO?
Há um amplo leque de assuntos relacionados à segurança do trabalho que merecem ser tema de um diálogo de segurança. Por exemplo, a utilização adequada dos EPIs e dos EPCs (equipamentos de proteção individual e coletiva), as Normas Regulamentadoras e as práticas de segurança adotadas pela empresa.
Também não podem deixar de ser abordadas ações para evitar contaminações por Covid-19, o trabalho em altura, a prevenção de choques elétricos, a comunicação de anormalidades e não conformidades, bem como a limpeza e a organização do local de trabalho. O gerente do Seconci-SP cita, ainda, outros temas sensíveis com relação estreita com a saúde e bem-estar dos trabalhadores, como as doenças laborais e o consumo de drogas licitas e ilícitas.
Para gerar resultados positivos, o DDS deve ser rápido e objetivo, abordando temas específicos e pertinentes para as atividades que serão desenvolvidas. Por se tratar de uma ferramenta de segurança no trabalho, muitos pensam que ele deve ser conduzido apenas por um membro do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). “É verdade que o profissional de segurança do trabalho, por atuar nessa área, tem mais facilidade para abordar alguns temas. Mas, muitas vezes, encarregados, supervisores, engenheiros e outros líderes também estão aptos a aplicar o DDS”, comenta Bassili.
Durante o DDS é importante pedir a opinião dos trabalhadores, criar equipes solidárias, trazer experiências claras e bonificar boas açõesRicardo Castro
Para o engenheiro do Seconci-MG, o sucesso de um DDS passa, fundamentalmente, pelo uso de uma linguagem adequada ao público envolvido. Também é bastante salutar criar um ambiente onde os trabalhadores se sintam à vontade, assim como envolvê-los para compartilhar impressões e propor temas a serem tratados em encontros futuros. “Durante o DDS é importante pedir a opinião dos trabalhadores, criar equipes solidárias, trazer experiências claras e bonificar boas ações”, destaca Ricardo Castro. “O DDS não pode ser uma palestra. É necessário abordar temas reais e exemplos fáceis de visualizar, além de fazer apontamentos precisos”, adiciona Bassili.
Outra recomendação é manter uma rotina organizada, registrando todas as informações do DDS, como data, horário, tempo de duração, tema, lugar de encontro e lista de participantes.
A manutenção de índices baixos de acidentes no trabalho e de afastamentos é o principal indicador de que o diálogo de segurança está funcionando plenamente. “Mas o sucesso desta ferramenta pode ser observado, ainda, quando o clima organizacional é sadio e as equipes trabalham integradas e em harmonia”, conclui José Bassili.
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Colaboração técnica
- Ricardo Nunes Castro — Formado em Direito com especialização em Segurança do Trabalho e Meio Ambiente. É coordenador de Segurança do Trabalho na SKR desde 2010.
- José Bassili — Engenheiro civil pós-graduado em saúde ocupacional pela Universidade de Campinas (Unicamp). É gerente de segurança ocupacional do Seconci-SP (Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo).